terça-feira, 28 de julho de 2009

Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador 2008 e Açorda de Mariscos

Começo pelo Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador 2008. Lembro-me ainda da edição de 2004 (aqui) provado há dois anos. Na altura pareceu muito bem, um monstro elegante, guardado/reservado em casa durante quase dois anos... Quando vi o 2008 à venda, nem hesitei, limitei-me a comprar (lembro-me de ter provado o 2007 em Dezembro passado no Dão, Vinhos e Gourmet e achei que era um vinho muito especial) decidido a guardar o vinho uns tempos (meses, anos? God knows!!!) mas a gula falou mais alto e provei mesmo o vinho hoje...

Depois de ter provado recentemente alguns dos melhores brancos Portugueses de 2007 e 2008, era grande a expectativa em relação a este aristrocrático Vinho. Refrigerei a garrafa e decantei o vinho três horas antes de servir (claro que provei o vinho e ele afigurava-se fantástico, com uma elegância das notas da barrica fabulosa). Fiquei a pensar "no" wine-pairing aka comida...
Todo o vinho pedia um prato de peixe com alguma "sustância" (Bacalhau à Zé do Pipo, foi a primeira coisa que me veio à cabeça), mas decidi fazer uma elegante açorda de mariscos, com camarão, mexilhão e berbigão...

Para a Açorda, deixei pão a "demolhar" em água quente e apenas temperado com alho esmagado; num tacho, deitei azeite e levei ao lume. Juntei o pão e fui mexendo sempre; quando a Açorda estava "macia", juntei os mariscos e fui mexendo... antes de servir, deitei uma generosa porção de salsa picada.



Quanto ao Paço dos Cunhas de Santar...
É, sem dúvida um dos grandes brancos Portugueses. Neste momento está ainda um bebé, mas já mostra as garras. Exuberante de aromas, pleno na boca, com um profundo final, é mesmo um caso sério... Merece ser degustado daqui a meses, anos... Nota pessoal: 17,5.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Confit de Entrecosto de Porco Preto na sua Gordura e com as suas Migas na Casa de Santa Vitória com o Tourigo 2006

Um confitado de porco trás à memória as matanças do porco e aquelas panelas de ferro cheias do toucinho que dava a banha de porco, substituto do azeite numa zona onde este não era produzido... Com as migas evoca o Aentejo...

Cortei o entrecosto de porco preto em tiras para um tacho, juntei banha de porco preto (suficiente para cobrir a carne) e temperei apenas com sal; deixei em lume brando, sempre atento para não deixar pegar, até a gordura do entrecosto derreter e a carne alourar sem queimar. Levou cerca de hora e meia.

Noutro tacho deitei um pouco de gordura do confitado, alho esmagado e deixei o alho alourar sem queimar; retirei o alho e juntei pão demolhado em água. Fui mexendo sempre e juntando água até obter uma pasta homogénea e macia. Juntei um pouco de cominhos secos moídos para aromatizar as migas.



Servi com o Casa de Santa Vitória Touriga Nacional 2006. Feito na Casa de Santa Vitória situada a 25 km de Beja, com 90% de Touriga Nacional e 10% de Alicante Bouschet.

"É um vinho muito apelativo, com aromas intensos a fruta madura, notas de chá e algumas especiarias. Na boca apresenta-se equilibrado, taninos limados, com volume e corpo dentro de um perfil de vinho de novo mundo que por certo agradará a muitos consumidores." (apreciação RV).

Para o preço (cerca de € 15,00) era de esperar mais. Nota pessoal: 16.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Quiche de Salmão Fumado e Encruzado de Cabriz 2007

Uma singela quiche... Massa quebrada na "quicheira" e um "recheio" feito com salmão fumado, cebola picada, natas e ovos. Foi ao forno a 210º C durante 15 minutos e depois ficou mais 15 minutos a 130º C.




