sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma Estranha Francesinha na Cunha

Confesso que a Confeitaria Cunha tem, para mim uma das salas mais agradáveis que conheço. Bem desenhada, com uma luz e um ambiente muito interessantes. A cozinha não é má e tem a vantagem de estar aberta até às duas da manhã, sendo por isso uma boa opção para um jantar tardio ou uma ceia.
Bem, fui lá "cear" e sugeriram-me uma coisa que nunca tinha comido: uma francesinha com leitão assado à Bairrada em vez do Bife. Eu costumo dizer que francesinha é francesinha e não alinho nas variantes com camarão e sei lá que mais. Mas pensei melhor e decidi experimentar (se não gostasse podia sempre jurar a pés juntos que não, nunca tinha provado). Curiosamente gostei...




quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Blogue no Portal ParaCozinhar

O Portal ParaCozinhar é um projecto recente e está a crescer bem. Recomendo uma visita. Este espaço está lá em destaque.


terça-feira, 24 de junho de 2008

São João do Porto e as Sardinhas Assadas

Bem, o tempo estava uma porcaria, mas pelo menos jantaram-se umas belas sardinhas e bebeu-se um vinho verde tinto, o Boca de Sapo, que não era nada mau...




segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ensopado de Borrego by me

Este ensopado resultou de uma adaptação do Ensopado à Moda de Borba referenciado no Cozinha Tradicional Portuguesa, da Maria de Lourdes Modesto. Assim, em tacho de barro, deitei azeite, cebola em rodelas, alhos esmagados, pimenta preta, cravinhos e um pouco de sal e o borrego por cima. Deixei "suar" a carne, juntei whisky e vinho branco e deixei estufar em lume brando; quando a carne estava macia, juntei batatas e água (a ferver) e deixei em lume brando; quando as batatas estavas quase cozidas, juntei coentros e deixei apurar sabores.
Entretanto fatiei finamente um belo pão, dispus numa travessa e deitei por cima o caldo do ensopado.
Acompanhei com um Casa do Cadaval Reserva 2003.

notas
_em relação à receita original não salteei o borrego nem adicionei louro ou colorau.






sexta-feira, 20 de junho de 2008

Oporto Fried Chicken

O frango (coxa e sobrecoxa a que retirei a maior parte da pele) ficou umas horas a marinar em sumo de laranja e foi ao forno lento para "cozer" sendo regado com o molho da marinada para não secar; entretanto, aproveitei para confitar a pele do frango e reservei a gordura.
Cozi batata com pele que retirei depois de cozida e juntei uma noz de manteiga, natas e noz moscada fazendo um puré que levei ao forno a gratinar.
Entretanto salteei o frango na sua gordura numa sertã e servi com saladas de alface e tomate.




quinta-feira, 19 de junho de 2008

Galinha à Moda de Kiev

A galinha à Moda de Kiev é daquelas coisas que comi algumas vezes mas que nunca tinha feito; confesso que a minha preparação superou quase todas as que já tinha provado. Fiquei rendido.
Acompanhou com Super Bock Abadia Gourmet Gold e Ruby (prefiro a Gold), que ,sendo bastante boas, não lhes consigo perceber as apetências gastronómicas que a publicidade refere.
Segue a receita, tirada do Doze Meses de Cozinha.






terça-feira, 17 de junho de 2008

Finalmente Sardinhas

Ainda não tinha comido sardinhas assadas este ano. Estas eram fresquíssimas (vieram praticamente do mar para o fogareiro) e foram muito bem grelhadas por quem sabe (não, não fui eu...) e que bem que souberam com um Quinta do Alto da Senhora da Guia Branco de 2006.



A Manteiga das Marinhas

Porque é que a minha manteiga favorita é tão difícil de encontrar à venda?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Escalopes de Vitela Mirandesa com Molho de Queijo e Couve em Vinho com Molho de Iogurte

Finalmente consegui comprar uns escalopes de vitela razoavelmente finos (a ideia era fazer uma adaptação dos escalopes cordon bleu, mas não eram suficientemente finos...). Assim, decidi fazer isto:

_cozi couve branca em vinho branco, com um toque de balsâmico e reservei o líquido;
_salteei os escalopes em manteiga e reservei;
_misturei a couve com iogurte natural e fiz um molho com manteiga, na qual deitei o líquido de cozer a couve e deixei reduzir; juntei queijo de ovelha amanteigado e deixei acabar de cozer.

