terça-feira, 15 de maio de 2012

Quinta das Bágeiras Espumante Bruto Natural Velha Reserva 1993

No universo vínico português há uma pessoa que prezo muito e de quem gosto muito, o Mário Sérgio Alves Nuno, produtor Bairradino que não vai em modas e pirotecnias da enologia e que cria alguns dos mais desconcertantes vinhos portugueses. Produz - nos tranquilos - vinho branco, rosé e tinto colheita, tinto reserva e branco e tinto garrafeira (Bágeiras e o nóvel Pai Abel) e espumantes (todos) brutos naturais, reserva (também aqui em branco, tinto e rosé), grande reserva e velha reserva (por enquanto, só brancos), para além das aguardentes, vínicas e bagaceiras. 
Castas tradicionais da Bairrada a pontuar - Bical e Maria Gomes (mais o Cercial e o Rabo de Ovelha) nas brancas e Baga (mais a Touriga Nacional) nas tintas - recurso aos velhos tonéis avinhados e a aceitação do terroir sem máscaras parecem ser um caminho simples de seguir, mas seguramente não o é. Será talvez e apenas o mais directo para a excelência dos vinhos. 
E se nos garrafeira, brancos e tintos são portentosos, nos colheita são os brancos que desafiam tudo e todos, como os da colheita de 1994, lançados há dois anos atrás. Um extreme de Bical, outro de Maria Gomes e um de lote compuseram um santo trio. Estão agora no mercado algumas garrafas da colheita de 2005, a par do 2011 que está fantástico. E nos espumantes, um lançamento duma série mais que limitada (300 garrafas) da colheita de 1993. 


Um espumante com quase vinte anos (com dégorgement feito em Agosto do ano passado) e numa tão limitada edição merece ser provado em boa companhia e foi num jantar com o Gus, meu amigo há vinte e cinco anos que o abri. Notas de mel, bolha fina e delicada, excelente acidez, fresco, pleno na boca e com um longo final onde até apareciam notas de frutos secos, típicas dos tawnies com alguma idade são descritores válidos, mas que pouco dizem da grandiosidade deste vinho. Provar este espumante foi, para mim, voltar a ter a certeza de que a bairrada dá grandes vinhos e que não será por acaso que foi por aquelas bandas que se começou a fazer espumante em portugal. Grande, grande vinho, sem dúvida o melhor bolhinhas que já bebi. Velha reserva 1993, com direito a rótulo de época e tudo :)


Os vinhos seguintes no alinhamento do jantar puderam ser provados objectivamente, se é que se pode ser objectivo depois de tão grande espumante... Quinta das Bágeiras Garrafeira 2010 (já referido aqui) excelente, a mostrar que precisa de comida e Duorum Reserva Vinhas Velhas 2007, muito bem feito e de que falarei noutro post.


Deixo aqui o contra-rótulo da garrafa 267/300 do espumante. Garrafa oferecida pelo Mário, não sei quanto custa, nem se alguma vez terei a oportunidade de o voltar a provar. Mas fico com a sensação de que nem com champagnes de topo irei voltar a sentir o que senti ao beber um bolhinhas assim. É que este não era de Pinot Noir, era de Bical, Maria Gomes Cercial e Rabo de Ovelha e foi feito ali, na Bairrada.


1 comentário:

  1. Viva,

    Fantástico jantar, com excelentes vinhos e óptima companhia.

    Abraço.

    ResponderEliminar