sábado, 6 de outubro de 2018

Pouca Roupa Branco 2017




Viosinho, Sauvignon Blanc e Verdelho. Simples, descomprometido, para beber sem pensar muito. Também há rosado e tinto. Custa quatro paus em qualquer supermercado e é fresco, não cansa e vai bem com pratos simples. É um de três dos brancos de base que João Portugal Ramos faz em Estremoz (os outros são o Lóios e o Marquês de Borba). Excelente RQP. Num almoço de amigos, porque não provar os três brancos? Enquanto se comem uns camarões e se grelha um robalo... Depois para o robalo, se o vinho tiver acabado, um Vila Santa Reserva branco ou o novo Marquês de Borba Vinhas Velhas serão excelentes opções.

(vinho enviado pelo produtor)

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Quinta das Bágeiras Garrafeira Tinto 2005





Não há regiões assim, não há produtores assim e também não há vinhos assim...

Claro que o que disse acima é um disparate. Na Bairrada há Baga e há muita gente a fazer vinhos de excelência. Brancos e tintos.

O enfant terrible da Bairrada, aka Mário Sérgio Alves Nuno, faz brancos e espumantes de sonho e desde 1991 faz Garrafeira Tinto. Este 2005 em magnum foi dos melhores vinhos que já bebi. A Baga em grande forma, amparada pela Touriga Nacional deram forma e corpo a um vinho extraordinário, daqueles que eu gostava de ter mais. Para partilhar. Não se abre uma garrafa assim à toa; é preciso ter companhia à altura e boa comida na mesa. Denso, tenso e intenso, pede meças a vinhos muito mais caros, venham de onde se quiser. 

Uma pérola da Bairrada, uma homenagem à Baga e à TN e um dos melhores Garrafeira Tinto saído das Bágeiras. 1991 foi mítico, 1994 e 1995 deslumbraram e mostraram que nas Bágeiras não se fazem apenas grandes brancos e espumantes. Deixo aqui um relato dum almoço fantástico e uma prova que não se esquece...

Provas #16





Uma expressão que me irrita solenemente é a seguinte:
É verde ou maduro?

Sobre isso já muito se falou e não, não há vinhos verdes, há apenas belos vinhos feitos na região dos vinhos verdes. O nosso Tugal pode não ter os melhores brancos do mundo, mas tem brancos baratos e muito bons. O Prova Régia (não sei se é o espelho de Bucelas nem me interessa) é sempre fixe. Beba-se em novo ou guarde-se uns anos e não desilude.

De Baião, ali quase no cú do Douro, onde o Avesso é rei, temos a Quinta da Covela e os seus belos vinhos. O Campo Novo de 1998 está numa bela forma (sim, é um verde com 20 anos) e os mais recentes (de 2014 e 2015) ficam muito bem na mesa. É afinfar-lhes com boa comida ou uma boa conversa e eles brilham.

O Dão reserva sempre boas surpresas e um Grão Vasco de 2002 (sim, tem quase 16 anos e era muito barato) dá um grande momento de prova. Simples e directo, bebe-se muito bem.

Continuando, o belo Pequenos Rebentos Alvarinho 2017, um vinho imperdível, de puta madre, ou um tubarão. Há Alvarinhos melhores? Claro, mas este é muito bom. O Márcio Lopes não brinca e este 2017 devia ser presença obrigatória na porta do frigorífico de qualquer enófilo que se preze (é pena ser pouco).

Para acabar, um bolhas rosado do Celso Pereira. Vértice Rosé, bom, bom, bom... 

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

MEC, a Imprensa e o Luís Pontes



No grande universo do disparate temos muita (demasiada) gente a falar de comida, seja em restaurantes, seja em casa, seja em programas de televisão. 

E temos gente a falar de vinhos (cada vez mais).

Entre chefs desconstrutivistas que não sabem cozer uma batata mas que apresentam uma posta mirandesa numa versão light com um peito de perú em cama de quinoa e farpas de mini legumelos em vinagre balasamico do tinente e um ar de qualquer coisa e grandes provadores que andam todos os dias a pedinchar vinho, é todo um mundo.

