terça-feira, 6 de julho de 2010

Quinta das Bágeiras Garrafeira Tinto 2004 | Lombinho de Porco em Molho de Leitão

Na sequência da inesquecível prova vertical de vinhos da Quinta das Bágeiras, confesso que tinha ficado com uma pulga atrás da orelha. Tinha provado o Garrafeira tinto 2004 (o último que o Mário Nuno mandou para o mercado, uns meses depois do 2005) entre as edições de 2003 e 2005 que já conhecia e não consegui perceber bem o vinho. Coisas de tirocinante... Para o tentar perceber melhor, decidi voltar a provar o vinho, mas agora em casa e com mais tempo. Reeditei um prato que tinha feito há algum tempo, um singelo lombinho de porco assado em molho de leitão, de que tinha dado nota aqui. O molho de leitão foi o que escorreu dos dois magníficos que o Ricardo do Restaurante Mugasa tinha preparado para o almoço da prova e que eu, com uma enorme e distinta lata, pedi para trazer (um bocadinho, pronto, meio litro...). Forno a 170º C, tabuleiro de alumínio, folha de alumínio, um lombinho regado com o molho, fecho o invólucro, meto o vinho no frigorífico e fui à minha vida. 

Passado uma hora, voltei à cozinha, abri o vinho, enfiei-o no decanter e guardei o decanter no frigorífico. Fui buscar umas batatas novas à despensa, lavei-as e deixei-as a cozer. Passado um bocado, depois das batatas estarem cozidas, retirei o lombinho do forno e servi. Com as batatas e o molho. E uma salada de alface (naturalmente, à parte e apenas com um toque de flor de sal e um fio de azeite).

O vinho é feito integralmente com uvas da casta Baga provenientes de vinhas com mais de 75 anos, situadas nos melhores terrenos de argila e calcário da Região (informação do contra-rótulo) e foram vindimadas em Setembro sem desengace. O vinho fermentou em pequenos lagares e estagiou em tonéis de madeira usada, tendo sido engarrafado sem filtração em Fevereiro de 2006. Teve cerca de quatro anos de estágio em garrafa antes de ser lançado para o Mercado. Quando saiu do frigorífico, estava a uns 16º C e saltou para o copo. Menos clássico da Bairrada que o 2003 e menos superlativo na elegância que o 2005, é um vinho que muito dificilmente causará indiferença. Neste momento vai muito bem com pratos fortes (como o que lhe calhou em sorte), mas não vira as costas a uns anos em cave (como todos). O mais recente trio de Garrafeira Tintos da Quinta das Bágeiras (2003/4/5) é um caso muito sério e a prova de que na Bairrada se fazem grandes, enormes vinhos. Foram feitas 10.223 garrafas a um preço a rondar os 20 € cada. Belo vinho.   


3 comentários:

  1. Ah! essa técnica do molho.... supimpa!

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  2. Um verdadeiro luxo ter esse molho de leitão à mão... nem sei como conseguiste usar tão pouquinho... acredito que ouviremos falar dele mais vezes.
    Qualquer dia recebes a condecoração da ordem dos grãos mestres dos assados.
    Beijocas.

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  3. Simples e perfeita...
    Foi a ideia com que fiquei desta confecção culinária, acompanhada por esse vinho.

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