Tenho-me interrogado algumas vezes sobre o melhor acompanhamento e dar a uma alheira numa refeição. As batatas cozidas e salteadas e os grelos salteados são uma aposta segura, naturalmente. Com um arroz de Portobellos também não vão mal. Já que a alheira leva pão, porque não acompanhar com outro pão? E grelos, já agora... Uma açorda de grelos.
Deitei água e um pouco de sal num tacho. Quando a água ganhou fervura, juntei uns grelos e escaldei-os. Retirei os grelos e deitei a água para cima de carcaças secas fatiadas. Deitei um dente de alho esmagado e cortado finamente e um pouco de azeite no tacho e deixei o alho aromatizar o azeite. Retirei o alho e juntei o pão embebido em água. Fui mexendo até o pão se desfazer numa papa macia. Juntei um pouco de pimenta branca e os grelos. Envolvi tudo e desliguei o lume. Deitei óleo numa frigideira e fritei uma alheira de caça industrial depois de lhe ter feito uma incisão longitudinal do lado exterior. Servi estes dois preparados de pão processado, separadamente.
Que tenhas uma Páscoa com muitos "ovos" recheados de felicidade.
ResponderEliminarquando fritas assim as alheiras elas largam a pele?
e não se desmancham todas?
Assustei-me quando vi o titulo do post. Será que tinhas comprado uma famosa MFP????
ResponderEliminarNada disso. lol.
Já sei a resposta que vais dar à Margarida: x-acto na pele da alheira...
Gostei da alheira... dos grelos na açorda não sei, teria de provar, já que a imaginação não chega para tanto...
Beijinhos.
Fico traumatizado a ver uma alheira ser tratada assim. Frita. É um verdadeiro crime tanto para a saúde como para a degustação da mesma. Alheira que é alheira (ainda por cima de caça) tem de ser furada e colocada ainda em frio numa "sertã" sem óleos nem azeites. Vai assim ao lume no mínimo. Ela vai perder toda a gordura em excesso (especialmente se for fresca) e vai ficar com um sabor mais intenso e demorado na boca. Com uma textura crocante por fora e mais seca e segura por dentro. Deve-se retirar toda a gordura à medida que esta se vai acumulando. E voltar com a "sertã" ao lume até estar do nosso agrado. A acompanhar um molho de grelos que passam por àgua a ferver e morrem numa pequena batalha de alho e azeite a ferver (bem escorridos) e uma batatas novas cultivadas na zona da Terra Fria em "Trás'osmontes" bem cozidas com casca e no ponto (espetar o garfo e comprovar) sal e louro q.b.
ResponderEliminarA alheira assim fica no seu explendor máximo.
Margarida, esta forma de preparar as alheiras é uma variação da forma como elas são tradicionalmente servidas pelas terras transmontanas e a que recorro quando tenho alheiras industriais. Faço uma incisão por fora com uma faca (pode ser, como diz a Ana, com um x-acto) e deito-as em óleo quente. Com o contacto com o óleo, a pele encarquilha e solta-se. Depois de alourar é virar e servir.
ResponderEliminarAna, a MFP não está, para já, nos meus planos. :)
bogart, como compreenderá, os seus traumatismos não me tiram o sono. Quanto a crimes de lesa saúde ou mesmo de lesa palatos, o maior crime é haver quem ponha preparados duvidosos no mercado e lhes chame alheiras de caça. Quanto à preparação que refere é de facto uma das minhas preferidas quando tenho boas alheiras de caça. Como é a mais consensual, pela afinação ao longo de séculos...
Não pretendia de modo nenhum ofender nem ser mais agressivo, peço desde já desculpa se passou essa imagem pelas minhas palavras. E concordo completamente consigo quando fala no crime que é as alheiras serem rotuladas de "caça" só para questões de mkt. Pior ainda é ver o "fumeiro" desgraçado dentro de sacos de plástico individuais. Gordas, deslavadas e sem cor. Isso concordo. Um autêntico crime.
ResponderEliminarEssa técnica do corte e da fritura não é aplicada em terras Transmontanas e curiosamente descobri esse método apenas aqui na Capital. Eu não queria de maneira nenhuma insurgir-me contra si. Peço uma vez mais desculpa se pareci tomar essa intenção nas minhas palavras. Foi apenas contra a técnica que considero retirar todo o sabor e "apurado" às mesmas.
Deixo um enorme abraço e um parabéns pelo seu blog. Descobri recentemente numa das minhas incursões pelo fórum. Movido pela curiosidade grastonómica que me acompanha desde sempre.
Rodrigo Meneses
Caro Rodrigo
ResponderEliminarAntes de mais, não fiquei ofendido. Como "aterrou" aqui no blog meio de pára-quedas não terá evevtualmente reparado em outras preparações e diferentes discursos sobre a alheira que já postei no blogue.
Quanto à oferta de alheiras "ensacadas", concordo em pleno consigo. A maior parte são muito más, mas sobre isso também já falei aqui.
Já agora, esta forma de preparar as alheiras (com a incisão na pele e depois fritas em óleo abundante) conheci-a há mais de 20 anos pela mão da mãe de um grande amigo, mas na Beira Alta. No Porto é usual em restaurantes banais, ainda por cima com um ovo estrelado, batatas fritas, arroz branco e salada.
A tradição transmontana de grelhar as alheiras na brasa e de as servir sobre uma bela fatia de pão ou broa como aperitivo também é uma bela forma de as degustar.
Finalizo a reafirmar que não fiquei ofendido (era o que mais me faltava) e que espero que continue a dar a sua opinião em relação às coisas que vou fazendo.
Um abraço.