quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Arroz de Mariscos | Quinta dos Roques Encruzado 2009

Esta 41ª Trilogia, a mando do Luís, deixou-me a mim e à Ana às voltas com frutos do mar. Aproveitei para voltar a um prato de que gosto muito e que, não sendo muito fácil de afinar, quando bem feito, é um regalo para os sentidos. E este foi feito a partir dos famigerados "preparados de marisco", talvez o menos mau de todos - o do Pingo Doce (não é a embalagem de "tesouros do mar", mas também tem delícias e pior que isso, as ameijoas vietnamitas - pelo menos não tem lulas; tem ainda uns bocadinhos de sapateira). Lá abri o saco e deixei descongelar. Depois cozi os mariscos* (rejeitei as delícias)  e reservei o caldo.
Num tacho de fundo grosso deitei um fundo de azeite, cebola picada, alho esmagado e picado e deixei refogar em lume médio. Juntei tomate e um pouco de pimento cortado em pedaços pequenos e mantive em lume médio até apurar. Juntei arroz carolino e o caldo de cozer os mariscos. (relação entre os mariscos - com a casca - e o arroz: 70/30 em percentagem de peso; relação entre a água e o arroz 3:1, em volume) e deixei o arroz ficar al dente. Juntei os mariscos e envolvi. Deixei harmonizar sabores e servi.   
  

O resultado final é bastante agradável, principalmente se se atender ao preço do preparado (cerca de € 6,00 uma embalagem de 800 gramas). Desde que se tenha algum cuidado em não cozer demasiado os ingredientes, tem-se um prato de nível muito razoável.  


Para acompanhar, mesmo estando temperaturas a pedir vinhos frescos da Região dos Vinhos Verdes, não resisti a um dos ícones do Dão, o Encruzado da Quinta dos Roques do Luís Lourenço, aqui na versão 2009. Feito de Encruzado com passagem parcial por madeira, é um vinho fino e elegante, cheio de corpo, fresco, intenso, mineral, que dá vontade de beber todo o ano. Não é barato (€ 12,50 na Garrafeira Augusto), mas a qualidade paga-se e já bebi coisas mais caras que não dão o prazer deste vinho.

* sobre a cozedura de mariscos relembro o belo post do Luís, aqui.

2 comentários:

  1. Eis a prova provada que, quando há arte, até matérias-primas de valor duvidoso podem resultar num final bem feliz, como este aqui apresentado e que cumpriu na perfeição o desiderato desta 41ª Trilogia.
    Claro que com abortos como as "delícias do mar" não há artista que se aguente e o Cupido fez muito bem em expurgá-las do ramalhete (e suspeito que os "coiros" das amêijoas vietnamitas também tenham seguido esse belo destino da lixeira municipal em vez de estragarem a textura de um arroz tão apurado)

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  2. Construíste um belo arroz, para mim com a novidade do pimento... fizeste bem ter retirado as «deliciosas» do mar que não fariam aqui nada de mais, muito pelo contrário.
    E parece que tão depressa não havemos de sair dos mares, lol!!!
    Beijinhos.

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