Na sequência da inesquecível prova vertical de vinhos da Quinta das Bágeiras, confesso que tinha ficado com uma pulga atrás da orelha. Tinha provado o Garrafeira tinto 2004 (o último que o Mário Nuno mandou para o mercado, uns meses depois do 2005) entre as edições de 2003 e 2005 que já conhecia e não consegui perceber bem o vinho. Coisas de tirocinante... Para o tentar perceber melhor, decidi voltar a provar o vinho, mas agora em casa e com mais tempo. Reeditei um prato que tinha feito há algum tempo, um singelo lombinho de porco assado em molho de leitão, de que tinha dado nota aqui. O molho de leitão foi o que escorreu dos dois magníficos que o Ricardo do Restaurante Mugasa tinha preparado para o almoço da prova e que eu, com uma enorme e distinta lata, pedi para trazer (um bocadinho, pronto, meio litro...). Forno a 170º C, tabuleiro de alumínio, folha de alumínio, um lombinho regado com o molho, fecho o invólucro, meto o vinho no frigorífico e fui à minha vida.
Passado uma hora, voltei à cozinha, abri o vinho, enfiei-o no decanter e guardei o decanter no frigorífico. Fui buscar umas batatas novas à despensa, lavei-as e deixei-as a cozer. Passado um bocado, depois das batatas estarem cozidas, retirei o lombinho do forno e servi. Com as batatas e o molho. E uma salada de alface (naturalmente, à parte e apenas com um toque de flor de sal e um fio de azeite).
O vinho é feito integralmente com uvas da casta Baga provenientes de vinhas com mais de 75 anos, situadas nos melhores terrenos de argila e calcário da Região (informação do contra-rótulo) e foram vindimadas em Setembro sem desengace. O vinho fermentou em pequenos lagares e estagiou em tonéis de madeira usada, tendo sido engarrafado sem filtração em Fevereiro de 2006. Teve cerca de quatro anos de estágio em garrafa antes de ser lançado para o Mercado. Quando saiu do frigorífico, estava a uns 16º C e saltou para o copo. Menos clássico da Bairrada que o 2003 e menos superlativo na elegância que o 2005, é um vinho que muito dificilmente causará indiferença. Neste momento vai muito bem com pratos fortes (como o que lhe calhou em sorte), mas não vira as costas a uns anos em cave (como todos). O mais recente trio de Garrafeira Tintos da Quinta das Bágeiras (2003/4/5) é um caso muito sério e a prova de que na Bairrada se fazem grandes, enormes vinhos. Foram feitas 10.223 garrafas a um preço a rondar os 20 € cada. Belo vinho.
Ah! essa técnica do molho.... supimpa!
ResponderEliminarUm verdadeiro luxo ter esse molho de leitão à mão... nem sei como conseguiste usar tão pouquinho... acredito que ouviremos falar dele mais vezes.
ResponderEliminarQualquer dia recebes a condecoração da ordem dos grãos mestres dos assados.
Beijocas.
Simples e perfeita...
ResponderEliminarFoi a ideia com que fiquei desta confecção culinária, acompanhada por esse vinho.