Para um Encruzado de Cabriz 2007; o 2008 foi recentemente provado e se da primeira vez pareceu algo fechado, da segunda apresentou-se melhor. Assim, a vontade de provar o 2007 era grande. Refrigerado e servido, apresentou-se fechado de aromas com notas de oxidação precoce, estranho... Foi decantado, o decanter lá rumou ao frigorífico para atingir de novo os 12º C e abrir o vinho. Passado meia hora parecia outro. Os aromas voltaram, o vinho apareceu todo ele íntegro, a mostrar que este vinho merece guarda e alguns cuidados de serviço. Nota pessoal: 16,5.

"A tosta da barrica nota-se ainda no aroma, mas sem perturbar a fruta, que surge elegante e fina, acompanhada de notas minerais. Cheio e sedoso na boca, lembrando geleia de frutas, ananás, forma um conjunto muito sofisticado, com uma perfeita acidez limonada a potenciar o fruto e a prolongar o final. Um Encruzado de primeiríssima linha, capaz de evoluir bem na garrafa." in RV.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Bacalhau Cozido com Marquês de Borba Reserva 2000
















Desde que saiu a Revista de Vinhos de Dezembro de 2008 que pensava em acompanhar um bacalhau cozido com um tinto. Não que fosse uma total novidade, mas porque venho relegando os tintos para “outros bacalhaus”.


Tenho por hábito dizer, por graça, que com bacalhau bebo tinto às Segundas, Quartas e Sextas e branco às Terças, Quintas e Sábados (ao Domingo, também. Faz-me lembrar a anedota das vacas brancas e vacas pretas), para significar que isso depende muito do modo como é preparado o bichinho.

Enquanto me preparava “psicologicamente” para a coisa, o tempo abriu, aqueceu (será que foi mesmo?), e veio o tempo dos brancos. Que bom tempo. Por esta altura, quem se habituou aos vinhos à temperatura certa (ou quase) tem uma certa dificuldade em enquadrar um tinto sem que isso seja muito bem programado (o tempo de refrescamento é maior – é preciso ter o armamento todo afinado) e a “onda” é outra.

Hoje o dia nasceu de cú para o ar, como todos os dias que nascem como o de hoje, seja qual for a época do ano. Invernoso, como Janeiro e Fevereiro não desdenhariam, e bastante mais frio.

Uma proposta de bacalhau cozido e... luz!!! Vai ser hoje! O “bacalau” vai ter a companhia de um tinto com uma idade de respeito, pelo menos para a grande maioria dos vinhos portugueses.

Coube-lhe como parceiro um belíssimo Marquês de Borba Reserva 2000.

A cor rubi intensa, sem qualquer sinal da idade, insinuava uma boa longevidade pela frente. No nariz, as notas de especiarias e uma leve, brevíssima e muito esporádica nota de pimento e algum cacau/chocolate. Sedoso, macio e muito elegante. Acidez como não é muito comum num vinho alentejano. Taninos de grande qualidade e final longo. Nota para quê? 17,5 a 18 valores (IMHO).

Parabéns ao João Portugal Ramos pelo extraordinário vinho que fez. Para mim, melhor que o Reserva de 1997 que provei há pouco mais de um ano.

Espumante Tinto Bruto Terras do Demo 2006

Um vinho espumante produzido pela Adega Cooperativa do Távora, na Região Távora - Varosa. Feito com Touriga Franca e espumantizado pelo método clássico, é um vinho retinto, relativamente pouco encorpado e com 12º de álcool. Custa cerca de € 8,00. Um espumante agradável e despretensioso, para acompanhar uns rojões à moda do Minho ou mesmo umas sardinhas na brasa. Nota pessoal: 15.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Folhados de Faisão sobre Escalfado de Grelos para Quinta de Foz de Arouce 1996

O faisão é uma das minhas "caças de pena" preferidas. Se selvagem, mortificado e bem preparado é uma delícia. Este foi mortificado, limpo e deixado a marinar em vinho tinto. Depois foi estufado, mais ou menos como relatei aqui. Depois de estufado, limpei a carne de peles e ossos, reservei parte do molho e fiz uns folhados (com massa folhada de compra, eu e as massas temos uma relação que ronda o surreal), levei ao forno pré-aquecido a 210º C durante 17 minutos e servi sobre grelos apenas escalfados e temperados com um pouco de azeite.




