Um tema recorrente em conversas e na blogosfera é o da correcta preparação de uma alheira de Mirandela. A forma mais consensual de as preparar é mesmo na brasa se servidas como entrada, ou numa frigideira de fundo espesso sobre lume forte sem gordura, deixando que libertem as suas gorduras e onde depois se salteiam batatas e grelos previamente cozidos se servidas como prato principal. Para salvaguarda do bom aspecto do enchido podem ser preparadas no forno, num tabuleiro de barro a 140º C ou libertas da tripa com uma incisão longitudinal feita pelo exterior e fritas em óleo abundante. Não falha, mas o prazer de degustar uma alheira na sua plenitude de sabores sai diminuído. Mas preparar uma alheira na frigideira de modo a que fique inteira não depende de quem a prepara, mas sim da própria alheira. As alheiras industriais são (quase) virtualmente impossíveis de preparar dessa forma sem rebentarem por todos os lados. Foi o que aconteceu a uma muito honesta alheira de Mirandela que preparei. Apesar de ter picado toda a superfície com um palito e de ter tido algum cuidado com a temperatura, acabou por se desfazer. Mas nada disso interessa...
Enquanto estava a tratar da alheira tinha deitado batatas novas e couve galega (em vez dos grelos, porque na falta de grelos a sério, recuso-me a preparar um molho de grelos do supermercado e ficar com umas folhas que mingam vergonhosamente quando entram no tacho ao mesmo tempo que o balde do lixo fica cheio de talos. Além disso, a acidez da couve galega harmoniza muito bem com a alheira) que cozi. Reservei a alheira e salteei as batatas na gordura da alheira. Reservei e dei igual tratamento à couve. Servi a alheira sobre cama de couve e as batatas ao lado. Uma delícia a pedir um bom vinho...
Enquanto estava a tratar da alheira tinha deitado batatas novas e couve galega (em vez dos grelos, porque na falta de grelos a sério, recuso-me a preparar um molho de grelos do supermercado e ficar com umas folhas que mingam vergonhosamente quando entram no tacho ao mesmo tempo que o balde do lixo fica cheio de talos. Além disso, a acidez da couve galega harmoniza muito bem com a alheira) que cozi. Reservei a alheira e salteei as batatas na gordura da alheira. Reservei e dei igual tratamento à couve. Servi a alheira sobre cama de couve e as batatas ao lado. Uma delícia a pedir um bom vinho...
O Redoma 2006 de Dirk Niepoort. Diálogo, Vertente, Redoma, Charme e Batuta são os cinco vinhos tintos de mesa institucionais de Mr. Niepoort. O Redoma está no meio da gama, abaixo do ícone Batuta e do aristocrático Charme, mas não é por isso que deixa de ser um grande vinho do Douro. Como diz Dirk, o Redoma é o seu Embaixador do Douro, o que não é dizer pouco. Feito a partir de uvas de vinhas velhas orientadas a norte e leste de Touriga Franca e Tinta Roriz com Tinta Amarela, Sousão e Tinto Cão. Escuro e austero, extraído na fruta e pouco marcado pela madeira, polido nos taninos, elegante, muito elegante. PVP: quase 30 €. Nota pessoal: 17.
que maravilha adoro estas alheiras...
ResponderEliminarQuem diria, hem?
ResponderEliminarAté uma alheira das tuas rebentada por todos os lados, como dizes, (porque nunca viste uma das minhas, rebentada por todos os lados!) pode ter um aspecto todo apetecível...
Não poderias ter descrito melhor a cena dos grelos: 1 molhimho de folhas no tacho e o saco do lixo a transbordar... mas quando não se têm «grelos à séria», há que ter paciência... não é?
Beijinhos.
Eu acho que nem das industriais nem das outras, pelo menos nunca me passou pelo estreito alheira que nãotivesse rebentado. Deve ser uma questão físico-quimica: aquilo não tem pele a mais, tem de rebentar. na verdade, eu até gosto do tostado crocante da alheira por fora e dou sempre o tal golpe comprido, polo a polo, de modo a que ela se dispa sem vergonhas, mal chega ao "palco". :-)
ResponderEliminar