O atum fresco não é muito consensual. É daquelas coisas que facilmente inspira uma relação de amor/ódio, pelo seu sabor forte e peculiar. Por mim, não o preparo muitas vezes, mas de cebolada ou de tomatada à algarvia sabe sempre bem. Este que ensaiei veio na sequência de uma conversa sobre a melhor wine-pairing para o atum… Vinho tinto, jovem e com bons taninos. Nem precisa de ser muito complexo… Nem muito caro. Vale da Raposa 2007. Custa € 3,99. E atum estufado em vinho tinto? Porque não experimentar?
Deixei atum em postas para o grosso (dois centímetros) a marinar em alho, louro, pimenta e vinagre. Penso que o tempo ideal da marinada seja de oito a doze horas (deixei um dia inteiro e pareceu-me algo excessivo). Cortei uma cebola para o tacho de barro, juntei um fundo de azeite e deixei a cebola ficar transparente. Juntei o atum e selei a carne. Juntei o líquido da marinada e um pouco de vinho tinto a cobrir a carne. O vinho foi o Vale da Raposa que tinha aberto e decantado entretanto. É mais ou menos unânime que uma preparação culinária que leve vinho deverá ser feita com o vinho que a acompanhará. Em geral não sigo esta regra, como é óbvio, mas aqui, com um vinho de quatro Euros, porque não? Tapei o tacho e deixei a estufar em lume muito brando até evaporar o álcool. Deixei a apurar durante o tempo de cozedura de umas batatas. Servi. O atum estava delicioso, nada seco (como facilmente acontece quando se grelha) embora bastante marcado pelo sabor do alho da marinada. O facto de ter sido estufado em vinho tinto deu-lhe um sabor muito próprio. Foi, sem dúvida, uma bela experiência.
Quanto ao vinho… É o vinho de entrada da gama de Domingos Alves de Sousa.
Domingos Alves de Sousa que tem no Quinta da Gaivosa o seu porta-estandarte e nos Vinha de Lordelo e Abandonado dois vinhos de topo, para não falar dos seus Reserva Pessoal (o Reserva Pessoal Branco 2005 que está para sair para o mercado foi provado recentemente na Essência do Vinho e estava absolutamente fantástico) fez este Vale da Raposa com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Barroca. Um vinho proposto a um preço onde andam dos vinhos mais consumidos, como o Monte Velho ou o Esteva. Este 2007 tem fruta aos molhos, taninos presentes sem incomodar e álcool bem integrado. Não é muito complexo, mas para este prato também não era preciso. Um vinho bom e barato para beber sem pensar muito, ou melhor, para pensar que há vinhos bons nesta gama de preços. Fiquei fã…
Eu gosto de atum fresco... assim com vinho tinto nunca experimentei, mas se dizem que é a carne do mar, não há-de ficar mal.
ResponderEliminarBeijinhos.