Isto a propósito da crónica do MEC onde é que elogiou* o blog do Luís Pontes, ou os dois, o Comidas Caseiras e o Outras Comidas que são blogs de referência. Mas apenas para quem gosta de cozinhar e não embarca na parvoeira. O Luís escreve bem e gosta de cozinhar. 

Foi um privilégio ter tido um projeto com ele e com a Ana Gomes a que chamámos Trilogias

Foram semanas e semanas de partilhas, de pratos e de puro gozo. 

Eu fui sempre um wild boy, a Ana sempre certinha e o Luís a deslumbrar com o empenho e tempo que dedicou a esta "brincadeira" que nos deu muito gosto e algum prazer.

Deixo aqui um abraço ao Luís e à Ana por terem tido a disponibilidade para abraçar este projeto e ao MEC um voto de que seja mais contido e informado antes de falar/escrever.

* (expressão do Porto, c*r*lho)

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Lisboa 2017 by Hugo Mendes




Passou um ano desde que provei o Lisboa 2016, como relatei aqui e chegou a hora de provar o 2017. A primeira impressão, corroborada pela segunda e terceira é a seguinte: um vinho do caraças...
Não tem a finura e a elegância do 2016 nem pede para se esperar uns anos por ele, embora lhe reconheça grande potencial de evolução em garrafa. Mais aberto no nariz, cítrico e fresco, mas com uma bela estrutura. Passado algum tempo, começam a aparecer as notas de tosta do estágio parcial em barrica (para quem tiver pressa, decante o vinho para ele se mostrar). É bem capaz de se tornar um dos brancos mais desejados para o verão que veremos se aparece, pelo menos para quem quer vinhos diferentes e com assinatura. O inquieto Hugo brindou-nos com um globetrotter, desafiante e excelente companheiro à mesa. Belo vinho...

Regueiro, Bágeiras e Vértice num Almoço




Quatro vinhos brancos e três produtores, daqueles que fazem vinhos mesmo sérios...

Começa-se com um Foral de Melgaço Alvarinho 2006. Com quase dezasseis anos em cima, o que perdeu em frescura, ganhou em complexidade. Um vinho de luxo, feito pelo Paulo Cerdeira Rodrigues na Quinta do Regueiro, foi servido a acompanhar uma bola de carne de entrada e cumpriu muito bem.
Depois, com uma feijoada de samos e línguas de bacalhau, dois Garrafeiras das Bágeiras. O 2011, que para mim estava de sonho, com aquele toque rústico e um final sem tempo, a brilhar e o 2012 mais ao gosto dos presentes, estiveram em grande nível. O 2012 até pode dar um grande gozo a beber, mas aquele 2011... É fabuloso! Grandes vinhos da Bairrada, feitos pelo Mário Sérgio Alves Nuno.
Para acabar, um Vértice Millésime de 2011. Feito pelo Celso Pereira, levou com 93 pontos Parker na Wine Advocate de agosto de 2016. É um grande espumante do Douro e será o vinho mais fácil de encontrar deste grupo...

domingo, 20 de maio de 2018

Uma dúzia de Brancos para o Verão


Há uma coisa que me faz alguma confusão e que tem a ver com a falta de oferta de vinhos bons e baratos nos super e hipermercados. Aliás, destes doze brancos, só o primeiro foi comprado no supermercado; todos os outros foram comprados em Garrafeiras, mas isso será tema para outra abordagem...
Escolhi vinhos com preços a rondar os cinco euros das colheitas disponíveis (entre 2015 e 2017) e fui provando calmamente, sem tirar notas (o que até é um exercício de memória interessante, já que alguns destes vinhos foram provados há mais de um mês). A ordem é arbitrária.



