segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quinta da Covada Reserva 2007 e Arroz de Entrecosto e Portobellos



Este Quinta da Covada Reserva 2007 foi uma oferta do João Lopes Pinto, enólogo e filho do produtor ao preguiçoso Gus, que já provou o vinho mas que se recusa a postar aqui no blog, alegando que não tem tempo ou não lhe apetece escrever – pois, pah, sou eu que tenho que fazer tudo…

Depois do almoço do Fórum RV, o Gus mete uma garrafa deste vinho no meu saco (que já tinha o espumante da Quinta do Encontro, o Condessa de Santar e os despojos da magnum de Porta de Cavaleiros 1996) e sugere-me que prove o vinho “azinha” e poste no blog…

Nada mais fácil… Hoje de manhã, o Gus envia-me a ficha técnica e eu li que o vinho foi feito com 30% de uvas da casta Touriga Nacional de uma vinha de 1 hectare situada em Tabuaço, com 15 anos e a cerca de 410 m de altitude, com solo muito xistoso e pobre e que os restantes 70% vieram de uma vinha velha (entre 45 e 80 anos) de 3 hectares, situada em Armamar com solo xistoso, a 150 m de altitude e com mistura de castas (Rufete, Tinta Amarela, Tinta Roriz e outras) . Estagiou durante 14 meses em barricas novas de Carvalho Francês, tem 14,7º de álcool e apenas se produziram 1250 litros, engarrafados em 1500 garrafas normais (75 cl) e 40 em double magnum (3 litros). Os 5 litros que sobram, onde estarão? Foi engarrafado em Junho deste ano e o Produtor recomenda um Pvp de € 14..

Para preparar esta prova, de manhã deixei a garrafa a “dormir” no frigorífico e pensei num prato que pudesse ser bom food-pairing para este jovem Reserva do Douro… Podia ser um arroz de entrecosto de porco e foi o que fiz, juntando aqui cogumelos Portobello.
Abri o vinho e deitei-o no Decanter e um pouco para o copo.
Deitei uma mistura de banha de porco e azeite no tacho, juntei cebola, alho, pimento, sal, pimenta preta em grão, duas malaguetas, cravinho, o entrecosto de porco cortado em cubos, algumas rodelas de chouriço da Beira Baixa e deixei alourar um pouco; juntei polpa de tomate e um pouco de água e deixei a estufar. Deixei em lume baixo e provei o vinho… Austero, fechado, mas com uma bela estrutura a denunciar o que viria depois de estar a 16/17º e a acompanhar a comida que eu estava a fazer.
Quando a carne estava macia, juntei água quente, arroz carolino e os cogumelos cortados em pedaços. Juntei ainda um pouco de cominhos moídos. Logo que o arroz estava cozido, servi.



Naturalmente, o vinho abriu (e de que maneira). Não é um vinho fácil, antes um daqueles que nos deixa à espera que ele revele o que lhe vai na alma. Nada de flores da Touriga, mostra mais a complexidade das vinhas velhas no aroma. Madeira elegante e domada, taninos pujantes, mas sem incomodar, álcool bem integrado e acima de tudo, um longo e delicioso final e uma bela aptidão gastronómica. Tem tudo para viver longos anos em garrafa, mas eu ficava contente se provasse uma das 40 double magnuns daqui a uns 3 anos (seguramente não seria muito diferente da prova de hoje). Gostei muito do perfil deste vinho. Nota pessoal: 17.