segunda-feira, 21 de maio de 2018

Lisboa 2017 by Hugo Mendes




Passou um ano desde que provei o Lisboa 2016, como relatei aqui e chegou a hora de provar o 2017. A primeira impressão, corroborada pela segunda e terceira é a seguinte: um vinho do caraças...
Não tem a finura e a elegância do 2016 nem pede para se esperar uns anos por ele, embora lhe reconheça grande potencial de evolução em garrafa. Mais aberto no nariz, cítrico e fresco, mas com uma bela estrutura. Passado algum tempo, começam a aparecer as notas de tosta do estágio parcial em barrica (para quem tiver pressa, decante o vinho para ele se mostrar). É bem capaz de se tornar um dos brancos mais desejados para o verão que veremos se aparece, pelo menos para quem quer vinhos diferentes e com assinatura. O inquieto Hugo brindou-nos com um globetrotter, desafiante e excelente companheiro à mesa. Belo vinho...

Regueiro, Bágeiras e Vértice num Almoço




Quatro vinhos brancos e três produtores, daqueles que fazem vinhos mesmo sérios...

Começa-se com um Foral de Melgaço Alvarinho 2006. Com quase dezasseis anos em cima, o que perdeu em frescura, ganhou em complexidade. Um vinho de luxo, feito pelo Paulo Cerdeira Rodrigues na Quinta do Regueiro, foi servido a acompanhar uma bola de carne de entrada e cumpriu muito bem.
Depois, com uma feijoada de samos e línguas de bacalhau, dois Garrafeiras das Bágeiras. O 2011, que para mim estava de sonho, com aquele toque rústico e um final sem tempo, a brilhar e o 2012 mais ao gosto dos presentes, estiveram em grande nível. O 2012 até pode dar um grande gozo a beber, mas aquele 2011... É fabuloso! Grandes vinhos da Bairrada, feitos pelo Mário Sérgio Alves Nuno.
Para acabar, um Vértice Millésime de 2011. Feito pelo Celso Pereira, levou com 93 pontos Parker na Wine Advocate de agosto de 2016. É um grande espumante do Douro e será o vinho mais fácil de encontrar deste grupo...

domingo, 20 de maio de 2018

Uma dúzia de Brancos para o Verão


Há uma coisa que me faz alguma confusão e que tem a ver com a falta de oferta de vinhos bons e baratos nos super e hipermercados. Aliás, destes doze brancos, só o primeiro foi comprado no supermercado; todos os outros foram comprados em Garrafeiras, mas isso será tema para outra abordagem...
Escolhi vinhos com preços a rondar os cinco euros das colheitas disponíveis (entre 2015 e 2017) e fui provando calmamente, sem tirar notas (o que até é um exercício de memória interessante, já que alguns destes vinhos foram provados há mais de um mês). A ordem é arbitrária.



  • Prova Régia - É um clássico de Bucelas, um Arinto competente. Se o 2015 merecia que se guardasse algum tempo (agora deve estar em boa forma), o 2016 bebia-se bem em novo. Este 2017 está porreiro, mas espere-se um par de meses (ou não). Um valor mais que seguro, tendo em conta o preço (PVP recomendado de € 3,49);
  • Portal do Fidalgo - Um Alvarinho da PROVAM, fácil de beber e de gostar. Recomendo. Este 2016 está em boa forma;
  • Montes Ermos Reserva - Da Adega de Freixo de Espada à Cinta, é um branco que pede comida e que tem uma relação qualidade/preço excelente (custa menos de quatro euros). Também de 2016, experimente-se este vinho do Douro Superior com um mix de carnes na grelha;
  • Casa da Passarela, a Descoberta - O branco de 2016 de entrada de gama, feito pelo Paulo Nunes para beber sem complicações. Equilibrado, cai bem a solo ou com peixes e mariscos sem grandes pirotecnias culinárias. Um Dão bem fixe;
  • Quinta do Cardo Síria - A Beira interior começa a impor os seus vinhos e este 2016 é um bom exemplo disso. A Síria (o Roupeiro do Alentejo) dá-se bem em altitude e o vinho é fresco e com boa acidez. Tem boa aptidão gastronómica. Boa escolha;
  • Filipa Pato - Feito com Bical e Arinto na colheita de 2016, expressa o carácter dos brancos da Bairrada e fá-lo com elegância. Muito equilibrado, bebe-se bem, mas é capaz de estar melhor daqui a um par de anos. É comprar, beber e guardar;
  • Paulo Laureano - Um Antão Vaz de 2017 fresco e vibrante, uma bela surpresa.



  • Titular - Vinho de entrada da gama Caminhos cruzados, tem mão de Manuel Vieira. Sendo de 2015, está feito e no ponto para ser bebido. Porreiro para uma conversa ou para a mesa. Encruzado, Malvasia Fina e Bical a compor um vinho muito equilibrado;
  • Dão Niepoort Rótulo - Feito em 2015 com Borrado das Moscas (Bical), Rabo de Ovelha, Cercial e outras castas, é um vinho elegante e com tudo no sítio, que se bebe muito bem;
  • Maias - Este branco de 2016 do Luís Lourenço é outro vinho de entrada (tal como o Roques) que cativa pelo equilíbrio e pela boa relação qualidade/preço. Para beber descontraidamente;
  • Montes Ermos Códega do Larinho - Este Varietal de 2015, também da Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, no Douro Superior, é um vinho feito para a mesa, a pedir um bom peixe no forno. Muito porreiro;
  • Quinta de San Joanne Terroir Mineral - Este vinho do João Pedro Araújo merece que se esperem uns anos para o beber (uns dez...) para mostrar o que vale. Ainda assim, em novo, é muito bom e este 2016 está em grande forma. Feito perto de Amarante, é a prova de que os vinhos da região dos Vinhos Verdes podem aguentar anos em garrafa.