  • Prova Régia - É um clássico de Bucelas, um Arinto competente. Se o 2015 merecia que se guardasse algum tempo (agora deve estar em boa forma), o 2016 bebia-se bem em novo. Este 2017 está porreiro, mas espere-se um par de meses (ou não). Um valor mais que seguro, tendo em conta o preço (PVP recomendado de € 3,49);
  • Portal do Fidalgo - Um Alvarinho da PROVAM, fácil de beber e de gostar. Recomendo. Este 2016 está em boa forma;
  • Montes Ermos Reserva - Da Adega de Freixo de Espada à Cinta, é um branco que pede comida e que tem uma relação qualidade/preço excelente (custa menos de quatro euros). Também de 2016, experimente-se este vinho do Douro Superior com um mix de carnes na grelha;
  • Casa da Passarela, a Descoberta - O branco de 2016 de entrada de gama, feito pelo Paulo Nunes para beber sem complicações. Equilibrado, cai bem a solo ou com peixes e mariscos sem grandes pirotecnias culinárias. Um Dão bem fixe;
  • Quinta do Cardo Síria - A Beira interior começa a impor os seus vinhos e este 2016 é um bom exemplo disso. A Síria (o Roupeiro do Alentejo) dá-se bem em altitude e o vinho é fresco e com boa acidez. Tem boa aptidão gastronómica. Boa escolha;
  • Filipa Pato - Feito com Bical e Arinto na colheita de 2016, expressa o carácter dos brancos da Bairrada e fá-lo com elegância. Muito equilibrado, bebe-se bem, mas é capaz de estar melhor daqui a um par de anos. É comprar, beber e guardar;
  • Paulo Laureano - Um Antão Vaz de 2017 fresco e vibrante, uma bela surpresa.



  • Titular - Vinho de entrada da gama Caminhos cruzados, tem mão de Manuel Vieira. Sendo de 2015, está feito e no ponto para ser bebido. Porreiro para uma conversa ou para a mesa. Encruzado, Malvasia Fina e Bical a compor um vinho muito equilibrado;
  • Dão Niepoort Rótulo - Feito em 2015 com Borrado das Moscas (Bical), Rabo de Ovelha, Cercial e outras castas, é um vinho elegante e com tudo no sítio, que se bebe muito bem;
  • Maias - Este branco de 2016 do Luís Lourenço é outro vinho de entrada (tal como o Roques) que cativa pelo equilíbrio e pela boa relação qualidade/preço. Para beber descontraidamente;
  • Montes Ermos Códega do Larinho - Este Varietal de 2015, também da Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, no Douro Superior, é um vinho feito para a mesa, a pedir um bom peixe no forno. Muito porreiro;
  • Quinta de San Joanne Terroir Mineral - Este vinho do João Pedro Araújo merece que se esperem uns anos para o beber (uns dez...) para mostrar o que vale. Ainda assim, em novo, é muito bom e este 2016 está em grande forma. Feito perto de Amarante, é a prova de que os vinhos da região dos Vinhos Verdes podem aguentar anos em garrafa.



terça-feira, 10 de abril de 2018

João Portugal Ramos, entre Vila Santa, Marquês de Borba e Conde de Vimioso Reserva




Três vinhos de JPR com o ADN que pauta a sua postura enquanto produtor. Fazer o melhor e meter os vinhos no mercado a bons preços. Na verdade, os vinhos de JPR são sempre muito bem feitos e valem bem o preço a que são vendidos. 


  • Marquês de Borba branco 2017 - Fino, elegante e correto, com tudo no sítio, é um branco que se bebe muito bem e até dá para guardar umas garrafas um par de anos para ir bebendo prazeirosamente. É um dos bons brancos do Alentejo, fresco e pronto para acompanhar umas entradas ou até um prato de peixe com alguma complexidade;
  • Vila Santa Reserva 2015 - Gosto muito deste vinho, mas em colheitas anteriores parecia sempre quase demasiado elegante. Este 2015 está cojonudo, vibrante e a pedir para ser bebido e guardado. É um vinho que nunca desilude;
  • Conde de Vimioso Reserva 2012 - É o topo de gama da Falua e precisa de algum tempo para se mostrar. Complexo nos aromas, pede comida. Com pouco mais de cinco anos após a colheita, está muito porreiro. 
(vinhos servidos num almoço, o Marquês de Borba foi enviado pelo produtor)

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Márcio Lopes, o Vinho, o Minho e Tudo Mais


Conheço o Márcio Lopes há uns anos e tenho o grato privilégio de provar alguns vinhos antes de saírem para o mercado. Inquieto, irrequieto, faz grandes vinhos verdes... 

O Verdes em itálico é para quem ainda acha que os verdes são verdes e há maduros (seria todo um outro mundo). Quem não tem palas sabe que é no Minho que se fazem dos melhores brancos deste Tugal.



