quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Canja de Galinha...


Canja de galinha... Mais um daqueles pratos simples e reconfortantes e acima de tudo, muito maltratados pelos cubos mágicos que conseguem a proeza de, com mil e um sabores diferentes deixarem todas as comidas a saber ao mesmo... Faz lembrar uma experiência dos tempos de Faculdade, quando ia muitas vezes jantar à cantina do ISCAP (na altura, na Rua de Entreparedes, a mais próxima de casa, que a "minha" cantina de Belas Artes só servia almoços). A cantina era num piso abaixo da cota da rua e o acesso era feito por uma rampa. Quando se começava a descer a rampa, vinha da cozinha um cheiro a comida. Cheiro da comida da cantina, sempre o mesmo quer fosse frango assado ou peixe estufado. E o sabor até era parecido, graças aos calduços que a cozinheira enfiava na comida. Apenas referi os caldos porque depois de googlar um bocado, não consegui encontrar nenhuma receita de canja que não fosse enriquecida com um caldo de galinha... Disse enriquecida? Queria dizer empobrecida, assim é que é.

A origem da canja parece ser ser indiana. Caldo de arroz, ou canje, o peze indiano que consistia num caldo de arroz a que se adicionavam ervas aromáticas. Mais tarde adicionou-se a galinha. Canjas há muitas, desde o caldinho domingueiro dos restaurantes banais à canja completa do Brasil. A canja de bacalhau e a de conquilhas fazem parte do receituário tradicional Tuga.

A minha é feita com galinha, um pouco de chouriço, uma cebola, uma folha de louro, uma casca de limão e um dente de alho picado, sal e pimenta moída que vão ao lume numa panela com água a cobrir a galinha. Quando a galinha está cozida, retira-se e limpa-se de pele e ossos e faz-se em pedaços pequenos (que caibam na colher). Côa-se o caldo (se a galinha for muito gorda, arrefecer o caldo e retirar parte da gordura), junta-se a cebola e passa-se o caldo com a varinha. Junta-se a galinha, massinha e leva-se de novo ao lume até a massa cozer (cerca de oito minutos). Polvilho com salsa fresca cortada fina.

Quanto à salsa, é mesmo opção minha. Vale a pena experimentar com hortelã fresca. Juntar umas gotas de sumo de limão depois de servir também é uma opção válida. Em relação à massinha... Apenas porque gosto mais do que com arroz. Ainda em relação aos caldos... A galinha coze com o chouriço (pouco) para dar um toque de fumo, a cebola que irá tornar o caldo mais aveludado, o louro que vai dar um toque vegetal à carne da galinha, a casca de limão que dá umas notas cítricas e torna menor o peso da gordura no caldo, o alho que perfuma o caldo e a pimenta que aromatiza a carne. Cada elemento com uma função específica para tornar numa refeição de excelência aquilo que um caldo transformaria numa coisa desengraçada, banal e industrial...

3 comentários:

  1. 1000% de acordo em relação aos nefandos cubinhos da cantina e de todo o lado. Aquilo é pior que esporos, andam por aí à solta e, pior, depois de usados não se vêem. Mas sentem-se, oh se sentem!
    Fico sempre a pensar nestas canjas com muitas coisas e um dia ainda vou experimentar: é que a minha canja é apenas, frango ou galinha, miúdos, água, sal e sumo de limão já no prato. Pode ter uns baguinhos de arroz muito cozido ou massinhas miúdas, tipo letrinhas ou pontinha, mas mesmo mais nada e custa-me a imagnar o efeito dos outros sabores. Lá irei...

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  2. OPA!!! já dá para comentar?
    que saudades de deixar uma palavra a este doce cozinheiro... eh eh eh
    a tua canja, como tudo o que tu fazes, está um espectáculo.
    quando é que me convidas para jantar?

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  3. A minha canja é bem mais simples,,, nada de chouriço,nem de louro nem de salsa... (ainda se fossem coentros, lol!!!!)
    Que bem cheira este post! Gostei da converseta à volta da canjinha...
    Beijinhos.

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