Servi com um Quinta de Porrais branco de 2006 (um dos meus brancos de referência, pela excelente relação qualidade/preço)








sábado, 14 de junho de 2008

Uma Massada de Safio

O Safio é um peixe de que gosto particularmente (apesar dequelas malditas espinhas...), não o dispensando numa caldeirada. Já numa massada, gosto muito de fazer com cherne ou tamboril; experimentei fazer uma massado com o safio; ficou a estufar em fogo muito baixo numa mistura de cebola, alho, azeite, polpa de tomate (muita...), pimentão doce, sal, pimenta preta, pimento amarelo e vinho branco (foi feito com o Quinta do Sobral encruzado 2006 que depois servi a acompanhar); quando estava quase cozido, juntei a massa, rectifiquei os temperos e adicionei um pouco de água a ferver. Quando a massa estava al dente, juntei salsa e servi com o vinho atrás referido.
Nota: é uma regra interessante a que refere que quando se cozinha com vinho, deve-se servir a comida com esse vinho ou pelo menos com um de perfil próximo. Aqui resultou em pleno...






quarta-feira, 11 de junho de 2008

O Porto Cruz Vintage 2000

A empresa do Vinho do Porto Gran Cruz destina a grande maioria da sua produção ao mercado da exportação (principalmente para França) e não tem grande fama cá no burgo. Contudo, a produção de um milhão de garrafas do Vintage de 89 (acho que nunca se tinham produzido produzidas tantas garrafas de um vintage) e a oferta a um preço muito razoavel (€ 12,50 na feira de vinhos do Carrefour de 2006) levaram a que muita gente se tivesse iniciado no mundo dos Portos Vintage (claro que as ocasiões para abrir um vintage são raras, quer pelo seu preço, quer pela necessidade de ser consumido num prazo curto, o que leva a que se abra apenas para grupos de seis ou mais apreciadores);
Neste caso, o Vintage de 2000 (não me lembro quanto custou, mas deve ter andado pelos 12 ou 13 Euros) é um vinho que, não sendo uma referência da colheita de 2000, se apresenta bastante interessante; foi uma bela companhia para um Queijo das Serras de Penela curado (uma mistura de vaca, cabra e ovelha, para fugir aos incontornáveis Serra da Estrela, Azeitão e outros).





segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Cozinha Canibal

“A Cozinha Canibal é uma das obras representativas do estilo pânico, cultivado por Roland Topor (1938-1997). Trata-se de um livro de culinária onde se descrevem, com a minúcia do homem prático, suculentos pitéus exclusivamente destinados aos mais finos apreciadores de iguarias. Ao mesmo tempo, neste grotesco mundo que vemos tentacularmente crescer de pernas para o ar, descobrimos nas receitas e conselhos de Topor um alimento necessário à insubmissão.”














Este livro é absolutamente desconcertante; muito bem escrito e com uma “atmosfera” a fazer lembrar Kafka, Boris Vian ou Pasolini, um humor acutilante e requintado como o de Woody Allen, mas corrosivo como o de Alberto Pimenta ou João César Monteiro e talvez chocante para a maior parte das pessoas…

Seguem excertos:

“Maître d’Hotel à la Diable”

“Agarrem no maître d’hotel à bruta e esvaziem-no. Limpem-no bem, rachem-lhe as costas da cabeça até ao rabo e coloquem-no numa grelha bastante quente, sem o deixar pegar. Ponham sobre uma almofada uma noz de manteiga do tamanho da cabeça dele com salsa picada, sal e pimenta. Quando o maître d’hotel estiver grelhado, instalem-no sobre a almofada e sirvam numa poltrona. Podem acrescentar-lhe um cigarro e flamejá-lo com conhaque.”

“Bebé a la Brissac”

Cortem o bebé em fatias não muito grossas; passem-nas por manteiga quente até ganharem cor, depois temperem-nas com alhos e salsa picada, deixem aquecer cinco minutos, polvilhem com uma colher de farinha, e quando a farinha estiver bem misturada com a carne, molhem-na com uma lágrima e copo de leite. Ponham sal e pimenta quanto baste e deixem cozer durante uma hora. Dez minutos antes de servir, acrescentem uma colher de xarope contra a tosse.
Esta maneira de preparar o bebé é excelente, posto que longe de endurecer a alma, amolece-a.”

“Por alguns instantes gostava de dispor da pena de um Brillat-Savarin para elogiar as qualidades de um bom braço de alpinista cozido no gesso.”


Et voilá…

Dois em um ou um Pernil Cabeça de Crocodilo

O titulo até pode lançar confusão, mas na realidade, limitei-me a fazer umas incisões num pernil de porco fumado e levei a tabuleiro a assar, juntamente com uma morcela da Beira a que posteriormente juntei uma alheira e sobre um fio de azeite.
À parte cozi uma couve...

Deitei a couve no fundo de uma travessa, dispus fatias de broa à volta, bolinhas de alheira e rodelas da morcela assada e um fio de azeite. primeira parte.

Fiz uma salada de feijão branco com cebola, azeite e hortelã e servi com o pernil (que parecia mesmo uma cabeça de crocodilo). segunda parte.

Os dois pratos foram servidos em simultâneo a acompanhar um Vila Santa 2005.








sexta-feira, 6 de junho de 2008

Uma Grande Lula

Aceitam-se sugestões para preparar esta lula...

Bom fim de semana



quinta-feira, 5 de junho de 2008

1º Aniversário do Blogue
















Pois é, o blogue faz um ano...

(Já agora, alguém sabe que castelo aparece na imagem?)


Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas - doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Álvaro de Campos