Num almoço descontraído, provei os vinhos de 2017, os clássicos Alvarinho e Trajadura, o Loureiro e o Alvarinho. O AT está em grande nível, o Loureiro dá dez a zero ao de 2016, o Alvarinho está muito bom. A cereja no topo do bolo foi o Ensaios Soltos 2016, um Alvarinho feito com o Fernando Moura numa edição limitada a 300 garrafas.

Pequenos Rebentos a dar uma bela prova. Em breve teremos um tinto (já provei, muito porreiro) e os "topos", como o Loureiro Vinhas Velhas (uma pérola) e mais alguns. É a inquieta inquietude do Márcio que nos dá um Minho a provar...









sexta-feira, 9 de março de 2018

Kopke Reserva, os Vinhos da Mesa - Branco 2016 e Tinto 2015


A marca Kopke tem quase 400 anos e é mais conhecida pelos Portos. Integra o Grupo Sogevinus. No entanto, há alguns anos que faz vinhos não fortificados (ou de mesa, como preferirem) e lançou recentemente para o mercado dois vinhos Reserva.


Um branco de 2016 e um tinto de 2015. Ambos com um perfil clássico dos vinhos do Douro, sem arriscar. O branco tem algum corpo que a frescura e acidez compensam, mas é daqueles vinhos que pede comida boa, como este polvo no forno. O tinto é muito fresco e embora ainda muito jovem dá boa prova. Tem boa aptidão gastronómica, porreiro para acompanhar carnes no forno ou estufados. São escolhas seguras, ao preço.


(vinhos enviados pelo Produtor)

Cistus Reserva 2013



Vinho do Douro Superior, feito em Torre de Moncorvo feito com Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca de vinhas com cerca de 25 anos. Estagia catorze meses em madeira. 


Está no mercado com um PVP recomendado de cerca de dez euros e é muito porreiro. Equilibrado, fácil de beber, dá prazer à mesa com pratos de carne, como o entrecosto no forno com que o acompanhei. Ganha em ser refrigerado (uma a duas horas no frio) e decantado uma meia hora antes de servir. Tem 14,5º de álcool, mas tem frescura e estrutura para eles. Belo vinho.

(vinho enviado pelo Produtor)


quarta-feira, 7 de março de 2018

Os Alvarinhos de João Portugal Ramos



Foi com a colheita de 2012 que João Portugal Ramos apresentou o seu primeiro Alvarinho da Região dos Vinhos Verdes (sub-região de Monção e Melgaço). Em 2013 lança o primeiro Loureiro e agora tem três vinhos de Alvarinho no mercado.

  • Espumante Reserva Bruto Natural 2014; o primeiro Bruto Natural desta sub-região, tem uma bolha interessante, alguma austeridade, é elegante e pede comida por perto. Experimente-o com fumeiro do Minho e a ligação será muito boa. 
  • Alvarinho 2016; não é muito exuberante em termos aromáticos e pede decanter. Equilibrado, segue a linha tradicional das colheitas anteriores. Para beber e guardar. Vai bem com uma caldeirada de peixes, por exemplo.
  • Alvarinho Reserva 2015; mais complexo que o colheita, também ganha muito em ser decantado. Acho que ganhará em ser guardado mais algum tempo, mas como estamos no tempo do sável, é experimentar, já que o vinho tem estrutura para ligar muito bem com o prato.
(vinhos enviados pelo Produtor)


terça-feira, 6 de março de 2018

Roberto Regal López, o Enfant Terrible da Ribeira Sacra


Recentemente tive o grato privilégio de ir à Ribeira Sacra e de conhecer o Roberto Regal López, um dos mais inquietos enólogos da região. Não é fácil explicar a magia da Chantada, com pequenas parcelas de vinha em socalcos que fazem o Douro parecer uma planície e onde a Mencia (o nosso Jaen) impera.


Para provar os vinhos, organizei um jantar com amigos e sarrabulho à moda da Gandara, feito pelo meu pai e que ligou muito bem com os vinhos.


A abrir e com algumas entradas, o Scintilla, um branco de 2016, muito novo, austero e a pedir guarda. Percebeu-se logo ali que estamos perante vinhos que precisam de tempo.

Os tintos, todos de 2015 pedem decanter...


