Há momentos raros na vida de um Blogueiro (não bandoleiro) em que um comentário num blogue vale mais que muitos post' s nos blolguinhos de reçeitinhas que pululam na blogosfera Tuga.
A inspiração para esta feijoada veio da bela feijoada de chocos da Ana e respectivo comentário do Luís Pontes.
Confesso que dificilmente me passaria pela cabeça fazer uma feijoada de coelho, embora cada vez mais ache que tudo se pode feijoar. A feijoada de galinha da Ana é um exemplo disso. Claro que seria interessante pensar numa alternativa aos feijões. Grão, um dos legumes que está em segundo plano, seria uma bela opção, digo eu, sem experimentar, mas fica em lista de espera.
Esta feijoada foi feita com lombos de coelho continental (o pior que se pode usar, mas os coelhos verdadeiros estão arredados do mercado e quase fora do alcance da maior parte da população Tuga e no sítio onde comprei, não havia pernas do dito. Se calhar, por não precisar de se locomover, perdeu as pernas. É a vida e a teoria da evolução de Mr. Darwin a ser mais que comprovada) que deixei a marinar em vinho tinto e alhos, com louro, sal e azeite. Juntei um pouco de massa de pimentão à marinada... Um coelho normal dispensaria este tratamento, mas os coelhos de estufa, para além de terem uma textura próxima dum marshmallow, não sabem a nada. Lá ficou mais de 24 horas no frigorífico, que isto das marinadas tem que se lhe diga (frio qb, digo eu sem saber e até há quem congele).
Na hora de saltar para o tacho, os pedaços do coelho encontraram cebola picada já refogada em azeite e ficaram a alourar (pouco). Juntei o líquido da marinada e deixei a estufar em lume brando. Quando os pedaços do coelho estavam estufados (assim a modos que quase como coelho à caçador), juntei feijão manteiga (de lata, confesso), um pouco de salsa em ramo e salva em folha para refrescar. Deixei uns dez minutos em lume brando, desliguei o lume e deixei que os sabores se ligassem. E servi, sem acompanhamento extra que não fosse um copo de um vinho que me entusiasmou.
Dona Ermelinda Reserva 2008, da Casa Ermelinda de Freitas. Feito com Periquita (Castelão), Touriga Nacional, Trincadeira e Cabernet Sauvignon, estagiou 12 meses em carvalho francês. Levou com uns robustos 16,5 pontos na prova de vinhos da Península de Setúbal da ultima edição da Revista de Vinhos. Apesar dos 14,5º de álcool e de algum (para mim) excesso de madeira é um vinho muito bem feito. Ao preço (€ 6, 49) é bem capaz de ser uma das melhores propostas abaixo de € 10,00 do mercado.
Em nota final, o Luís já apresentou a sua (dele) Feijoada de coelho. Muito diferente da que preparei, sem dúvida, igualmente deliciosa, presumo (a minha estava excelente). Confesso que é sempre um prazer partilhar preparações com quem sabe. E um grande bem-haja à Ana que por mor da bela feijoada de chocos levou a esta preparação.
Hummmmmmmmmmmm... os boys andaram a combinar feijoadas de coelho!
ResponderEliminarOra, ora que bela feijoada te saiu e que belíssima converseta carregadinha de ironia...
Gostei que tivesse sido a minha simples feijoada de chocos a dar-te o mote (mesmo sabendo que quem te pôs a pulga atrás da orelha foi o Luís e a sua feijoada de coelho...
Agora é a minha vez?
Beijinhos.
Estas rapsódias temáticas que a blogosfera proporciona a quem retira desta aventura mais que exibição e/ou voyeurismo estéreis, são a razão de ser de por aqui andarmos, usando-nos uns aos outros como fermento inspirador do ato criativo que conduz a gastronomia.
ResponderEliminarBela feijoada de feijão escuro, como eu mais gosto e também um belíssimo vinho, esta Reserva qué é muitas vezes companhia dos meus pratos, entre outros da Casa Ermelinda Freitas. Provei há dias um vinho de lá, Quinta do Rosário, que achei muito interessante, principalmente tendo em atenção o preço verdadeiramente "democrático" a que é vendido.
Ana, vai em frente com a tua interpretação da feijoada de coelho :)
ResponderEliminarLuís, efectivamente estas trocas e partilhas para mim são muito interessantes. Quanto ao Quinta do Rosário nunca o vi, mas googlei e vi que há no Lidl.