Desta vez, para a trilogia das quartas-feiras com a Ana e o Luís, fui eu que sugeri o mote: Arroz ou o arroz do nosso contentamento, seja lá isso o que fôr... Tendo perfeita noção que ambos iriam apresentar belas interpretações desse prato (de arroz) que dá para tudo, desde os mais delicados mariscos às carnes mais violentas, com sangue e tudo, optei por uma preparação sem receita pré-definida e sem forno, embora a tentação de fornear alguns arrozes seja sempre grande...
Escolhi uma carne quase unânime, entrecosto de porco, como base da minha preparação. Comprei um pedaço de entrecosto quase sem gordura e pedi para mo cortarem em pedaços pequenos, com carne à volta dos ossos, sem esquírolas e pouco mais. Deixei em vinha de alhos de um dia para o outro (com o vinho escolhido a ser o nóvel Contemporal branco da região dos vinhos verdes, feito pela Borges, escolhido por Aníbal Coutinho e que integra a nova marca de vinhos da Sonae).
Comecei por picar grosseiramente uma cebola e uns dentes de alho. Deitei-os num tacho, cobri com azeite e levei a lume esperto até a cebola estar translúcida. Juntei os pedaços de entrecosto previamente escorridos do líquido da marinada e fui mexendo, sempre em lume esperto, até o entrecosto estar alourado. Juntei o líquido da marinada, um ramo pequeno de salsa, uma folha de louro, pimenta preta e malagueta em pó, uma colher de massa de pimentão e um ar de pimentão doce. Juntei ainda água suficiente para no fim do processo de estufagem da carne, sobrar líquido para o arroz cozer e ficar amalandrado. Deixei a estufar em lume brando (cerca de uma hora) e quando a carne estava macia, juntei arroz carolino, o melhor para estes arrozes. Quando começou a levantar fervura, juntei grelos partidos grosseiramente e envolvi-os na mistura. Depois foi deixar cerca de dez minutos a fervilhar e desligar o lume. Deixei assim, a harmonizar sabores durante mais cerca de três minutos e servi...
O vinho escolhido para acompanhar este belo arroz foi o Quinta das Baceladas 2004. É um vinho Bairradino das Caves Aliança, feito por Pascal Chatonnet e Francisco Antunes, com uvas de Cabernet Sauvignon, Merlot e Baga de vinhas da zona de Cantanhede. Estagiou um ano em barricas novas de carvalho francês e foram feitas 37.901 garrafas mais 596 magnuns. O PVP ronda os € 10,00 e tem uns robustos 14,5º de álcool. Nesta edição de 2004 saiu muito equilibrado, com as três castas a jogarem em equipa e com a madeira a marcar o vinho sem grandes excessos. Ao fim dos quase cinco anos que leva de garrafa está muito agradável e pronto para aguentar mais uns anos em garrafa. Mais um clássico da Bairrada com uma relação qualidade/preço invejável...
Muito interessante essa idéia de juntar ao mesmo arroz o entrecosto e os grêlos, com um resultado que quase dá para sentir o sabor.
ResponderEliminarEsse Baceladas é um belo exemplo da "escalada" que o álcool vai fazendo por aí, grau a grau enche a galinha, perdão, a garrafa... 14,5º é obra robusta como lhe chamas. Qualquer dia os vinhos passam todos à categoria de "generosos" sem a gente dar por isso!
Belo arroz com um entrecosto muito bem escolhido, sem gorduras vísiveis e com o pormenor de «sem esquírolas» que achei uma delícia...
ResponderEliminarSurpreeendente (pelo menos para mim...) foi a companhia dos senhores grelos!
Já mandei proposta para dia 22...
Beijinho.
Huuummm!!!
ResponderEliminarEstes sabores são uma maravilha!
Um abraço