O faisão estufado estava uma delícia, por isso os folhados prometiam... Para mim, caça pede um tinto requintado e com alguns anos em cima... Abri um Quinta de Foz de Arouce de 1996, feito no terroir da Quinta, perto da Lousã, onde a casta Baga é tratada de uma forma assombrosa num sítio absolutamente improvável... (mais aqui)

Quinta dos Carvalhais Encruzado 2007



Um dos grandes "Vinhos Brancos do Dão"; o Carvalhais Encruzado foi conquistando o seu espaço e constituindo-se como uma referência quase incontornável no Dão. Nem sempre fácil de encontrar e com um preço a rondar os € 13,00 é o Encruzado "a abater". Nesta edição de 2007 o vinho aparece bem na cor e no nariz, cheio e profundo na boca e com um final médio. Para beber já ou guardar para daqui a um par de anos. Nota pessoal: 16,5.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Jardineira de Vitela com Quatro Castas do Esporão

Jardineira de vitela, vitela à jardineira é simples... muito simples...

Em primeiro lugar, escolher a carne: vitela macia da alcatra fica bem.

Cortar em cubos e selar a carne em banha de porco.
Num tacho, deitar azeite, alho esmagado e cebola cortada grosseiramente; deixar a cebola ficar transparente e juntar a carne. Juntar líquido para estufar - juntei cerveja branca e polpa de tomate - e deitar pimenta preta moída, pimentão doce e sal, bem como cenoura em rodelas grossas; passado uns dez minutos juntar as batatas e depois as ervilhas. Deixar estufar em lume muito brando.



Wine-pairing para um Quatro Castas Reserva de 2004, feito na Herdade do Esporão com Aragonez, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Trincadeira em partes iguais.

"De densa cor rubi, nariz subtil e elegância exemplar, sobressaem nesta arquitectura de aromas as violetas, ameixa preta e os frutos do bosque. Na boca é poderoso, muito concentrado e de enorme complexidade com sugestões a groselha, fruto macerado, cacau e notas balsâmicas. Os taninos de grande raça conferem-lhe a personalidade e envolvem-se harmoniosamente na fruta. É um vinho muito equilibrado de uma belíssima textura e com final longo e duradouro." (here)
Nota pessoal: 16.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lombos de Pescada by me e Allo 2008

Chamo a estes lombos de pescada, "by me", mas na verdade a base foi este post do Luís e algumas memórias, como os filetes de pescada da Casa Nanda ou o bacalhau frito que se comia há 30 anos na Gândara, passado por ovo ou ainda os berbigões da Ria de Aveiro.

Assim, pedi para me arranjarem uns lombos de pescada que temperei com flor de sal. Passei por farinha de trigo e depois por ovo batido e levei a fritar em óleo bem quente. Reservei sobre papel absorvente.
Para acompanhamento, um arroz de berbigões, seco...
Servi os lombos de pescada sobre alface temperada com flor de sal e um fio de azeite e cobertos com uma pasta de camarão cozido e maionese e o arroz sobre cama de ovo frito.



Este prato foi feito para o Allo Dócil aka Soalheiro. O Allo é um vinho branco da região dos vinhos verdes, resultado de uma parceria entre José António Cerdeira e Dirk van der Niepoort e feito com uvas das castas ALvarinho e LOureiro, que lhe dão o nome. Remeto para esta nota de Prova do Miguel Pereira. Nota pessoal: 16.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quinta do Infantado - 30 anos de Porto e uma Private Party.

