Este frango foi feito em duas etapas.
Na primeira, reservei um supremo, a coxa e a sobrecoxa do frango e deixei a marinar em alho, pimentas e (bastante) vinho branco de um dia para o outro. Depois, no tacho deitei azeite, cebola picada grosseiramente e tomate cortado em pedaços pequenos. Deixei a cebola ficar transparente sempre mexendo com a colher de pau e juntei o frango e o líquido da marinada. Deixei estufar. Na segunda, cozi esparguete al dente e quando o frango estava apurado, rectifiquei temperos, retirei o frango e passei o "molho" com a varinha mágica, tendo obtido um creme bastante aveludado. Servi o frango com compota de laranja, um pickle de couve flor e alcaparras. Juntei o esparguete e deitei o molho por cima.
Este prato não se enquadra em nenhuma tipologia, porque não é massa com frango no sentido literal do termo nem frango estufado com qualquer acompanhamento, por isso o designei por by me...
A acompanhar, revisitei o fantástico Meruge 2003, "desenhado" por Dirk Niepoort para os Lavradores de Feitoria e que é apenas... um pequeno Charme!
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Um Porto Muito Especial - Cruz 30 Anos
Academia dos Livros
Este post começa com um desafio feito pela Ameixa na sequência de uma espécie de intercambio de bloguers. Bem, no essencial a ideia é propor um livro que se esteja a ler ou que se tenha lido e que se considere marcante. Claro que por mero exercicio mental podia desencantar um belo grupo de livros que gostei particularmente de ler, um outro grupo de livros "pour eppáter les bourgeois" e ainda um outro com a Biblia.
Decidi escolher uma modesta Obra de um modesto Autor que até praticava medicina e que nos obrigavam a ler aos doze anos, bem como a interpretar "coisas".
O Autor dispensa apresentações (só não foi apresentado aos tipos do Nobel, infelizmente), a sua Obra é mais que lida e sobretudo, mais que reconhecida. Constitui, no seu todo uma das mais belas heranças do século passado, uma perturbante e às vezes arrepiante cosmogonia que por acaso mora mesmo aqui ao lado, em qualquer das aldeias, dos seus habitantes, dos factos narrados.
É ao mesmo tempo de um absoluto rigor e de uma desconcertante simplicidade (como é que se consegue condensar tanta vida em tão poucas páginas?).
Da Enorme Obra de Miguel Torga escolhi os "Contos da Montanha", publicados em 1941. Porquê? Porque é daqueles livros que sempre que se leem nos mostram um ou outro pormenor descurado em leituras anteriores, porque a sua dimensão física está nos antípodas do que intelectualmente nos dá e porque podemos sempre depois de um conto, fazer uma pausa... mas só depois de ler este prefácio:
Prefácio à Quarta Edição
Depois de muitos anos de desterro, regressam novamente ao torrão natal os heróis deste atribulado livro. Numa época em que tantos portugueses de carne e osso emigraram por fome de pão, exilaram-se eles, lusitanos de papel e tinta, por falta de liberdade. Enfarpelados num duro surrobeco de embarcadiços, lá se foram afoita- mente em demanda do Brasil, o seio sempre acolhedor das nossas aflições. E ali viveram, generosamente acarinhados, assistidos de longe pela ternura correctiva do autor. Voltam agora ao berço, roídos de saudades. E não é sem apreensão que os vejo pisar, já menos toscos de aparência, o amado chão da origem. É que muita água correu sob a ponte desde que se ausentaram. Quatro décadas de opressão desfiguraram completamente a paisagem do país. A humana e a outra. Velhos desamparados, adultos desiludidos, jovens revoltados - num palco de desolação. Almas amarfanhadas e terras em pousio. Que alento poderá receber dum ambiente assim uma esperança de torna-viagem? Mas a pátria é um iman, mesmo quando a universalidade do homem, como neste preciso momento, sai finalmente dos tacanhos limites do planeta. Poucos resistem à sua atracção ao verem-se longe dela, seja qual for a órbita em que se movam. Até os seus filhos de ficção. Por mais fortuna que tenham pelo mundo a cabo, é com o ninho onde nasceram que sonham noite e dia. É que só nele se exprimem correctamente, estão certos nos gestos, são realmente quem são. De maneira que não me atrevi a contrariar a vinda das minhas humildes criaturas, como a prudência talvez aconselhasse. Pelo contrário: favoreci-a. Pode ser que o exemplo seja seguido, e o êxodo, que empobreceu a nação, comece a fazer-se em sentido inverso, e as nossas misérias e tristezas mudem de fisionomia. Portugal necessita urgentemente de ser repovoado.
