domingo, 16 de maio de 2010

Duas Quintas - da Alorna Reserva Tinto 2007 e de Cabriz Colheita Seleccionada Branco 2009

Para mim vai sendo cada vez mais claro que os vinhos baratos estão cada vez melhores e que os muito caros de há meia dúzia de anos atrás agora estão apenas caros. Contudo, há limites de preço abaixo dos quais não é possivel comercializar um vinho decente de uma forma séria, sob pena de toda a gente ter prejuizo. Como há limites de qualidade abaixo dos quais é preferível beber cerveja. Ou água...  

Depois de ter provado alguns vinhos abaixo de 5 € (maioritariamente adquiridos no Pingo Doce) tive algumas boas surpresas. O Vale da Raposa de Domingos Alves de Sousa, por exemplo. Na sua primeira edição, saía a 4,49 €, agora custa 3,99 €. Honesto, bem feito e a dar um cheirinho de Douro (um pouco como alguns equipamentos de áudio dos anos 80 e 90 que quando eram postos a tocar ao lado de outros que custavam o dobro ou o triplo, conseguiam não sair nada mal), muito agradável na mesa, desde que devidamente arejado e servido a uma temperatura correcta. Ou o Lóios tinto 2008 de João Portugal Ramos, também proposto a 3,99 € e que mantem o perfil tradicional dos vinhos do Alentejo, mas aqui aliado a uma frescura que o tornam uma excelente proposta. E o Casa de Santar? Um vinho da Dão Sul que "ganhou" mais que uma vez a prova da Revista de Vinhos para tintos abaixo dos 4 € (claro que nunca custava menos de 4,49 € e na ultima prova já não entrou, mas isso para o caso pouco interessa) e que nos mostra porque é que os vinhos do Dão já foram dos mais consumidos por terras Lusas. Ou o Adega de Pegões Colheita seleccionada branco. Custa 2,99 €, uma tentação. Apenas para dizer que é possível beber vinhos bem feitos, sem defeitos e acima de tudo com boa aptidão gastronómica sem gastar fortunas.

As escolhas aqui propostas são vinhos de quinta. Não no sentido de vinho de garagem ou de marquise.  São vinhos que se encontram em qualquer hipermercado.

O Quinta da Alorna Touriga Nacional Cabernet Sauvignon Reserva 2007 de Nuno Cancella de Abreu alia a melhor casta portuguesa à melhor casta francesa (é o que diz no contra-rótulo). Começa por se destacar na prateleira pelo cuidado posto na escolha da garrafa e no desenho do rótulo, a indiciar um vinho a custar muito mais do que os 5,99 € pedidos. Um selo dourado aposto à direita do rótulo compõe o ramalhete. Foi refrigerado e decantado e ficou uma hora e tal a arejar. Marcado pelas elegantes notas da barrica, pelo floral da touriga e pelo especiado do cabernet. Um vinho honesto, complexo a que apenas falta algum corpo para aspirar a mais altos vôos. Ao preço é uma pechincha. Nota pessoal: 16,5.


O Quinta de Cabriz colheita seleccionada 2009 é um branco de Malvasia Fina, Encruzado, Bical e Cerceal. Feito pelo Eng. Carlos Lucas, da Dão Sul. Cítrico, fresco, mostra que vale muito bem os 2,99 € pedidos. Mas a Dão Sul é mestra em produzir vinhos de qualidade a preços cordatos. Nota pessoal: 15.  


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