A Quinta do Infantado aka Infantário nos Pinhões, como diz o João Roseira, comemorou 30 anos de engarrafamentos de Vinho do Porto, tendo-se tornado em 1979 no primeiro produtor engarrafador da História (do Vinho do Porto), quebrando o monopólio dos negociantes da Vila Nova, a da Gaia. A Quinta foi criada em 1816 para o Infante D. Pedro, o quarto em Tugal e primeiro no Brasil. Está na posse da Família Roseira desde 1904. Situada perto do Pinhão, em Covas do Douro privilegia, ao longo de três gerações, as antigas e tradicionais práticas enológicas cruzadas com a exploração sábia das condições edafoclimáticas aka terroir.





Para a private party, thanks johnny redrose for the invitation, uma bela prova de vinhos...

Do Infantado aka Casa/Quinta (Parabéns, Fatucha e João):

_Quinta do Infantado 2007, Douro tinto;
_Quinta do Infantado 2007, Douro Reserva tinto;
_Porto White;
_Porto Ruby;
_Porto Reserva Bio;
_Porto LBV 2004;
_Porto Tawny 10 anos;
_Porto Vintage 2007.

De António Portela:

_Domínio do Bibei;
_Quinta da Muradella;
_Lalama 2005;
_Gorvia 2005.

De Anselmo Mendes:

_Muros Antigos 2008;
_Muros de Melgaço 2007;
_Contacto 2008;
_Curtimenta 2007.

De Antony Terryn:

_Vouvray dulce del' 90;
_Syrah rodano del' 99.

Das Caves Transmontanas:

_Vértice Gouveio Espumante 2004;
_Vértice Douro Branco 2008 (amostra de casco).

Da Rita Marques:

_Conceito 2008, Douro Branco;
_Conceito 2007, Douro Tinto.

De Corevin:

_Óbvio 2007, Douro Tinto.

De Domingos Alves de Sousa:

_ Alves de Sousa Reserva Pessoal 2005 Tinto;
_Quinta da Gaivosa 2005 Tinto.

De Folias de Baco:

_Olho no Pé, Grande Reserva Branco 2008;
_Olho no Pé, Grande Reserva Pinot Noir 2007.

De Joana Roque do Vale:

_Tinto da Talha Grande Escolha 2004 (Magnum), Alentejo Tinto;
_Herdade da Capela 2005, Alentejo Tinto.

De João Malheiro Tavares de Pina:

_Terras de Tavares, Jaen 2007, Dão Tinto;
_Terras de Tavares Reserva 2005, Dão Tinto.

De Lavradores de Feitoria:

_Três Bagos, Sauvignon Blanc 2008, Douro Branco;
_Meruge 2005, Douro Tinto.

De Luís Soares Duarte:

_Perfil 2008, Douro Branco;
_Soares Duarte 2005, Douro Tinto.

De Quanta Terra, aka Celso Carvalho:

_Quanta Terra 2007, Douro Branco;
_Quanta Terra Colheita Seleccionada 2006, Douro Tinto.

De Mário Sérgio Alves Nuno, aka Quinta das Bágeiras:

_Quinta das Bágeiras Garrafeira 2007, Branco da Bairrada;
_Quinta das Bágeiras Garrafeira 2005, Tinto da Bairrada.

Da Quinta de Tourais:

_Quinta de Tourais 2006, Douro Tinto;
_Miura 2006, Douro Tinto.

_Da Quinta do Portal:

_Quinta do Portal Late Harvest 2007;
_Quinta do Portal Moscatel Reserva 2000.

Da Quinta do Tedo:

_Quinta do Tedo 2003, Douro Tinto;
_Quinta do Tedo Grande Reserva 2003, Douro Tinto.

Da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo:

_Graínha 2008, Douro Branco;
_Quinta Nova Reserva 2005 (magnum) Douro Tinto.








Depois da prova, o jantar:

_Requeijões, bôla de frango e pizza do Infantado com Vértice Reserva 2006 e Bágeiras Grande Reserva 2002;
_Garbanzo e allubias al mar, Pasta com tomate assado para Montevalle Rosé 2007, Quinta do Infantado 2007 e Quinta do Infantado Reserva 2003 (magnum);
_Pães Regionais, Queijos Tugas e vinagreta de frutas para Gouvyas Reserva 2005, Quinta do Infantado LBV 2004 e Quinta do Infantado Vintage 2000 (magnum);
_Laranjas do Infantado com gelado de noz, chocolate e porto, para Infantados Tawny, 10 e 20 anos...


