sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Mão que embala o Tacho | Quinta da Mimosa 2007

No vasto mundo das sopas há uma que me continua a fascinar. Sopa que quase não o é, que se começa a preparar como uma feijoada e que consegue ser reconfortante como a melhor comida de tacho. É ter carnes de porco (orelheira, toucinho/faceira, entrecosto) que se deixam em sal de um dia para o outro e que são demolhadas e postas a cozer. Junta-se um bom chouriço de carne e quando as carnes estão cozidas, retiram-se e cortam-se em bocados. Idem para o chouriço que se corta em rodelas. O caldo da cozedura passa-se por uma rede metálica para coar as impurezas que se formaram.
Pica-se grosseiramente cebola até cobrir o fundo da panela, junta-se uns dentes de alho esmagados, rega-se generosamente com azeite e leva-se a lume médio até a cebola ficar translúcida. Deitam-se as carnes e deixam-se ficar uns minutos a corar no azeite. Adiciona-se água da cozedura das carnes (querendo, também polpa de tomate), feijão vermelho previamente cozido e umas folhas de couve galega partidas grosseiramente. Deixa-se em lume brando uns dez minutos e junta-se um pouco de massa (macarrão, curvas, massa meada). Tempera-se com sal (se necessário), pimenta e cominhos moídos. Quando a massa estiver cozida, desliga-se o lume e serve-se. Ou melhor, guarda-se e serve-se aquecida no dia seguinte, que é quando esta sopa é melhor.  



Naturalmente, esta sopa constitui por si uma refeição e pede um acompanhamento vínico. Escolhi um vinho da Casa Ermelinda de Freitas, feito com uvas de vinhas velhas de Castelão plantadas em solos arenosos de Fernando Pó, o Quinta da Mimosa 2007. Situado, em termos de preço, ao nível do Ermelinda de Freitas Reserva, este varietal de Castelão é macio, macio, macio. Não muito carregado na cor, algumas notas vegetais, fruta bem madura e algo especiado, com taninos finos e domados, madeira muito bem integrada, é um vinho que se bebe com muito prazer. Mais uma (para mim) excelente escolha, ao preço (a rondar os € 7,00). 


4 comentários:

  1. Amanhã vou ter uma dessas "sopinhas" para o jantar, não exatamente mas o mesmo espírito.
    E como até o tenho cá em casa, vou acompanhar com o Vinha do Rosário, outro filho da Casa Ermelinda Freitas.
    Bom fim de semana

    ResponderEliminar
  2. Foi o meu jantar na passada 4ª feira. Chamo sopa de entulho. Uma sopa magnifica para os diass frios.

    ResponderEliminar
  3. Caro Luis Pontes, esse vinha do rosário não é grande coisa. Comprei para experimentar e fiquei muito desiludido. Tem uma acidez muito fora do vulgar.

    ResponderEliminar
  4. No mínimo, podias ter convidado o meu pai para te acompanhar nesta que seria a sopa do seu contentamento...
    Beijinhos.

    ResponderEliminar