S. Martinho de Anta, Natal de 1968
Miguel Torga
Decidi escolher uma modesta Obra de um modesto Autor que até praticava medicina e que nos obrigavam a ler aos doze anos, bem como a interpretar "coisas".
O Autor dispensa apresentações (só não foi apresentado aos tipos do Nobel, infelizmente), a sua Obra é mais que lida e sobretudo, mais que reconhecida. Constitui, no seu todo uma das mais belas heranças do século passado, uma perturbante e às vezes arrepiante cosmogonia que por acaso mora mesmo aqui ao lado, em qualquer das aldeias, dos seus habitantes, dos factos narrados.
É ao mesmo tempo de um absoluto rigor e de uma desconcertante simplicidade (como é que se consegue condensar tanta vida em tão poucas páginas?).
Da Enorme Obra de Miguel Torga escolhi os "Contos da Montanha", publicados em 1941. Porquê? Porque é daqueles livros que sempre que se leem nos mostram um ou outro pormenor descurado em leituras anteriores, porque a sua dimensão física está nos antípodas do que intelectualmente nos dá e porque podemos sempre depois de um conto, fazer uma pausa... mas só depois de ler este prefácio:
Prefácio à Quarta Edição
Depois de muitos anos de desterro, regressam novamente ao torrão natal os heróis deste atribulado livro. Numa época em que tantos portugueses de carne e osso emigraram por fome de pão, exilaram-se eles, lusitanos de papel e tinta, por falta de liberdade. Enfarpelados num duro surrobeco de embarcadiços, lá se foram afoita- mente em demanda do Brasil, o seio sempre acolhedor das nossas aflições. E ali viveram, generosamente acarinhados, assistidos de longe pela ternura correctiva do autor. Voltam agora ao berço, roídos de saudades. E não é sem apreensão que os vejo pisar, já menos toscos de aparência, o amado chão da origem. É que muita água correu sob a ponte desde que se ausentaram. Quatro décadas de opressão desfiguraram completamente a paisagem do país. A humana e a outra. Velhos desamparados, adultos desiludidos, jovens revoltados - num palco de desolação. Almas amarfanhadas e terras em pousio. Que alento poderá receber dum ambiente assim uma esperança de torna-viagem? Mas a pátria é um iman, mesmo quando a universalidade do homem, como neste preciso momento, sai finalmente dos tacanhos limites do planeta. Poucos resistem à sua atracção ao verem-se longe dela, seja qual for a órbita em que se movam. Até os seus filhos de ficção. Por mais fortuna que tenham pelo mundo a cabo, é com o ninho onde nasceram que sonham noite e dia. É que só nele se exprimem correctamente, estão certos nos gestos, são realmente quem são. De maneira que não me atrevi a contrariar a vinda das minhas humildes criaturas, como a prudência talvez aconselhasse. Pelo contrário: favoreci-a. Pode ser que o exemplo seja seguido, e o êxodo, que empobreceu a nação, comece a fazer-se em sentido inverso, e as nossas misérias e tristezas mudem de fisionomia. Portugal necessita urgentemente de ser repovoado.
S. Martinho de Anta, Natal de 1968
Miguel Torga
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Um Savarin a fugir para o Razoavel...
Há algum tempo tinha feito um savarin que saiu pouco menos que desastroso; nesta segunda tentativa saiu um bocadinho melhor. Se calhar à terceira é de vez...