Bela Party, belas provas e bela música... Thanks Johnny...

(acho que os para_males_ou_bens dispensas... o reserva 2007 está pujante, gostava de provar em double magnum daqui a uns anos)

mais aqui...

Comentários abertos...

sábado, 11 de julho de 2009

Caranguejo Real e Esporão Reserva 2008 Branco

As patas do caranguejo real vão aparecendo à venda no PD. Não é propriamente muito barato, mas atendendo a que a carne é excelente, às vezes vale a pena. Este foi preparado para um vinho que à partida liga muito bem com uma bacalhauzada no forno num almoço ou jantar ao ar livre e menos com o cangrejo.
Ainda assim, apenas queria provar o vinho...
Separei as partes maiores das patas e grelhei, com um fio de bom azeite e um pouco de flor de sal. Com as partes mais pequenas, desfiz e misturei batata cozida, ovo, cebola picada e um toque de noz moscada para fazer uns bolinhos de caranguejo real.



Este Esporão é curioso... há 10 anos, José António Salvador dizia do Reserva 2007 que era um branco quase tinto; o perfil manteve-se (?, nas castas - arinto, roupeiro e antão vaz) e foi sendo apurado... Surge gordo, floral, baunilhado, austero e cheio, sem se revelar tinto. É um branco a testar com uma bacalhauzada, sem dúvida. Nota pessoal: 16.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dona Berta Reserva Branco Rabigato Vinhas Velhas 2007

O Dona Berta Rabigato é um dos Grandes Brancos Portugueses. Feito pelo Eng. Hernâni Verdelho na Quinta do Carrenho, Freixo de Numão, perto de Vila Nova de Foz Côa, este varietal de Rabigato é produzido desde 2001 e tem vindo, ao longo das vindimas a afinar o estilo. É um vinho muito bem feito, extremamente elegante:

Apresenta uma cor citrina e um aspecto brilhante. O aroma é intenso, com notas florais, lembrando a madressilva e a laranjeira, próprias da casta cultivada em altitude. Na boca, surpreende pela notável acidez, contrabalançada pelo aroma rico e por uma estrutura marcante, que lhe conferem um final longo e atraente. (nota do produtor).

Nota pessoal:17.



Muito boa companhia para uns bolinhos feitos com red-fish e batata em puré com um toque de cebola e pimentos confitados, com pimenta branca e fritos em óleo.

Luís Pargo e Maria Gomes

Pargo no forno...
Um fundo de azeite no tabuleiro de barro, cebola e pimento vermelho em rodelas finas, alho esmagado; levo o tabuleiro ao forno a 130º C a confitar a cebola e o pimento. Cozo batatas novas com pele. Deito as batatas e o pargo no tabuleiro e asso o peixe (deixo ficar apenas o tempo indispensável para o peixe ficar cozido - sabendo que está cozido logo que deixa de estar cru - sem o deixar secar).



Com a companhia de um:

"Vinho espumante da casta Maria Gomes, plantada nos meus vinhedos e vindimada no final de Agosto de 2007. Criado para pessoas de espírito jovem de qualquer idade. Excelente em convívios, namoro ou como aperitivo. Acompanha marisco e peixes grelhados. Embora de safra única, não ostenta data de colheita, para cumprimento do normativo legal" (informação do contra rótulo).