Não tenho muita informação sobre os vinhos, por isso o critério foi ir abrindo dos mais baratos para os mais caros. Começámos com o Toalde. Não foi o vinho da noite, mas, para mim, foi o mais interessante com a comida. Antes dos Nenos da Ponte, provámos o ZE&RR-CSTL e o M&GR-MNO&PRX (os das mãos nos rótulos), ainda muito fechados (no dia seguinte estavam muito melhores). Passámos depois aos demoníacos Neno da Ponte (edições limitadas a 666 garrafas numeradas). Horta da Cal, A Raña e o Migueletas. Mais prontos a beber, brilharam porque a comida pedia vinhos sérios e cojunudos. O Migueletas encantou e os outros estiveram em muito bom nível. São vinhos sérios, bem feitos e com um denominador comum: o respeito pela terra e pela vinha, com intervenção mínima na adega. São vinhos a descobrir e estão já aqui ao lado...

(PVP entre os dez e os trinta euros)

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Prova Vertical Morgado de Santa Catherina (2010 a 2016)





Trata-se de um Arinto clássico de Bucelas e é um dos vinhos brancos com melhor relação qualidade/preço do mercado.

Andava há algum tempo com vontade de ver como os vinhos de diferentes anos se comportam. Já tive alguns vinhos mais antigos para provar, mas foram sendo bebidos... Esta prova foi adiada muitas vezes, mas finalmente, fez-se. Foi combinada com o Sérgio Costa Lopes do Contra Rótulo e tenho que agradecer ao José Carneiro Pinto e ao Manuel Pires da Silva por terem dado uma ajuda para termos os sete vinhos (2016 incluído, ainda não lançado no mercado). Para complemento, ainda provámos o 2004 e o Prova Régia Reserva 2010 que eu tinha guardado.

Optámos por começar pelo mais novo e ir recuando...

O 2016 ainda precisa de tempo em garrafa, mas creio que será bem porreiro em novo, daqui a um ou dois anos. O 2015 pede guarda (podem aproveitar as promoções do tinente se o encontrarem mais barato) e vai dar grande prazer daqui a uns anos. 2014 e 2013 em bom nível, o 2012 foi quase unanimemente considerado o melhor, o 2011 muito porreiro e o 2010 já com alguma evolução, mas a manter boa frescura e acidez. O 2004 estava ainda porreiro, mas deve ter tido má guarda. O Prova Régia mostrou que, mesmo estando uns furos abaixo, vale a pena esperar uns anos por ele.

Resumindo, todos os vinhos estavam em boa forma. O 2012 não será o melhor (preferi o 2015 e o 2011), mas estava na altura certa para ser provado. Este vinho pode ser porreiro em novo, mas ao fim de cinco anos estará na altura ideal para se beber. Bela Prova...

Provas #15


Não é fácil fazer um alinhamento de vinhos. Vai-se fazendo por tentativa e erro...


Aqui, começou-se com um Freixenet, o da garrafa preta, que se encontra a pouco mais de cinco euros em quase toda a parte. Porreiro, fresco, para beber sem pensar muito. 

O Cinética 2013 é um branco do Douro, feito com as castas tradicionais provenientes de vinhas velhas plantadas a mais de quinhentos metros de altitude ali na margem esquerda do rio Pinhão, com fermentação e estágio em madeira usada, durante quase um ano. Madeira no ponto, a marcar pouco o vinho e dar-lhe complexidade. Bebe-se muito bem, mas de certeza que vai ganhar com dois ou três anos de guarda (garrafa enviada pelo produtor). 

Quinta de San Joanne Terroir Mineral 2011. Um vinho do João Pedro Araújo que pede meças ao tempo (notas de prova aqui). Ainda há muita gente que "destingue" os vinhos verdes dos "maduros" sem saber que é da Região dos Vinhos Verdes, no Nordeste Lusitano que se fazem dos melhores brancos. Este estava ainda muito novo. Verde Branco para beber com dez anos... (Gostei, naturalmente, mas só vamos ver o que que o vinhovale daqui a uns três anos. Grande vinho).

Quinta das Bágeiras Avô Fausto tinto 2010. Foi a primeira edição dum vinho que se pretende fácil de beber em novo, ao contrário dos Garrafeiras e do Pai Abel, que aguentam anos em cave. Este em novo estava muito porreiro e elegante, mas sete anos após a colheita, deslumbrou. Um Vinhão... Mário Sérgio a mostrar que é o Enfant Terrible da Bairrada.

