Quando um produtor faz vinhos de topo, será de esperar que os seus vinhos mais baratos se imponham como referências no segmento de mercado onde estão metidos.
Esta afirmação pode parecer parva, mas fará muito sentido para uma pequena parte dos consumidores, aqueles que já deixaram de escolher o vinho pelo preço ou pela região e procuram valores seguros, baseados no nome do produtor. E se o Álvaro de Castro é um dos nomes mais sonantes dos vinhos portugueses, muito pelo fantástico Primus da Pellada, muito pelo Pape, muito pelo Carrocel e muito pela forma desassombrada como encara o vinho, seria de esperar que o vinho que ostenta o nome do produtor e da região, fosse bem tratado. Aqui no porto, não o é, pelo menos nos jumbos. Preços em constante mudança, colheita de 2008 à venda como se fosse en primeur e ainda assim, sem nenhum destaque, não dão grande vontade para comprar o vinho. Mas lá apareceu o 2011 e a um preço cordato de €4,99 no jumbo de gondomar. Comprei uma garrafa e fiquei a pensar num prato de bacalhau, com azeite, batatas e demais acólitos do peixe que parece carne.
Batatas cortadas em rodelas finas, confitaram, bringiram, fritaram em azeite até ficarem levemente douradas. Foram deitadas em cama de papel de cozinha, temperadas com flor de sal e reservadas. Na mesma frigideira e no mesmo azeite, confitei uma cebola cortada em meias luas finas, que temperei com alho do frasco, chamado em pó e pimenta preta. Reservei. Adicionei um fundo de azeite à frigideira e juntei bacalhau previamente demolhado, que miguei à mão. Deixei alourar o bacalhau, juntei as batatas e a cebola reservadas e envolvi tudo. Deixei uns minutos em lume brando, enquanto piquei um pouco de salsa, que juntei à mistura. Voltei a envolver, desliguei o lume e servi, com uma salada de alface temperada com bom azeite e flor de sal, azeitonas pretas descaroçadas e tiras de pimentos vermelhos conservados.
Voltando ao vinho. É bom, bem feito, tem mineralidade, como se espera no Dão e ao preço, merece um selo de boa compra.
E num mercado onde abundam as ofertas auto-proclamadas "boa relação qualidade-preço" e onde o consumidor tem cada vez menor poder de compra, é sempre bom encontrarmos vinhos assim. Mais um bom "serviço ao público" do Garficopo.
ResponderEliminarPs: estas imagens matam-me...Para quando algo que não apetecça comer? ;)