Este espumante do Eng. Luís Pato é um dos meus espumantes preferidos; em edições anteriores tinha cerca de 13º de álcool. Nesta de 2007 fica-se pelos 12º, sem perder a compostura e elegância que o caracterizam. Fresco e equilibrado, a um preço muito interessante (este estava em promoção a € 3,99) é um espumante para beber despreocupadamente. Nota pessoal: 15.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

The Dark Side of the Loon

Tenho para mim uma máxima interessante e que aplico de vez em quando: As pessoas inteligentes discutem ideias, as medianas discutem factos e as outras falam da vida das outras.
Com a vulgarização da internet assiste-se a uma partilha de informação quase em tempo real que nos permite ter acesso a um número infinito de ideias, conhecimentos e de factos.
Mais, a internet permite que criemos pequenas “second lives” onde nos movemos e cujas regras podem ser criadas e recriadas por nós, como é o caso dos Blogues.
Assim, e no contexto da máxima referida, com a internet as pessoas inteligentes continuam a discutir ideias com a vantagem de as poder partilhar com muito mais pessoas, as pessoas médias podem discutir muitos mais factos porque vão buscar muito mais informação e as outras continuam a falar da vida das outras… E aqui é que se geram as confusões.

Falando dos blogues de cozinha…
Temos os blogues feitos por profissionais ou amadores esclarecidos que gostam de cozinha e gostam de partilhar as suas experiências “tout court”, sem trazer mal algum ao mundo. Temos também os blogues “certinhos” – celulazinhas cinzentas, sempre atentas – que num modo de “autoplay” vão ajudando as pessoas a fazer o jantar. Por fim, os outros blogues, essa imensa maioria que apenas não move um qualquer mundo porque ainda não encontrou nesse mundo um fulcro para pousar a alavanca. Esses blogues não partilham ideias (aparecem despidos desse atributo) nem ajudam a fazer um qualquer jantar (pelo contrário, ajudam e muito a perder o apetite). Apresentam jantares… e almoços… e pequenos-almoços… e lanches… e idas à casa de banho… e o furúnculo que se tirou ontem porque estava a incomodar, para não falar da festa da comunhão da criancinha ou da flor que nasceu no jardim ou ainda do robot que vai passar a fazer o jantar.
Estes blogues e o seu conteúdo não são mais que o produto de uma qualquer conversa de um grupo alargado de pessoas ociosas que até se formatam para socializar virtualmente e reproduzir “ad nauseum” o que as mães guardavam num caderno de apontamentos e num livro de cozinha.
Basicamente plasmam o que Pierre Boulle escreve no seu “O planeta dos macacos”:

“O que caracteriza uma civilização? É o génio excepcional? Não; é a vida de todos os dias… (…) Mas tendo sido escrito um livro original – nunca há mais de um ou dois por século – os macacos imitam-no, isto é, recopiam-no, de maneira que são publicadas centenas de milhares de obras tratando exactamente dos mesmos assuntos, com títulos um pouco diferentes e combinações de frases modificadas.”

O que há anos não passava de uma tímida conversa à mesa que acabava com uma troca de receitas para fazer “aquela” sobremesa ou aquele saboroso assado transformou-se, pela blogosfera, num desfile pornográfico de sopinhas, sobremesazinhas, bolinhos e coisinhas, com a assistência a clamar por uma fatiazinha ou por um bocadinho, apesar de não ser sequer hora do almoço e depois a balança reclamar, ao ponto de inviabilizar o uso de biquíni nos próximos cinco anos, mesmo que se ande a água o resto do ano.

E uma página é mesmo o limite que se pode escrever sem correr o risco do resto do texto se perder com a abertura de uma nova janela… Onde se fala de bolos feitos com coca cola, mas parece que com isostar é melhor, mas eu fiz com sumol porque a fanta me faz gases e não tinha frissumo na despensa, mas tirava uma fatia e levava a outra para casa para dar ao papagaio.

Viva a blogosfera… E já agora, a patetice.

E porque este me parece um tema interessante, abro os comentários...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Bolo de Chocolate aka Sava e Niepoort Porto Branco

Um bolo de chocolate feito a partir deste, postado pela Isabel, mas muito alterado (eu não consigo mesmo seguir receitas).

