Uma prova vertical é uma prova em que se provam (passe o pleonasmo) vinhos da mesma marca, mas de anos diferentes. Quanto mais abrangente melhor, em especial quando se trata de vinhos com potencial de desenvolvimento em cave.
É difícil de fazer, a menos que se guardem os vinhos durante alguns anos, se tenham amigos que também tenham garrafas ou que o Produtor os disponibilize. Depois ainda temos que reunir um grupo de amigos que se queiram sentar para provar os vinhos e organizar a prova. Não é tão simples quanto parece.
Aqui falamos do Tinto da Talha Grande Escolha, o topo da gama da
Roquevale, feito pela Enóloga
Joana Roque do Vale, que teve a amabilidade de enviar as garrafas das colheitas de 2003 a 2010. O PVP recomendado ronda os oito euros e o vinho é feito com castas diferentes, consoante o ano.
Ainda sobre as provas verticais, surge sempre a questão de começar pelos vinhos mais antigos e avançar para edições recentes ou começar pelos mais recentes e ir para os mais antigos. Ambas as opções são válidas e dependem de múltiplos fatores, como o tipo de vinho, a expectável evolução em cave e mesmo as preferências pessoais.
Nesta prova em particular, preferimos começar pelo mais recente, o 2010, para lhe tomar o pulso e ir recuando até ao 2003 e devo dizer que foi uma decisão acertada (pelo menos para quem esteve na prova).
Parece-me pertinente referir que estes vinhos foram enviados a vários Bloggers em Dezembro do ano passado e se por um lado lamento não ter feito logo a prova, por outro não me pareceu mal ter esperado estes meses para ver que tal estavam estes vinhos passado quase um ano.
Começámos por abrir as garrafas, tarefa que ficou a cargo do Sérgio Lopes do
Blog Contra Rótulo (já agora deixo
aqui a apreciação que ele fez dos vinhos) e fazer uma prova rápida para avaliar da necessidade de decantação e ver das temperaturas de serviço. De seguida fomos provando e trocando notas, enquanto íamos jantando num ambiente informal.
Deixo uma breve descrição dos vinhos e pela primeira vez em alguns anos vou deixar a minha classificação pessoal (avaliação quantitativa), tendo em conta o preço:
2003 - Feito com Touriga Nacional e Aragonês, tem 14,5º de álcool e reflete o calor do ano. No entanto, evoluiu muito bem e depois de decantado e servido, foi abrindo e revelou-se um dos vinhos da noite. Treze anos após a colheita, está em muito boa forma. Nota pessoal: 17,0.
2004 - Feito com Syrah e Touriga Nacional. Muito equilibrado, estava a ser o meu vinho da noite, mas depois da refeição caiu um pouco, o que não me impediu de gostar muito. Nota pessoal: 17,0.
2006 - Syrah e Touriga Nacional e 13º de álcool. Reflete um ano difícil, é mais direto e está uns furos abaixo dos outros. Nota pessoal: 15,5.
2007 - Syrah e Alicante Bouschet com 13,5º de álcool. Muito equilibrado, fresco e fácil de beber, merece ainda um ou dois anos em garrafa para mostrar tudo o que vale. Nota pessoal: 16,5/17.
2008 - Feito com Aragonês e Alicante Bouschet, tem 14,5º de álcool. Leva algum tempo a abrir e está em bom nível, pronto a beber. Nota pessoal: 16,5.
2010 - É a edição que esta atualmente no mercado. Feito com Aragonês e Touriga Nacional, tem notas de fruta bem madura, algum floral e 14º de álcool que se notam, pelo que se deve ter algum cuidado com a temperatura de serviço. Merece alguma guarda para ver como evolui. Nota pessoal: 16,5.
Remeto ainda para este artigo, saído no
Fugas.
Para acompanhar os vinhos, para alem das entradas, provámos umas petingas frescas com arroz de legumes,
um frango chamado à passarinho e
um bife laminado com molho de alho.
E mais uns vinhos de entrada e saída a complementar esta prova...