Como tinha referido uns posts atrás, o Pingo Doce tem uma selecção mensal de vinhos, na modalidade leve 6, pague 5. Da selecção deste mês, retive uma das escolhas do Eng. Jaime Quendera, o Palmela Reserva PD 2008. O rótulo é feio como os trovões, o que não ajudará nada nas vendas, mas o conteúdo da garrafa é muito respeitável. Trata-se de um vinho do próprio Jaime Quendera, feito na Casa Ermelinda de Freitas a partir de uvas de Castelão. Pouco carregado na cor, bem balanceado entre a fruta e a madeira (usada?), com os 14º de álcool bem integrados (desde que não se beba o vinho a 25º C) com um corpo muito razoável e um bom final, é um daqueles vinhos que não tem defeitos e até podia não ter virtudes. Mas tem. É um muito honesto e expressivo exemplar da casta e é muito bem feito (para o preço). Claro que ao preço a que é vendido (€ 2,49 - comprando uma caixa de 6 sai a € 2,08 cada garrafa) é mesmo para comprar às caixas, já que não se prevê que "azede" nos próximos 3 a 4 anos, dada a longevidade do Castelão e a quantidade (e qualidade) de vinhas de Castelão da Casa Ermelinda de Freitas, que seguramente permitem que mesmo num vinho de entrada se disponham de excelentes uvas.
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Na selecção do mês anterior, o Eng. Anselmo Mendes tinha proposto o Douro Reserva PD 2008, da sua Autoria. Feito na propriedade de José Carlos Calheiros Cruz (em Canelas, Peso da Régua) com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz, tem uns muito respeitáveis 14,5º de álcool, boa fruta e tudo o que demais de espera de um vinho, no sítio. É indubitavelmente um vinho feito para agradar (o vinho, não o rótulo, que também é feio como os trovões) sem contudo chegar a encantar. Por € 3,49 não se espera mais, mas por mim, preferia pagar mais € 0,50 e comprar o Vale da Raposa, também do Eng. Anselmo Mendes, mas feito na Quinta do Vale da Raposa, de Domingos Alves de Sousa e que é um exclusivo Pingo Doce. Esse, na versão de 2007 era um vinho-bomba, para o preço (embora custasse € 4,49), mas o 2008 é um vinho seguro e bem feito. Mas este do Pingo Doce até poderá ser mais agradável para muita gente, pelo que se recomenda.
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Estes vinhos foram calmamente provados a acompanhar uma massada de entrecosto da qual passo a descrever o modo de confecção:
Comprei entrecosto no talho (do Pingo Doce, do mesmo terroir dos vinhos) e pedi para o cortarem em "cubos" (na verdade cortaram, mas com a faca, o que deixou o entrecosto cheio de esquírolas de osso, mas lá não há serra electrica, por isso é mesmo assim: chegar a casa e limpar as esquírolas). Muni-me do meu fiel tacho silampos (24cm de diametro) em aço inox com fundo triplo (corpo em aço inox, camada "térmica" de cerca de 7 mm em alumínio e fundo em aço inox) e deitei para lá cerca de 75 gramas de banha de porco. Quando a banha aqueceu, meti o entrecosto e deixei alourar por todos os lados. Juntei umas rodelas de chouriço, uma cebola picada e dois dentes de alho igualmente picados e deixei a refogar em lume esperto. Depois juntei dois tomates maduros cortados em cubos (com pele e sementes) e continuei a deixar refogar. Adicionei cenoura em rodelas, feijão verde cortado, um big copo de vinho branco (a cobrir a carne), dois cravinhos, uma colher de chá de cominhos moídos e deixei estufar em lume brando cerca de quarenta e cinco minutos.
Ao fim desse tempo, o entrecosto já estava macio, como também o estavam as cenouras e o feijão verde (realço aqui que o feijão verde quando cozido, ganha muito em ficar crocante; já estufado, é muito bom bem passado, desde que não se desfaça) e era hora de juntar a massa. Macarrão, sim senhor, que às outras massas falta estrutura para serem aquecidas e este é um prato que sobra sempre. Deixei levantar fervura de novo (aqui é conveniente ver se tem liquído suficiente para cozer a massa. Se não tiver, é acrescentar água) e cozer uns dez minutos. Desliguei o lume, deixei harmonizar sabores e servi.