"Quem nunca experimentou não imagina como é deliciosa, cremosa e reconfortante...".
Foi assim que a Ana começou a descrever uma feijoada que me deixou a pensar (coisa estranha e rara em mim) em experimentar. Sem seguir a receita proposta, antes pegando no conceito e adaptando-o ao que eu antevia como uma feijoada nada ou pouco canónica, lá descongelei uns pedaços de galinha da capoeira e meti-os a cozer em água, sal e uma folha de louro. Cortei a galinha em pedaços mais pequenos e reservei, juntamente com o caldo da cozedura.
Horas de passar à segunda party.
Fundo de azeite no tacho (dependendo da fonte de calor, limito-me a recomendar um tacho de fundo espesso, de barro, de alumínio ou ainda de aço inox com uma camada de alumínio entre as duas camadas de inox do fundo, a exterior e a interior), cebola grosseiramente picada e sobre lume espevitado, deixar a cebola estalar. Juntei a galinha e umas rodelas de chouriço (daquele que está no supermercado e que diz que vem de Arganil e é primo do garrafão de água que diz que vem do Luso) e deixei alourar um pouco (aqui é tudo uma questão de gosto/atitude; se se tiver a galinha bem cozida, ela muito provavelmente vai ter tendência a desfazer-se. Se, pelo contrário, tiver sido pouco cozida, haverá necessidade de a deixar estufar até ficar macia), juntei um pouco do caldo da cozedura da galinha, polpa de tomate, um pouco de pimenta preta, alho esmagado, pimentão doce, cenoura em rodelas e deixei a estufar em lume brando. Quando a cenoura estava a querer amaciar, juntei uma generosa porção de couve verde, aquela do caldo verde, que nunca sei se é galega ou portuguesa e feijão (de lata, do vermelho e do PD, o que não o impede de ser razoável, ao menos está mais brilhante que o dos frascos). Lume brando ainda mais brando a deixar apenas fervilhar para a devida e correcta harmonização de sabores e o inevitável serviço. Sem arroz a acompanhar (contrariamente ao sugerido pelo Luís Pontes num comentário) nem ervas verdes no final (os coentros que a Ana tanto gosta de usar, mas que não meteu na proposta dela), esta minha versão acaba por ser de outra cor. Com o feijão vermelho a substituir o branco, perdeu-se parte do creme e untuosidade. A couve e a polpa de tomate acabaram por trazer alguma melhor acidez ao prato para melhor mariadar com a gordura da galinha.
Gostei muito deste ensaio que veio apenas confirmar que a partilha de pratos, gostos e sabores por essa blogosfera fora (a séria, há que ressalvar) serve e muito para apurar o sentido do gosto, aquele que se discute, evolui e educa.
Foi assim que a Ana começou a descrever uma feijoada que me deixou a pensar (
Horas de passar à segunda party.
Fundo de azeite no tacho (dependendo da fonte de calor, limito-me a recomendar um tacho de fundo espesso, de barro, de alumínio ou ainda de aço inox com uma camada de alumínio entre as duas camadas de inox do fundo, a exterior e a interior), cebola grosseiramente picada e sobre lume espevitado, deixar a cebola estalar. Juntei a galinha e umas rodelas de chouriço (daquele que está no supermercado e que diz que vem de Arganil e é primo do garrafão de água que diz que vem do Luso) e deixei alourar um pouco (aqui é tudo uma questão de gosto/atitude; se se tiver a galinha bem cozida, ela muito provavelmente vai ter tendência a desfazer-se. Se, pelo contrário, tiver sido pouco cozida, haverá necessidade de a deixar estufar até ficar macia), juntei um pouco do caldo da cozedura da galinha, polpa de tomate, um pouco de pimenta preta, alho esmagado, pimentão doce, cenoura em rodelas e deixei a estufar em lume brando. Quando a cenoura estava a querer amaciar, juntei uma generosa porção de couve verde, aquela do caldo verde, que nunca sei se é galega ou portuguesa e feijão (de lata, do vermelho e do PD, o que não o impede de ser razoável, ao menos está mais brilhante que o dos frascos). Lume brando ainda mais brando a deixar apenas fervilhar para a devida e correcta harmonização de sabores e o inevitável serviço. Sem arroz a acompanhar (contrariamente ao sugerido pelo Luís Pontes num comentário) nem ervas verdes no final (os coentros que a Ana tanto gosta de usar, mas que não meteu na proposta dela), esta minha versão acaba por ser de outra cor. Com o feijão vermelho a substituir o branco, perdeu-se parte do creme e untuosidade. A couve e a polpa de tomate acabaram por trazer alguma melhor acidez ao prato para melhor mariadar com a gordura da galinha.
Gostei muito deste ensaio que veio apenas confirmar que a partilha de pratos, gostos e sabores por essa blogosfera fora (a séria, há que ressalvar) serve e muito para apurar o sentido do gosto, aquele que se discute, evolui e educa.
Para acompanhar esta bela feijoada, resolvi provar o Flor das Tecedeiras 2008... Um vinho da Dão Sul feito pelo Eng. Carlos Lucas no Douro. Se já era fã do Quinta das Tecedeiras Reserva, provado algumas vezes e devidamente postado algures aqui no blogue, fiquei quasi fã deste mano mais novo e muito mais barato. Por menos de € 10,00 tem-se um vinho consensual, bem feito e que agradará, sem dúvida, à fina flor dos consumidores. Alguns enófilos encartados podem achar que lhe falta algo, nomeadamente alma, mas ao preço, não deixa de ser uma proposta tentadora.
Bela feijoada! Eu, incorrigível arrozeiro, claro que sentiria a falta do arroz, mas claro que isso sou eu a dizer...
ResponderEliminarJá quanto à observação que fazes quanto à cremosidade do branco, leva-me a crer que tiveste algum (muito comum) azar com a lata de vermelho. Na verdade, foram poucas a vezes que consegui achar um vermelhon realmente bem cozido nas latas. De tal forma que é um feijão que só uso cozido em casa. Já os manteiga e catarino, encontram-se muito bons enlatados e enfrascados e prefiro-os até ao branco, um feijão cuja "neutralidade" me enfastia um pouco.
A Ana aprova a tua feijoada a quem chamas de pouco canónica... esclareço ainda que nunca usei coentros na feijoada de galinha, mas que é capaz de ser uma boa ideia.
ResponderEliminarAchei graça à converseta sobre os tachos, lol...
Os feijões de lata e do PD estão BB; bonitos e brilhantes!
Gostei também de ver que a minha simples feijoada deu um empurrão ao teu espirito de descobridor...
Beijinhos.
que feijoada tao diferente mas ao memo tempo bem apeticivel
ResponderEliminartenho que experimentar tambem
beijinhos