sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tortilla, omelete ou what else and a bottle of Prova Régia 2009

Há algumas preparações do receituário ibérico que usam quase os mesmos ingredientes e que no fim conduzem a resultados completamente diferentes. Bacalhau, batata, cebola, ovos (e salsa). Pratos onde o bacalhau não quer alho nem tomate nem pimento (e com a presença da cebola a ser sempre discutida). Azeite, azeitonas e broa de milho (em tugal) compõem o ramalhete. Pastéis de Bacalhau e Bacalhau à Brás da Estremadura (nos pastéis de bacalhau a presença da cebola incomoda puristas, naturalmente, tal como numa tortilla Andaluza), na tortilla Basca de bacalao (pronto, essa leva pimentos e malaguetas, mas também leva salsa) e em muitas outras preparações, seguramente... Pequenas diferenças no tempo e no modo como os ingredientes se transformam com o calor, não é mais do que isso, que origina tantas preparações diferentes.

Se quisesse poderia chamar com alguma propriedade a esta preparação, de omelete/tortilla de bolinho de bacalhau (para quem aceita o toque crocante da cebola como uma mais valia num bolinho de bacalhau. Ou pelo menos como uma coisa que não mata o bolinho). Seria a prima salgada da tarte pastel de nata tão apresentada na blogosfera, mas era palerma. Fica um what else...    

Usei bacalhau e batatas previamente cozidas. Esmaguei as batatas com um garfo e desfiz o bacalhau (depois de retiradas peles e espinhas) com os dedos. Piquei uma cebola nova e um ramo de salsa. Misturei tudo numa taça, juntei ovos, temperei com um pouco de sal e pimenta branca moída na hora. Deixei a repousar enquanto aquecia um fundo de azeite numa frigideira. Voltei a mexer bem as coisas que estavam na taça e deitei o conteúdo na frigideira. Deixei cozer por baixo e virei como se fosse uma omelete (ou uma tortilla), deixei finalizar e servi. Com boa broa de milho e umas azeitonas pretas.


A acompanhar, o Prova Régia 2009. Um Arinto de Bucelas, da Companhia das Quintas. Com rótulo renovado, este clássico mantém o seu perfil. Alia os aromas cítricos a algum vegetal, conjuga uma bela acidez a um corpo razoável. Bom na boca, a pedir para ser servido muito fresco (bastará uma manga ou um frappé e ele manterá a temperatura de 10º C a que mais gostará de ser servido). Nota pessoal: 15,5. 


3 comentários:

  1. Que rica tortilha amigo,mesmo linda...

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  2. É uma tortilha com um discurso muito interessante e pedagógico, para além de ter um bom aspecto danado...
    Beijinhos.

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  3. belinha, quando faço comidas, não me distraio :)

    ana, o pequeno texto da introdução não foi mais que uma breve reflexão sobre o uso dos mesmos ingredientes em diferentes preparações. claro que podia ter pensado mais, ter dado mais exemplos e tal, mas isto é apenas um blogue e este post não tem pretensões a ser um qualquer exemplo seja do que fôr.

    mas reflexões mais profundas e intuitos pedagógicos ainda não cabem bem neste contexto. beijinho.

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