Esta 41ª Trilogia, a mando do Luís, deixou-me a mim e à Ana às voltas com frutos do mar. Aproveitei para voltar a um prato de que gosto muito e que, não sendo muito fácil de afinar, quando bem feito, é um regalo para os sentidos. E este foi feito a partir dos famigerados "preparados de marisco", talvez o menos mau de todos - o do Pingo Doce (não é a embalagem de "tesouros do mar", mas também tem delícias e pior que isso, as ameijoas vietnamitas - pelo menos não tem lulas; tem ainda uns bocadinhos de sapateira). Lá abri o saco e deixei descongelar. Depois cozi os mariscos* (rejeitei as delícias) e reservei o caldo.
Num tacho de fundo grosso deitei um fundo de azeite, cebola picada, alho esmagado e picado e deixei refogar em lume médio. Juntei tomate e um pouco de pimento cortado em pedaços pequenos e mantive em lume médio até apurar. Juntei arroz carolino e o caldo de cozer os mariscos. (relação entre os mariscos - com a casca - e o arroz: 70/30 em percentagem de peso; relação entre a água e o arroz 3:1, em volume) e deixei o arroz ficar al dente. Juntei os mariscos e envolvi. Deixei harmonizar sabores e servi.
O resultado final é bastante agradável, principalmente se se atender ao preço do preparado (cerca de € 6,00 uma embalagem de 800 gramas). Desde que se tenha algum cuidado em não cozer demasiado os ingredientes, tem-se um prato de nível muito razoável.
Para acompanhar, mesmo estando temperaturas a pedir vinhos frescos da Região dos Vinhos Verdes, não resisti a um dos ícones do Dão, o Encruzado da Quinta dos Roques do Luís Lourenço, aqui na versão 2009. Feito de Encruzado com passagem parcial por madeira, é um vinho fino e elegante, cheio de corpo, fresco, intenso, mineral, que dá vontade de beber todo o ano. Não é barato (€ 12,50 na Garrafeira Augusto), mas a qualidade paga-se e já bebi coisas mais caras que não dão o prazer deste vinho.
* sobre a cozedura de mariscos relembro o belo post do Luís, aqui.
Eis a prova provada que, quando há arte, até matérias-primas de valor duvidoso podem resultar num final bem feliz, como este aqui apresentado e que cumpriu na perfeição o desiderato desta 41ª Trilogia.
ResponderEliminarClaro que com abortos como as "delícias do mar" não há artista que se aguente e o Cupido fez muito bem em expurgá-las do ramalhete (e suspeito que os "coiros" das amêijoas vietnamitas também tenham seguido esse belo destino da lixeira municipal em vez de estragarem a textura de um arroz tão apurado)
Construíste um belo arroz, para mim com a novidade do pimento... fizeste bem ter retirado as «deliciosas» do mar que não fariam aqui nada de mais, muito pelo contrário.
ResponderEliminarE parece que tão depressa não havemos de sair dos mares, lol!!!
Beijinhos.