Nesta trilogia, que vai na edição número noventa e dois, coube ao Luís a escolha do tema para eu e a Ana seguirmos religiosamente: sanduíches. E começo por transcrever um belo e desempoeirado texto de Maria de Lourdes Modesto acerca das sanduíches:
"Quando se pensa em sanduíche é de um conjunto de duas fatias de pão com qualquer coisa dentro que nos lembramos. Mas sem tempo para almoçar e menos paciência para fazer o jantar, a sanduíche é ainda a melhor solução. Longe de ser monótona, a sanduíche é uma mina para a imaginação. Adora modas e surpreender. A escolha do pão é da maior importância e pode dizer-se que é por aí que o embaraço começa. Dispomos hoje de uma enorme diversidade de pães: há-os de todas as cores, texturas, espessuras e sabores. De trigo refinado ou integral, de centeio, de mistura dos dois cereais, com nozes ou com passas; fofo feito com massas fermentadas, chatinho e estaladiço e ainda em bolsa como a pita, ideal para rechear. A surpresa encontra-se no meio e é aí que, segundo os nutricionistas, se alojam os inimigos da linha. O pão não fará engordar, é do que lhe pomos em cima, ou dentro, que há que desconfiar.
Uma boa sanduíche não tem que ser mais calórica do que qualquer outro prato. Pode e deve ser igualmente nutritiva e gastronómica. Além do pão, para os hidratos de carbono, deve incluir uma pequena quantidade de gordura, manteiga ou maionese (nunca será de mais lembrar que a gordura é um nutriente como todos, a usar com moderação e bom senso); carne, peixe, mariscos ou queijo, para as proteínas; vegetais como tomate, alface, rúcula, agriões, cenouras, etc, para a cor, para o sabor e para a saúde.
Como sei que gosta de comer saudável e moderno, vou-lhe dizer como é que o meu amigo Vítor Sobral me matou uma inesperada fome. Tomou um bocado de baguette estaladiça, abriu-a ao meio, barrou-a com queijo da Serra da Estrela e espalhou por cima alguns gomos de tomate seco em azeite e folhas de rúcula. Inesquecível!
Confesso-me fã das sanduíches abertas dos nórdicos (os smorrebrod) e da brucheta italiana: levam menos pão e em cima carregam um verdadeiro jantar. Um jantar simpático: uma fatia de pão de centeio barrada com manteiga, uma espessa camada de requeijão ou queijo fresco batido e temperado com cebolinho picado, mostarda forte, sal e pimenta; a enfeitar, rodelas de tomate e de pepino ou tomate cereja e folhas de rúcula ou de agriões ou de erva-dos-canónigos, para um gostinho ligeiramente amargo.
Para os desajeitados que deixam cair tudo: aquecer um pão pita, abrir e encher com ovos mexidos, tirinhas de fiambre ou lascas de atum de conserva, alface em juliana e e cenoura ralada ou rodelas de rabanete.
Mais sugestões? Peito de frango desfiado temperado com chutney de manga, camarões cozidos ou caranguejo desfiado, com requeijão e ketchup ou maionese, se não é o número de calorias que o preocupa; vegetais frescos e estaladiços, tudo bem cheiroso a ervas aromáticas como manjericão, cebolinho, coentros e ainda, à laia de pizza, azeitonas, mozzarella e orégãos. Agradava-lhe aquela do caranguejo mas é alérgico aos mariscos? Vi no supermercado o surimi, aquela coisa a que chamam delícias, desfiado e pronto a saltar para a sua sanduíche. Peço é que não diga a ninguém que fui eu que lhe dei esta dica. Dizem para aí que me fica mal..."
in: Palavra puxa receita, Verbo, 2005.
in: Palavra puxa receita, Verbo, 2005.
A minha sanduíche foi feita com um pão de pimentos e azeitonas. Comprei um pedaço de massa de pão e juntei-lhe pimento assado, um fio de azeite e azeitonas verdes e pretas cortadas finas. Levei ao forno a 210º C até o pão cozer e alourar.
Abri o pão e juntei umas fatias de presunto.
Por cima do presunto, queijo fresco em fatias temperado com pimenta e flor de sal.
Finalizei com umas folhas de rúcula temperadas com flor de sal e azeite.
Para acompanhar, vai bem um rosé simples, como este Fonte do Nico 2011.
Salivando!
ResponderEliminarUm «belo e desempoeirado» texto como este, teria de merecer uma bela e saborosa sanduíche... gulosa só q.b... mesmo como a tua!
ResponderEliminarBeijos.