Para terminar, o Baga Bairrada das Caves Aliança. Bolhas honesto e a um preço muito interessante (a rondar os sete euros), é dos meus BB preferidos.  






sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Provas #14



Gosto de reunir amigos à volta da mesa, com comida a acompanhar bons vinhos. Neste almoço, provámos quatro vinhos do Márcio Lopes e mais quatro belos vinhos...




  • Quinta do Poço do Lobo Espumante Bruto 2014. Feito com Arinto e Chardonnay, é fresco e elegante, bom para welcome drink, mas muito bom para entradas ou leitão Bairradino. Bom equilíbrio das castas, a comporem um espumante que se bebe com muito prazer.
  • Ensaios Soltos Alvarinho Estágio Prolongado 2016. Uma parceria do Márcio com o Fernando Moura (enólogo da Adega de Monção) que deu apenas trezentas garrafas dum vinho sedutor. Foge ao perfil dos Alvarinhos tradicionais, é mais austero, com a madeira a dar complexidade ao vinho, sem o marcar. Feito para guardar uns anos, já se bebe muito bem a acompanhar um bacalhau cozido com legumes, mas que não vira as costas a um pregado no forno. Haja paciência para ver como evolui. Belo vinho...
  • Permitido da Centenária 2016. Outro vinho do Márcio, classificado com 92+ na Wine Advocat de Robert Parker. Estamos perante um vinho muito sério, um dos melhores brancos oriundos do Douro. Transcrevo aqui a nota do Marcio:

    "Feito com uvas do Douro Superior, proveniente de uma Vinha Centenária plantada no século XIX, a quase 800m de altitude, este vinho fermentou de forma espontânea, sem controlo de temperatura, em barrica de 700L e onde permaneceu por 10 meses nas borras totais. Estamos a falar de +-15 castas que compõem este branco, nomeadamente, Folgazão (Terrantez), Dona Blanca, Verdelho, Siria, Malvazia Rei, e outras que ainda estão por identificar. Foi engarrafado sem filtrar ou estabilizar. Trata-se de uma edição numerada e limitada a 1.193 garrafas. Penso que estamos perante um vinho que não tenho memória de ter provado nada igual, sobretudo pela forma tão natural e subtil que se apresenta."
  • Seguimos com o Proibido à Capela de 2016. Enquanto o Proibido Grande Reserva 2015 se apresenta opulento, complexo, a ombrear com os grandes tintos do Douro Superior (mais ou menos como referi aqui), este vem prazenteiro, com os seus 11º de álcool, fora do baralho, fora do que se espera dum tinto do Douro Superior. São apenas quinhentas garrafas dum vinho fresco e que em prova cega podia passar por um vinho da região dos Vinhos Verdes. Excelente para um bacalhau cozido regado com bom azeite. Mais informação aqui.
  • Quinta Grande 1993. Na altura denominado vinho Regional do Ribatejo, mostrou-se em grande forma, muito melhor do que outra garrafa de que dei nota aqui. Na GN ainda há o de 1995, para quem quiser provar...
  • Quinta da Gaivosa 1995. O primeiro foi feito em 1992 pelo Eng. Domingos Alves de Sousa com Anselmo Mendes. Agora, quem comanda a enologia das propriedades da família é o Tiago Alves de Sousa. Depois do 92 e do 94, sai este 1995. Grande, complexo, a pedir para ser bebido calmamente e desfrutar dum ícone do Douro. Vinha de Lordelo e Abandonado são os topos da Quinta da Gaivosa, mas este, com o nome da quinta, será sempre uma referencia do Douro.
  • Proibido Vintage 2015. Outro vinho do Márcio, o primeiro Vintage. Muito elegante, diferente dum vintage novo das casas clássicas, bebe-se muito bem a solo assim em novo, mas tem estrutura para aguentar anos na garrafa. Que venham muitos mais.
  • Para acabar, o Grande Borga Espumante Bruto 2010. Do melhor que se faz na Bairrada, foi um dos melhores espumantes (Champagnes incluídos) que já provei. E em Magnum é outra loiça. Que grande espumante de Carlos Campolargo.