Sequente ao post anterior, onde provei o Rosé 2009 de Vale d' Algares, agora foi a vez do branco (enviados pelo produtor para prova, falta o Selection branco, que provarei em breve). Lembro-me de há mais de um ano atrás ter provado os vinhos deste produtor no Cafeína Fooding House e de ter ficado muito bem impressionado com o profissionalismo em torno dos vinhos produzidos, para não falar da sua qualidade. Gostei muito do Rosé 2009, como tinha dito, mas vamos ao branco:
"Combina as castas Chardonnay (35%), Sauvignon Blanc (25%), Alvarinho (25%) e Arinto (15%), numa produção de 27 mil garrafas. A monda foi realizada em verde e as uvas foram transportadas em caixas de 12,5 Kg, protegidas por gelo seco. As uvas foram conservadas durante 12 a 24 horas em câmara frigorífica. A prensagem foi feita a 0º, com e sem engaço. A fermentação e o estágio fizeram-se a 14º e em inox, nos casos das castas Sauvignon, Alvarinho e Arinto (tendo a Alvarinho e a Arinto permanecido três meses sobre as borras com battonage ligeira). Cerca de 35% do lote fez a fermentação em barricas de carvalho francês, dos quais 40% da Chardonay em fermentação maloláctica parcial." (press release dixit, com uns erros corrigidos, tinha que dizer).
São 13,5º de vinho do Tejo. Muito equilibrado nas notas cítricas, tropicais e vegetais, com a madeira do estágio (curto) a trazer o seu contributo qb. É fresco e algo tolerante com a temperatura de serviço (o que é muito bom, sabendo-se do pouco cuidado que a maior parte das pessoas têm com a temperatura do vinho que consomem). Acidez média e um corpo algo pesado fazem que o vinho seja muito mais apreciado daqui a algum tempo (um mês e pouco, lá para o regresso às aulas), mas mesmo neste tempo de ananazes a dar muito boa prova. Excelente para um almoço de verão ao ar livre com um bacalhau à Zé do Pipo. Ainda assim, a dar bela nota de si (dele) num jantar dentro de casa e com um prato menos exuberante... O preço proposto é de € 6,75.
Ando a ensaiar pratos de peixe, uns atrás dos outros, em busca de um que possa em definitivo embandeirar em arco como criação minha (nem sei porquê, mas isso também não é importante). Com um mínimo de ingredientes, de técnica e de temperos.
Já agora, em relação ao uso de temperos, é com alguma estranheza que vejo por essa blogosfera fora o uso indiscriminado de toda uma panóplia de especiarias e ervas aromáticas para temperar tudo e mais alguma coisa, como se o mundo fosse acabar amanhã. Creio e salvo melhor opinião, a aposta deve ser feita na qualidade dos ingredientes de base que se usam numa qualquer preparação (99% dos cozinheiros e chef' s devem concordar). As pirotécnicas ervas e especiarias servem apenas para "afinar/finalizar" a dita preparação, sem desvirtuar os ingredientes que lhe servem de base. Menos vontade de épatter les visittes e a leitura de um livro básico de cozinha deviam operar maravilhas...
Nesta busca dum prato simples, cruzei dois ingredientes que se dão muito bem. Camarão e tamboril. Serão um quase clássico de qualquer cozinha numa arrozada, aqui foram feitos como se de uma caldeirada se tratasse. Tacho de fundo grosso, cebola, alho, pimento, tomate, azeite, água e sal marinho. Batata, tamboril, um "ar" de pimenta preta e um raminho de salsa (dos que se pedem à vizinha), água a cobrir e deixa-se em lume brando. Quando as batatas estão quase cozidas, deitam-se uns camarões. Desliga-se o lume, deixa-se harmonizar sabores e serve-se... Sem mais.
Concordo completamente com a junção feliz do tamboril e camarão - é assim uma espécie da caldeirada de um peixe só.
ResponderEliminarEu não teria pimento (apaga um pouco a delicadeza de sabor do tamboril) e teria trocado o pezinho de salsa por 3 de coentros (lol!)...
Mas gostei do resultado final, sim!
Beijinhos.
"uma espécie da caldeirada de um peixe só"... sim, mas ainda assim a milhas do "samba de uma nota só". Estava delicious, mas ainda a precisar de alguma afinação :)
ResponderEliminarNão sejas demasiado exigente contigo... mas a busca da afinação é uma boa atitude, na cozinha e não só...
ResponderEliminarProvei hoje este Guarda Rios 2009, a acompanhar um almoço japonês, e estava magnífico. O vinho tem uma intensidade aromática fora do vulgar sem entrar em exageros de saladas de frutas, com tostados (do alvarinho?), ervas aromáticas e fruta q/b. Nariz complexo, e grande equilíbrio de acidez na boca.
ResponderEliminarGostei mesmo muito. Deve ligar lindamente com esse prato de tamboril e camarão, e com uma boa cataplana também não deve ir nada mal...