sábado, 3 de abril de 2010

Pão Processado


Tenho-me interrogado algumas vezes sobre o melhor acompanhamento e dar a uma alheira numa refeição. As batatas cozidas e salteadas e os grelos salteados são uma aposta segura, naturalmente. Com um arroz de Portobellos também não vão mal. Já que a alheira leva pão, porque não acompanhar com outro pão? E grelos, já agora... Uma açorda de grelos.

Deitei água e um pouco de sal num tacho. Quando a água ganhou fervura, juntei uns grelos e escaldei-os. Retirei os grelos  e deitei a água para cima de carcaças secas fatiadas. Deitei um dente de alho esmagado e cortado finamente e um pouco de azeite no tacho e deixei o alho aromatizar o azeite. Retirei o alho e juntei o pão embebido em água. Fui mexendo até o pão se desfazer numa papa macia. Juntei um pouco de pimenta branca e os grelos. Envolvi tudo e desliguei o lume. Deitei óleo numa frigideira e fritei uma alheira de caça industrial depois de lhe ter feito uma incisão longitudinal do lado exterior. Servi estes dois preparados de pão processado, separadamente. 

6 comentários:

  1. Que tenhas uma Páscoa com muitos "ovos" recheados de felicidade.

    quando fritas assim as alheiras elas largam a pele?
    e não se desmancham todas?

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  2. Assustei-me quando vi o titulo do post. Será que tinhas comprado uma famosa MFP????
    Nada disso. lol.
    Já sei a resposta que vais dar à Margarida: x-acto na pele da alheira...
    Gostei da alheira... dos grelos na açorda não sei, teria de provar, já que a imaginação não chega para tanto...
    Beijinhos.

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  3. Fico traumatizado a ver uma alheira ser tratada assim. Frita. É um verdadeiro crime tanto para a saúde como para a degustação da mesma. Alheira que é alheira (ainda por cima de caça) tem de ser furada e colocada ainda em frio numa "sertã" sem óleos nem azeites. Vai assim ao lume no mínimo. Ela vai perder toda a gordura em excesso (especialmente se for fresca) e vai ficar com um sabor mais intenso e demorado na boca. Com uma textura crocante por fora e mais seca e segura por dentro. Deve-se retirar toda a gordura à medida que esta se vai acumulando. E voltar com a "sertã" ao lume até estar do nosso agrado. A acompanhar um molho de grelos que passam por àgua a ferver e morrem numa pequena batalha de alho e azeite a ferver (bem escorridos) e uma batatas novas cultivadas na zona da Terra Fria em "Trás'osmontes" bem cozidas com casca e no ponto (espetar o garfo e comprovar) sal e louro q.b.

    A alheira assim fica no seu explendor máximo.

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  4. Margarida, esta forma de preparar as alheiras é uma variação da forma como elas são tradicionalmente servidas pelas terras transmontanas e a que recorro quando tenho alheiras industriais. Faço uma incisão por fora com uma faca (pode ser, como diz a Ana, com um x-acto) e deito-as em óleo quente. Com o contacto com o óleo, a pele encarquilha e solta-se. Depois de alourar é virar e servir.

    Ana, a MFP não está, para já, nos meus planos. :)

    bogart, como compreenderá, os seus traumatismos não me tiram o sono. Quanto a crimes de lesa saúde ou mesmo de lesa palatos, o maior crime é haver quem ponha preparados duvidosos no mercado e lhes chame alheiras de caça. Quanto à preparação que refere é de facto uma das minhas preferidas quando tenho boas alheiras de caça. Como é a mais consensual, pela afinação ao longo de séculos...

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  5. Não pretendia de modo nenhum ofender nem ser mais agressivo, peço desde já desculpa se passou essa imagem pelas minhas palavras. E concordo completamente consigo quando fala no crime que é as alheiras serem rotuladas de "caça" só para questões de mkt. Pior ainda é ver o "fumeiro" desgraçado dentro de sacos de plástico individuais. Gordas, deslavadas e sem cor. Isso concordo. Um autêntico crime.

    Essa técnica do corte e da fritura não é aplicada em terras Transmontanas e curiosamente descobri esse método apenas aqui na Capital. Eu não queria de maneira nenhuma insurgir-me contra si. Peço uma vez mais desculpa se pareci tomar essa intenção nas minhas palavras. Foi apenas contra a técnica que considero retirar todo o sabor e "apurado" às mesmas.

    Deixo um enorme abraço e um parabéns pelo seu blog. Descobri recentemente numa das minhas incursões pelo fórum. Movido pela curiosidade grastonómica que me acompanha desde sempre.

    Rodrigo Meneses

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  6. Caro Rodrigo

    Antes de mais, não fiquei ofendido. Como "aterrou" aqui no blog meio de pára-quedas não terá evevtualmente reparado em outras preparações e diferentes discursos sobre a alheira que já postei no blogue.

    Quanto à oferta de alheiras "ensacadas", concordo em pleno consigo. A maior parte são muito más, mas sobre isso também já falei aqui.

    Já agora, esta forma de preparar as alheiras (com a incisão na pele e depois fritas em óleo abundante) conheci-a há mais de 20 anos pela mão da mãe de um grande amigo, mas na Beira Alta. No Porto é usual em restaurantes banais, ainda por cima com um ovo estrelado, batatas fritas, arroz branco e salada.

    A tradição transmontana de grelhar as alheiras na brasa e de as servir sobre uma bela fatia de pão ou broa como aperitivo também é uma bela forma de as degustar.

    Finalizo a reafirmar que não fiquei ofendido (era o que mais me faltava) e que espero que continue a dar a sua opinião em relação às coisas que vou fazendo.

    Um abraço.

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