Nestas oito semanas de trilogia com a Ana e o Luís, temos tido oportunidade de ensaiar preparações que apenas obedecem ao tema lançado pelo proponente e que (por mim falo) tem dado coisas que se calhar, não fosse este desafio semanal, nunca ou dificilmente apareceriam. O tema da semana - a broa - foi proposto pelo Luís. Com o fim de semana a coincidir com o Natal, não houve grande tempo para pensar muito e a minha abordagem a esta proposta/desafio acabou por ser quase em cima do joelho e quase sem rede, já que foi feita hoje ao jantar. Dentro das possiveis abordagens, ficaram logo uma série delas de fora, como fazer broa ou fazer uma preparação em que a broa fosse muito processada. Acabou por ficar a vontade de harmonizar a broa com uma galinha (era uma inteira e gorda, com ovos e respectivos miúdos e que deu uma canja fabulástica e da qual reservei os supremos, bem como as coxas e as sobre-coxas). Deixei parte da galinha a marinar em vinho branco, alho e um pouco de azeite de um dia para o outro; depois deitei azeite no fundo de um tacho e levei a lume forte. Juntei os pedaços da galinha e deixei alourar. Juntei uma cebola picada e o liquido da marinada e deixei a estufar em lume muito brando. Quando a galinha estava macia, juntei um ar de pimenta, sal marinho e aquela mágica mistura de especiarias que quando acolita o frango quase obriga a um arroz branco a acompanhar - o caril. Aqui o acompanhamento foi muito menos neutro.
Resolvi fazer umas migas com boa broa de milho e couve galega. Outro tacho, mais azeite, um dente de alho esmagado e cortado, a broa partida em pedaços pequenos e couve galega cortada quase como se fora para caldo verde. Um pouco de água para hidratar a couve e vai de mexer em lume médio, até harmonizar sabores (não queria uma papa). Já agora e para que a broa tivesse dois momentos no prato e para eu, se quisesse, chamar ao prato, galinha de caril com broa em dois momentos, resolvi servir um supremo da galinha sobre uma fatia da mesma broa, aqui com um pouco do molho de caril. Servi assim, sem mais e ainda estou a pensar que algumas harmonizações pouco canónicas, dão pratos interessantes, como este...
E já que estava numa de quebrar "regras" (sejam lá essas senhoras quem forem) resolvi esquecer um vinho branco que seguramente ligaria/mariadaria bem aqui, com o supremo seco da galinha e com o caril e atirei-me de cabeça a um vinho tinto low-cost do nosso Além-Tejo que estranhamente, apesar de ser muito pouco falado, é muito bom, barato e fácil de encontrar. Feito na Herdade do Porto da Bouga, em Alegrete, com Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah, estagia oito meses em carvalho Francês e Americano. Um vinho tinto do Enólogo António Saramago que surpreende sempre pela frescura e pela boa acidez. Cheio de fruta, com a madeira no ponto certo, é um vinho feito para o Pingo Doce e que agora baixou o preço (custa € 3,99), o que o torna numa das propostas mais interessantes nesta gama de preços. Obrigatório...
Sem dúvida um prato de dar alento a uma noite fria como esta, com essa açorda/polenta a fazer salivar.
ResponderEliminarMuito bons os rumos que estas trilogias tomam... e agora a bola está a Norte!
Ena ena... saiu doce, saiu recheio e saiu acompanhamento.
ResponderEliminarPara quem diz que fez sem rede, a galinha e as migas saíram muito bem...
Quando quebras as regras não te sais nada mal, talvez porque as conheces tão bem!
Tudo de bom para ti e para os teus, em 2011.
Beijinhos.