Um possível diálogo:
“O que é o almoço?”
“Bife com Batatas Fritas…”
“O que é o almoço?”
“Bife com Batatas Fritas…”
Acredito que a seguir podia vir de tudo, desde um Yupiii!!! até um Blarghhh!!!
Isto para falar de rigor.
Rigor na execução de um prato e rigor na própria harmonização com um vinho.
Muitas vezes fazem-me perguntas do género: Hoje vou almoçar/jantar um “qualquer coisa”, que vinho recomendas? Invariavelmente pergunto como é feito o prato; sim, porque um vago descritor para um prato não permite imaginar o resultado final e muito menos idealizar uma harmonização para esse prato.
Por exemplo, ontem estava a telefalar com o caro contribuidor do blogue (PADREFRANCISCO, a quem dou desde já os parabéns pelo belo texto do post anterior) sobre harmonizações mais invulgares entre vinhos e comida. Falava-se, na sequência de algumas discussões pela blogosfera e forumsfera das ligações de pratos de bacalhau com vinho (a eterna questão, tinto ou branco ou rosé ou espumante). Num Fórum, ele referiu: “às segundas, quartas e sextas, branco; terças, quintas e sábados, tinto; aos domingos atiro a moeda ao ar” e eu não posso estar mais de acordo.
Um dos pratos que aprecio bastante é o “Bacalhau à Bráz”.
Mas se eu comprar migas de paloco, batata frita de pacote e o preparar “a despachar”, com óleo, retirando os ovos directamente do frigorífico e juntando salsa picada congelada e azeitonas “manhosas”, será que merece que se perca tempo a escolher um vinho? Para mim, não.
Agora, se com tempo, cuidadosamente demolhar um bom lombo, lhe retirar a pele e espinhas e o desfiar com as mãos.
Se cortar finamente batatas bem escolhidas e as fritar em azeite (alourando, mas mantendo alguma sapidez interior). Se cortar cebola em rodelas finíssimas e esmagar dentes de alho (tenho para mim que esta treta de cortar o alho só funciona para os chef’ s demonstrarem a destreza no uso das facas – um dente de alho esmagado dá muito melhor sabor à comida e é cem vezes mais fácil de fazer).
Se utilizar um tacho de barro, no qual deito bom azeite, junto as cebolas e o alho, deixo confitar a cebola até ela ficar transparente, junto o bacalhau desfiado e deixo que os diversos sabores se harmonizem.
Se tiver bons ovos à temperatura ambiente e os bater com sal e pimenta, juntar as batatas ao tacho, incorporar os ovos e deixar cozer até que estes estejam cremosos, mas não crus, retirar o tacho do lume e deitar o conteúdo numa travessa aquecida, polvilhar com salsa fresca picada e boas azeitonas pretas e servir de imediato.
Será que aí vale a pena escolher um bom vinho? Vale e justifica plenamente a escolha de um topo…
And so on and so on…
Lamento a existência de tanto disparate, pseudo-regras que só servem para confundir.
Presumo (e acho que bem) que quem se atreve a sugerir harmonizações tem que saber o que vai comer e de preferência saber confeccionar o prato…
(imagem retirada de Cozinha Tracicional Portuguesa de Maria de Lourdes Modesto)
Concordo completamente com a cena dos alhos esmagados X alhos picados...
ResponderEliminarBeijinhos.
Abaixo as batatas embaladas e as azeitonas manhosas he he
ResponderEliminarBiba os alhos, as moedas (que sejam muitas a vir do céu) e biba o bacalhau :)
Ana, se disse, está dito! (ainda ando é a arranjar coragem para fazer um Brás de Bacalhau digno de postar...)
ResponderEliminarAmeixinha, assinar por baixo, serve?
E eu continuo com a ameixinha vou mais longe abaixo o paloco(quêm será que disse que aquilo é tal e qual o bacalhau???)E que devemos comprar porque o dito está em vias de extição.Prefiro não comer bacalhau:(((Aquilo é que não entra na minha casa!!!Gostei da seg ter quarta e etc etc assim já percebo (sorrisos)
ResponderEliminarIsabel, eu não tenho nada contra o paloco. Nunca comi, mas admito que em algumas preparações até seja bom, mas não neste belo prato que anda a ser tão maltratado.
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