Fiz assim:

Juntei 150 g de açúcar e 150 g de manteiga (à temperatura ambiente) e fiz um creme; fui juntando, um a um, seis ovos e batendo bem. Depois incorporei cerca de 100 g de cacau em pó e 100 g de farinha de trigo; mexi com a colher de pau e levei em forma untada ao forno a 170º C. Cozeu em cerca de 20 minutos.

Retirei o bolo do forno, deixei arrefecer, desenformei e cortei a meio. Recheei com chocolate preto dissolvido em natas. Fiz ainda uma calda de açúcar amarelo com redução de Vinho do Porto Branco e deitei por cima do bolo.

Cobri com um creme feito com chocolate, leite, natas e ovos (quase como uma mousse, mas mais denso).



O bolo ficou muito diferente do "Sava"; pouco doce, mas uma bomba de chocolate...




Ficou muito bem na companhia de Vinho do Porto Branco, do Dirk Niepoort. Um Porto honesto, não aspira a grandes voos, mas muito agradável de beber. Nota pessoal: 15,5.



O bolo foi para comemorar o "ataque" do meu pré-clássico ao meio milhão de quilómetros (passou os 320.000, ou 200.000 milhas)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Porco em Vinho Tinto para Quinta das Bágeiras Espumante Tinto 2004

Não há muita oferta de Espumantes Tintos por cá. E porquê? Porque aparentemente não há procura (ou pelo menos, há pouca procura). Assim, num panorama onde a oferta é relativamente escassa (e nem se percebe bem, porque há inúmeros pratos que vão muito bem com um espumante tinto, desde o leitão à moda da Bairrada, as sardinhas na brasa, alguns pratos da gastronomia do Minho, como os rojões ou a lampreia ou mesmo pratos do Sul como uns pézinhos de porco de coentrada). Ainda assim o Mário Nuno, da Quinta das Bágeiras, engarrafou 14.368 garrafas do seu Espumante Tinto Bruto de 2004.

Para acompanhar este espumante, fiz um estufado de porco em vinho tinto:

Num tacho, deitei banha de porco em lume brando; juntei sal, alho, louro, cravinho e partes do porco (barriga e perna) cortadas em cubos. Deixei apurar a carne a baixa temperatura e juntei vinho tinto; deixei estufar em lume brando e quando a carne estava macia, juntei massa al dente. Esperei pela harmonização dos sabores e servi.



O espumante, feito apenas com Baga (a casta rainha dos tintos da Bairrada) aparece com aromas de lagar e madeira usada (dos tonéis onde o vinho estagiou). Com uma bela cor violácea, não mostra sinais de evolução; na boca surge algo amorfo, apesar da qualidade das bolhinhas e da frescura. Com apenas 12,5º de álcool é um baga apenas honesto, que melhorou com a espumantização. Se o vinho de base fosse melhor podiamos ter um grande espumante tinto. Mas não há procura... Nota pessoal: 15.

domingo, 5 de julho de 2009

Arroz de Mariscos para Altas Quintas Crescendo Branco 2007

Primeiro, arroz de mariscos... porque detesto o termo "arroz de marisco" aplicado a todos os arrozes que levam mariscos (e delícias do mar, blarghhh). Este foi feito com ameijoas, mexilhões e camarão, apenas.



Para um Altas Quintas Crescendo Branco de 2007. É um vinho que já tinha provado algumas vezes, mas que aparece algo prejudicado na relação qualidade/preço. Contudo, a necessária rotação de stocks permitiu que o preço baixasse para os € 5,99 (contra os € 7,89 que custa normalmente) na prateleira de um supermercado. É um vinho interessante, um alentejano feito a 600m de altitude, fresco, com muitas notas de fruta, simples, mas bem feito. Nota pessoal: 15,3. E venha a edição de 2008.

sábado, 4 de julho de 2009

Polvo no Forno para Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2004

O vinho branco Garrafeira da Quinta das Bágeiras é incontornável no universo dos vinhos brancos Portugueses. Aqui no blog, já apareceram as edições de 2001 e 2005.

