O Bacalhau à Conde da Guarda é uma criação do Mestre João Ribeiro, chefe de cozinha do Hotel Aviz, para onde entra em 1934, sendo promovido a chefe de cozinha em 1936.
Desta emblemática criação, deixo a citação do Prof. João Vasconcelos Costa (na sua webpage):
“Cozer 350 g de bacalhau e 250 g de batatas, passando estas pelo peneiro. Retirar as peles e espinhas ao bacalhau e pisá-lo com alho. Deitar este preparo numa panela e levar ao lume, juntando 2 c. sopa de manteiga e a batata e mexendo bem. Adicionar aos poucos 3 dl de natas, mexendo bem para massa bem lisa. Temperar com sal, pimenta e noz moscada. Untar com manteiga um prato de ir ao forno, deitar dentro o conjunto, alisar e polvilhar com queijo ralado. Salpicar com manteiga derretida e levar ao forno a gratinar”.
btw, parece sólida e canónica receita, mas prescindi do belo do queijo (que queijo?)
cozi aka escalfei bacalhau (do lombo superior e das badanas: o do lombo é indicado, o das badanas é apenas sofrível e parece que as migas - vendidas em pacote - até podem dar cabo desta preparação). Depois de 2 minutos após a fervura, retirei e reservei. Na água da cozedura do bacalhau, deitei batatas de polpa amarela e deixei cozer. Despinhei e despelei o bacalhau, e misturei-lhe uma papa de alho (desfeito no almofariz - não são as pastas de alho em frasco). Depois das batatas se apresentarem cozidas, retirei-as do tacho e esmaguei-as com o garfo.
Num tacho, deitei manteiga (do Mileu - Guarda - excelente, e vale bem a pena usar boa manteiga) e depois desta estar derretida, juntei o bacalhau com a pasta de alho; fui mexendo (aqui, a quantidade de alho manda: quanto mais alho, mais tempo a mexer, mas sem deixar queimar a manteiga), juntei as batatas em puré, e sempre a mexer, incorporei natas (normais, da GRESSO). Quando a mistura estava homogénea, desliguei o lume e transferi-a para um tabuleiro de barro; salpiquei com manteiga (ok, do Mileu) e levei ao forno pré aquecido a 210º C para gratinar.
Servi com uma salada de tomate cereja e azeitonas verdes, temperada com flor de sal e azeite da Quinta das Tecedeiras.
Para acompanhar, o Conceito Douro Branco 2008. Uma opus magnum da Rita Ferreira. Um caso sério no panorama dos brancos Portugueses. Para mim, o melhor de 2008 (PVP, deve andar nos € 25). Nota pessoal: 17,5.
Aroma muito complexo e integrado, com notas de marmelo, minerais finos, seiva de pimenteira, frutas brancas e citrinos doces. Elegante e rico mas sempre com discrição. Rico ainda na boca, com acidez viva e estaladiça, corpo com boa concentração, muito profundo e personalizado. Todo em delicadeza, tem final muito longo e saboroso. (...)