Tenho para mim que as regiões agora menos amadas do portugal vínico, como a Bairrada, Bucelas ou o Dão poderão vir a dar cartas num futuro próximo, graças à qualidade e persistência dos homens que lá fazem os vinhos.
O Dão passou de bestial a besta muito rapidamente na segunda metade do século passado, mas muito graças a Álvaro de Castro, Manuel Vieira e Carlos Lucas, irrompeu neste século a fazer vinhões. Claro que a maior parte dos bons vinhos ainda não se encontram facilmente na distribuição. Ainda é preciso ir a Nelas, na primeira semana de Setembro e falar com os produtores. E já agora, comprar vinho.
E se os três enólogos acima referidos se podem julgar por culpados pela visibilidade do Dão, outros há que estão agora a dar novos frutos. Uma estrela é o António Narciso, culpado por manter a excelência dos vinhos da Quinta da Fata e consolidar a excelência da Quinta das Marias, enquanto se dedica a outros projectos, como o da Fonte do Gonçalvinho.
Já tinha feito ali um belo rosé e a partir de 2010 abalançou-se a produzir vinhos de excelência a partir de vinhas novas. Há Touriga Nacional, há Tinta Roriz e há este Inconnu, do qual não se sabe nada. Apenas se vê um 100% no rótulo e se vislumbra um sorriso de gozo quando se tenta "adivinhar" que vinho será esse.
É novo, muito novo, algo guloso, prazenteiro até, precisa de refrigeração e de decanter e no copo surge quase roxo, muito concentrado, mas com taninos amigos. No meio da gulodice nota-se muita estrutura e vontade de descansar uns anos em cave para se mostrar. Gostei muito.
Acolitei-o com um cozido feito com entrecosto, galinha, vitelão, barriga de porco fumada, chouriço de vila de rei, de porco preto e preto de porco preto, moura de lamego, farinheira de porco preto, couves, batatas, nabos e cenouras. E que bem ligaram :)
Sem comentários:
Enviar um comentário