segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pequenos Rebentos 2012




Pequenos Rebentos é o nome que o Eng. Márcio Lopes dá aos seus vinhos. Nesta colheita de 2012 fez vinte mil garrafas do Alvarinho e Trajadura e cinco mil do Alvarinho. O Alvarinho edição limitada não teve edição nesta colheita de 2012.

O Alvarinho e Trajadura 2012 escolha tem um PVP recomendado de quatro euros e é um vinho muito fresco e agradável de beber, quer a solo, quer a acompanhar saladas ou pratos de marisco sem grandes temperos ou ainda peixes bem grelhados. Tem um lado vegetal e algo austero que juntamente com a belíssima acidez e alguma mineralidade, me agradaram particularmente.

Já o Alvarinho extreme tem mais estrutura e mais corpo, mas é igualmente fresco e com uma boa acidez. Bom também para beber a solo, já dá luta a pratos mais elaborados como uma bacalhauzada no forno. O PVP recomendado é de oito euros, mais do que justo, face à qualidade do vinho.


Em síntese, são dois belos vinhos, com boa relação qualidade/preço e que vão sendo, ano após ano, apostas mais que seguras. Estive a provar os vinhos enquanto ia comendo uns bolinhos de bacalhau :)

(vinhos oferecidos pelo produtor)

domingo, 29 de setembro de 2013

Terra a Terra Douro Reserva Branco 2011



Depois do tinto de 2010 que referi no post anterior, apresento o branco de 2011. É feito com uvas das castas gouveio, rabigato e viosinho vinificadas separadamente em inox e madeira usada e com três meses de bâtonnage. Foi engarrafado em abril do ano passado (quatro mil garrafas) e tem um PVP recomendado de oito euros.

Fino e elegante, tem uma excelente aptidão gastronómica. Notas de frutos brancos (melão) e algum tropical (maracujá) compõem um belo ramo de aromas que se aliam a uma acidez granítica (termo do contra rotulo, mais que apropriado) e a um longo final. Um belo branco do Douro que recomendo vivamente. Já agora remeto para este post do João Pedro Carvalho acerca destes Terra a Terra e que me parece merecedor de ser recordado :)


O vinho esteve muito bem a acompanhar umas sardinhas no forno, feitas assim:

Sardinhas frescas, amanhadas, escamadas e decapitadas. Salpiquei-as com um pouco de sal grosso e deixei-as uma hora a descansar. Cortei uma cebola em meias luas bem fininhas, um tomate coração de boi em rodelas bem finas e um pimento vermelho em finas tiras. Estas finuras todas foram para permitir que os vegetais assassem ao mesmo tempo que as sardinhas. Cobri o fundo dum tabuleiro com os vegetais, juntei ainda uns dentes de alho esmagado e picado, as sardinhas e meti umas tiras de cebola e de pimento a cobrir as sardinhas. Reguei com um fio de azeite e levei ao forno pré aquecido a 180º C durante vinte minutos. Acompanhei com batatas cozidas.

(vinho oferecido pelo produtor) 

Terra a Terra Douro Reserva Tinto 2010

Celso Pereira, o enólogo de alguns dos mais distintos espumantes portugueses (Vértice - Caves Transmontanas) juntou-se ao enólogo Jorge Alves no projecto Quanta Terra e rapidamente criaram um vinho duriense de referencia (chamado exactamente Quanta Terra e já referido aqui). Em 2005 lançaram o Terra a Terra Reserva (branco e tinto) e desde então estes vinhos são escolhas obrigatórias no patamar de preços abaixo dos dez euros (o PVP recomendado é de oito euros).   


Este 2010 reserva é feito com 10% de touriga nacional e o restante em partes iguais de touriga franca e tinta roriz. Estagia doze meses em barricas usadas. Muito bem feito e fácil de beber e dá muito prazer à mesa. Gostei muito do trabalho com a madeira, presente mas sem marcar o vinho. Boas notas de frutos negros bem maduros e bosque, bem estruturado e algo guloso (sem comprometer). Pede apenas algum cuidado na temperatura de serviço (tem 14,5º de álcool), bons copos e boa comida para brilhar. Acompanhei-o com um simples cozido e ligaram muito bem. Está numa boa altura para ser provado, mas é sempre aconselhável guardar umas garrafitas para ir bebendo durante uns anos. 


(vinho enviado pelo produtor)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Roupa sem Idade de Bacalhau

Nesta trilogia número cento e cinquenta e um, propus à Ana e ao Luís a milionésima segunda receita feita com o chamado fiel amigo, o bacalhau.  


 
Na verdade, o bacalhau salgado e seco, depois de devidamente demolhado, como gostamos dele em terras lusitanas, presta-se a múltiplas preparações, talvez às mil e uma publicadas e a outras quantas divididas entre variações pessoais, delírios de chefs e adaptações mais ou menos inteligentes, mais ou menos trapalhonas, mais ou menos inspiradas e por aí adiante.
 
A que escolhi até podia ser apelidada de milésima terceira, já que é uma variação duma preparação que apresentei aqui sobre a chamada roupa velha, o maldito prato com que muitas pessoas levam na ressaca do jantar da véspera do natal.
 
