terça-feira, 9 de junho de 2009

Caldeirada de Borrego para dois Patos (Lewis and Donald)

No receituário tradicional Português, a carne de ovelha aparece em geral, apenas em preparações quase "de circunstância"; num aldrabo da beirã chanfana, num alentejano ensopado (preferencialmente de jovem borrego).
Esta proposta cruza a preparação da "nossa" caldeirada (de peixe, claro) com a adição de whisky (a "receita" original é do meu pai...)

Assim, num tacho, deitei um fundo de azeite, sal marinho, cebola em rodelas, alho esmagado, pimento vermelho em tiras, polpa de tomate, pimenta (branca e preta, passada no almofariz), um pouco de louro em folha, o borrego cortado em pedaços a fazer uma camada, mais cebola e pimento, as batatas (de polpa amarela - Desirée - cortadas em rodelas com um centímetro de espessura) a fazer a camada final... Juntei whisky (meia garrafa=35cl) e levei a lume brando. Quando o conteúdo do tacho levantou fervura, juntei um pouco de água a ferver até cobrir o preparado. Mantive em lume brando, sem mexer (ia só abanando o tacho) até as batatas estarem cozidas e macias, mas sem se desfazerem (a adição de álcool ao preparado, impede que as batatas se desfaçam)...



A caldeirada ficou fantástica, com as costeletas do borrego extremamente macias e sápidas...



e com uma parte da perna, absolutamente deliciosa...



Para acompanhar esta "caldeirada", um vinho de Luís Pato... O Vinha Barrosa 2001.
Já provado algumas vezes e sempre a mostrar-se em grande nível... A rolha, ao fim de oito anos está nova.
O vinho foi decantado, ligeiramente refrigerado (16º C) e servido; apresenta-se muito jovem na cor. No nariz, Baga, Baga, Baga (algumas notas de mentol, BTW) em suprema elegância. Na boca, fino e cheio (um paradoxo para o Eng. Luís Pato explicar) e mais Baga e mais elegância e muita estrutura, e muita complexidade; um final longo, uma enorme apetência gastronómica, a merecer em pleno a nota da Senhora Jancis Robinson (18, assino por baixo).

Ah, e parabéns ao Pato Donald - faz 75 anos, eh eh