quarta-feira, 16 de maio de 2012

Trilogia 80, a dos aproveitamentos...


Nesta trilogia o tema que o Luís sugeriu a mim e à Ana foram os aproveitamentos. E aproveitamento significa que há algo a aproveitar (thanks, mr. LaPalisse) e aqui o aproveitamento até foi duplo. O mote foi uma garrafa de Herdade Grande 2009, um vinho tinto do Alentejo, da Vidigueira e de António Lança de que gosto bastante. Apesar de não ser sempre feito com as mesmas castas, mantém alguma constância no que à qualidade concerne. Bem feito, oferece muita qualidade ao preço (cerca de € 8,00) e é uma excelente companhia para pratos de carne e de tacho, bem condimentados.

Num primeiro momento, o vinho foi servido com entrecosto de porco cortado em pedaços, que rebolou em azeite e a que juntei sal, umas rodelas de bom chouriço, cebola e alho grosseiramente picados, uma malagueta, pimentas do almofariz, polpa de tomate e uma folha de louro e que deixei uns minutos em lume médio, mexendo sempre. Juntei vinho branco e quando levantou fervura baixei o lume para o mínimo e deixei a estufar durante cerca de quarenta e cinco minutos. Servi com batatas e brócolos cozidos.  


O vinho foi decantado e servido a 18º C. Notas de fruta bem madura, madeira qb e alguma frescura a contrariar a origem (vidigueira, quente, quente, quente...). O vinho que sobrou voltou para a garrafa, que voltou a ser rolhada e metida no frigorífico. A carne que sobrou rumou a uma caixa daquelas com fecho hermético (frigoverre, dá dez a zero às porcarias da tupperware e custa muito menos) que por sua vez rumou ao frigorífico.

No dia seguinte, deitei o entrecosto num tacho e levei-o a lume brando. Juntei arroz carolino, envolvi tudo e acrescentei água (duas vezes o volume do arroz). Deixei o arroz cozer doze minutos e juntei um pouco de salsa picada para refrescar o prato. Servi com o vinho.


Nesta coisa dos aproveitamentos, mormente se se trata de carnes estufadas ou assadas, o aproveitamento muitas vezes é melhor que o prato original, já que pela redução de líquidos do molho, o sabor fica mais intenso e apurado. Claro que haverá que ter o cuidado de não deixar as coisas demasiado tempo ao lume. O arroz ficou excelente e o vinho estava mais macio e até mais balsâmico, apesar de ter sido decantado na véspera... 



2 comentários:

  1. Tens razão...o prato do aproveitamento ficou mais tentador do que o seu original.
    É claro que tem a ver com o apuramento do molho...
    Desta vez falaste « difícil» sobre o vinho!
    Beijinhos.

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  2. Não tenho nada a criticar ao seu "post", mas lembro que nisto de aproveitamentos, o que me vem logo à cabeça são as nossas tradicionalíssimas duas roupas-velhas, de cozido e de bacalhau. Também, à francesa, e com confessado gosto de Balzac, o hachis parmentier, a que não pedem meças os nossos pratos de restos de carne assada (empadão, pasteis de massa tenra, etc).

    Mas, dito isto, apetecia-me a sua sugestão. Hei de fazê-la.

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