A base foi o chamado bacalhau cozido com todos, aqui só com batatas e couves (com uns ovinhos a acolitar). Depois de tudo cozido no ponto, limpei o bacalhau de peles e espinhas, lasquei-o e reservei. Parti as batatas e as couves em pedaços mais pequenos e envolvi tudo, juntamente com uns dentes de alho picados e uma boa quantidade de bom azeite. Deitei a mistura num tabuleiro e levei ao forno pré-aquecido a 100º C durante um quarto de hora. Retirei do forno, voltei a envolver e juntei os ovos descascados e cortados em quartos e umas azeitonas pretas descaroçadas a dar o toque final. Ficou uma meta roupa velha, de sabor ainda mais delicado do que a que linquei acima.
 
Supimpa :)  
 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Trilogia 150 - Açores e o Lajido 2001




Nesta trilogia número 150 fui virtualmente aos Açores com a Ana e o Luís. A Ana recriou uma das mais emblemáticas preparações do arquipélago, a alcatra e o Luís foi ao licor de leite. Eu fico-me por um vinho que qualquer enófilo que se preze terá que provar, nem que seja uma vez. Refiro-me ao Lajido, um vinho licoroso da ilha do Pico. Seco, seco, seco é excelente como aperitivo, assim, sem mais nada, apenas fresco e servido num bom copo (o do Arq. Álvaro Siza para vinho do porto é adequado). Também se pode voltar a ele no fim da refeição, a acompanhar sobremesas pouco doces. Não é barato (€15,50 na Garrafeira Nacional) mas é um daqueles vinhos que nunca se esquecem :)

sábado, 14 de setembro de 2013

Arroz de Peito de Peru e Feijão Verde



 
Um arroz simples, muito simples. Azeite no fundo do tacho, uma cebola picada, uns dentes de alho esmagados e picados, pimentas a gosto, um pouco de açafrão, umas rodelas de chouriço e peito de peru cortado fino. Lume brando até a cebola ficar translucida, vai-se mexendo sempre, junta-se feijão verde cortado em troços pequenos e um tomate (de preferência coração) cortado em cubos. Envolve-se tudo e deixa-se uns minutos até o tomate amolecer. Junta-se vinho branco e deixa-se estufar em lume brando até o peru estar macio (cerca de meia hora). Junta-se então o arroz (carolino) e água a ferver a gosto (o dobro para ter arroz seco ou o quadruplo para ficar malandrinho). Envolve-se e deixa-se doze a quinze minutos até o arroz estar no ponto.
 

Trilogias 136/147 - Sobremesa Rápida/Cantina

A dez de novembro de 2010 iniciei uma empolgante aventura com a Ana Gomes e com o Luís Pontes, autores dos blogues Cozinha com a Anna e Outras Comidas. São três cozinhas muito diferentes. A Ana num registo mais pragmático, o Luís num registo muito sério e que devia/deve ser seguido por qualquer aspirante a cozinheiro e eu, a querer simplificar ao mesmo tempo que procuro vinhos adequados às comidas que proponho. Estamos nisto a poucos dias das 150 semanas, o que significa que temos quase 450 preparações publicadas. Já vi livros feitos com muito menos.
O tema da trilogia 136 era sobremesa rápida e o tema da 147, proposto pelo Luís era cantina e que foi mal entendido por mim e pela Ana e transformado em fast food.
Para a sobremesa rápida, proponho uma salada de poucos frutos. Maçã e citrinos, laranja ou tangerina, açúcar a gosto e vinho branco. Faz-se num instante, mas precisa de tempo para apurar. Depois é juntar iogurte e desfrutar.


Esta preparação também evoca recordações da cantina das belas artes, agora Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Era a melhor cantina da Universidade e um dos extras dos almoços eram as tacinhas de salada de fruta. Comprava-se um iogurte à parte, misturava-se e tinha-se uma bela sobremesa. Recriei-a aqui com o iogurte grego natural da Danone :)

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Trilogia 149, a da Galinha

Esta semana foi a vez da Ana sugerir o tema da trilogia a mim e ao Luís: galinha. E se quando penso em galinha, penso logo nos longos tempos de cozedura e nos exageros de partes gordas, também penso na concentração de sabores que a deixam a anos luz dos bons frangos de capoeira, para não falar dos comerciais, sejam do campo ou do aviário. E uma das melhores formas de tratar uma galinha é mesmo fazer uma canja, como esta de que falei aqui, ou um untuoso arroz de forno de fazer inveja aos de pato que apresentei aqui. Para esta trilogia resolvi fazer um ensaio a partir do tradicional frango de caril, aqui num longo estufado e com acompanhamento a fugir ao ubíquo arroz branco.
 
Tinha arranjado uma galinha que teria pouco mais de um ano. Carcaça, miúdos, ovos e asas foram para uma canja, coxas e sobrecoxas para um estufado e o peito (limpo de pele e osso) ficou reservado à espera desta oportunidade. Comecei por fatiar o peito em peças de pouco mais de um centímetro, piquei uma cebola e deitei a cebola e o peito da galinha num tacho de fundo grosso, juntamente com azeite a cobrir o fundo do tacho. Lume esperto e colher de pau a envolver tudo durante uns cinco minutos. Juntei uma malagueta seca, dois dentes de alho esmagados e picados e duas colheres de sobremesa de pó de caril Rajah, porreiro e do qual já tinha dado nota aqui e polpa de tomate (a gosto). Voltei a envolver, cobri com vinho branco, baixei o lume e deixei a estufar durante quase duas horas, até a galinha estar macia. Tirei a tampa ao tacho e subi um pouco o lume para engrossar o molho. 

 
Servi com batata, cenoura e couve branca cozidas.