Um dos melhores acompanhamentos que conheço para este vinho é um Polvo à Lagareiro.



Este foi cozido e levado ao forno num tabuleiro com azeite e alho esmagado, com batatas e feijão verde, com apenas um toque de pimenta preta.



Quanto ao vinho, depois de quatro anos na garrafa e de um estágio em madeira usada (o famoso Tonel 23, referenciado aqui), apresentou-se muito limpo, com um belo tom amarelo médio (gostei - tom definido por Aníbal Coutinho no seu guia de vinhos de 2007), muito bem marcado pela madeira e com uma excelente acidez. Cheio na boca, os 13º de álcool passam despercebidos. Tem um final longo e complexo. Claramente um branco de guarda que só agora se começa a mostrar. Nota pessoal: 17,5.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um Entrecosto de Porco Preto em Reserva na Fraga da Galhofa de 2005

O título do post quase que cheira a repost...

Na verdade, depois de ter provado o Fraga da Galhofa 2006 (nem precisa de link, é o post anterior), tive curiosidade em provar o Fraga da Galhofa Reserva 2005.

Para esse vinho, construí um entrecosto de porco preto no forno. Barrei a peça do entrecosto com alho, azeite, pimenta preta esmagada e vinagre balsâmico. Levei ao forno pré-aquecido a 150º C e deixei alourar/assar/cozinhar (o entrecosto de porco preto tem muita gordura) na companhia de um pouco de vinho branco. Convém ir vigiando o forno, Just In Case).

Para acompanhamento, limitei-me a fazer uns feijões vermelhos já cozidos, que levei ao tacho depois de ter adicionado um pouco do molho do entrecosto e cravinhos.

Quanto ao prato, devo dizer que o entrecosto de porco preto, apesar da gordura é muito saboroso, feito assim; o feijão ficou num belo ponto de cozedura, untuoso e "cravinhoso".



O Fraga da Galhofa Reserva 2005 apresentou-se bem educado no nariz, mais complexo que o colheita 2006. Na boca, a "escorregar", muito fino, mas a não denunciar os 13,5º, graças ao equilíbrio geral deste vinho. Gostei, é um vinho interessante, bem feito. Nota pessoal: 15,8.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um Lombo de Porco na Fraga da Galhofa

O lombo de porco nem é das peças do bácoro que mais gosto. Ainda assim, lembro-me sempre daqueles lombos no forno que muitos restaurantes servem nos almoços de Domingo, feitos no forno e cheios de acompanhamentos...

Este lombo foi feito depois do meu amigo (e virtual contributer deste blog) Gus me ter sugerido que provasse o Fraga da Galhofa 2006 (que amavelmente me ofereceu).

Porquê a associação? Porque o Fraga da Galhofa é um vinho do Douro feito sem grandes pretensões e vendido a um preço muito cordato (presumo que pouco mais de € 3,00 a garrafa), o que o "atira" directamente para uma potencial escolha num almoço de Domingo, com a família.

Assim, num tacho, deitei cebola finamente fatiada, azeite e deixei em lume brando; juntei um pouco de pimento vermelho, sal, bacon em pedaços, pimenta em grão e deixei estufar. Juntei o lombo e fui virando até estar selado. Adicionei um pouco de vinho branco e deixei a cozer lentamente. Noutro tacho deitei batatas e couve branca a cozer. Quando a carne estava macia levei o conteudo do tacho a forno pré-aquecido a 210º C, para alourar o bacon e o lombo...




Quanto ao Fraga da Galhofa, é feito nas encostas da Ribeira Teja, Freguesia de Poço do Canto, na Meda, com Touriga Franca, Tinta Roriz e Bastardo. No nariz tem aromas de lagar e alguma fruta bem madura. Na boca é agradável, mantendo as notas de engaço e lagar; tem um final médio e apenas 12,5º. Um vinho muito bem feito, se se levar em linha de conta o preço. Não suscita grandes reflexões, mas também não deixa ninguêm indiferente. Nota pessoal: 15.