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Tapada do Chaves Branco 1996
Este post não é da minha Autoria; foi o amigo PadreFrancisco, enófilo atento, que ao ter descoberto um vinho raro, fez este texto, que tenho todo o prazer em postar aqui...
"Nós, os enófilos, vivemos intensamente a caça ao ... tesouro.
As coutadas onde caçamos os nossos tesouros encontram-se dentro de garrafeiras, hipermercados, mercearias, mesmo as de aldeia, adegas e restantes lugares de culto do vinho.
Nunca deixo a caçadeira em casa, não vá aparecer alguma peça a pedi-las.
Há dias parei à porta da mercearia onde a minha mulher costuma comprar uns bons legumes. Nem era para sair do carro, mas lá fui.
- Eia! Prateleiras com vinho? Deixa ver o que por aqui há, pensei eu. É do instinto, do treino e do aperfeiçoamento, nada a fazer! Coloquei-me em posição de ataque!
Deparo-me com uma garrafa de Tapada do Chaves Branco 1996, ao preço de...2,50 €. Inevitável (também há um bom vinho com este nome), tive de a trazer. O risco era muito reduzido e a adrenalina muita. Estavam reunidas todas as condições para poder ser um tesouro: Uma boa marca, branco com muitos anos (12) e a preço de... pechincha. Só faltava a prova para tirar as dúvidas e confirmar o tesouro...
Alguns dias depois, foi ao frigorífico tomar a temperatura adequada para acompanhar um peixe assado. Assim que foi aberto libertou um cheiro a “vinho do porto”, o que não augurava nada de bom.
Já me preparava para uma decantação para el cano. Alguns segundos depois, servi um pouco num copo e o vinho já tinha perdido aquele descritor e começava a mostrar todas as virtudes. Muita vida, frescura, vigor, mineralidade, complexidade e uma cor dourada de encantar, ao fim de ... uma dúzia de anos.
Um Tesouro..."
"Nós, os enófilos, vivemos intensamente a caça ao ... tesouro.
As coutadas onde caçamos os nossos tesouros encontram-se dentro de garrafeiras, hipermercados, mercearias, mesmo as de aldeia, adegas e restantes lugares de culto do vinho.
Nunca deixo a caçadeira em casa, não vá aparecer alguma peça a pedi-las.
Há dias parei à porta da mercearia onde a minha mulher costuma comprar uns bons legumes. Nem era para sair do carro, mas lá fui.
- Eia! Prateleiras com vinho? Deixa ver o que por aqui há, pensei eu. É do instinto, do treino e do aperfeiçoamento, nada a fazer! Coloquei-me em posição de ataque!
Deparo-me com uma garrafa de Tapada do Chaves Branco 1996, ao preço de...2,50 €. Inevitável (também há um bom vinho com este nome), tive de a trazer. O risco era muito reduzido e a adrenalina muita. Estavam reunidas todas as condições para poder ser um tesouro: Uma boa marca, branco com muitos anos (12) e a preço de... pechincha. Só faltava a prova para tirar as dúvidas e confirmar o tesouro...
Alguns dias depois, foi ao frigorífico tomar a temperatura adequada para acompanhar um peixe assado. Assim que foi aberto libertou um cheiro a “vinho do porto”, o que não augurava nada de bom.
Já me preparava para uma decantação para el cano. Alguns segundos depois, servi um pouco num copo e o vinho já tinha perdido aquele descritor e começava a mostrar todas as virtudes. Muita vida, frescura, vigor, mineralidade, complexidade e uma cor dourada de encantar, ao fim de ... uma dúzia de anos.
Um Tesouro..."
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Sangria de Vinho Tinto
Às vezes a fruta lá em casa começa a iniciar o processo de transformação em "Kunami" ligeiramente fresquinho; antes que fique muito, mas mesmo muito fresquinho, por vezes acaba em salada ou em sangria. Nesta decidi usar vinho tinto (claro que as de espumante são muito mais requintadas, mas o vinho que eu escolhi era suficientemente bom para a sangria e ela ficou bastante boa), frutas, um pouco de agua com gás e (muito) gelo.
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