A Posta Mirandesa deve ser um dos pratos que mais despertam a gula de todos os que passam pelo Planalto Mirandês. Sítios para comer a posta há muitos, sendo o Restaurante Lareira, de Mogadouro, um dos melhores, como refere Pedro Garcias no blogue do Fugas: "Já comi posta no Abel, em Gimonde, no Artur, em Carviçais, no Mirandês e na Balbina, em Miranda do Douro, e na Gabriela, em Sendim, de onde emanou toda a fama deste naco de vitela. Mas onde me apetece sempre voltar é ao restaurante Lareira, do chefe Eliseu. Ninguém está livre de apanhar com uma posta mais dura, mas eu nunca tive esse azar."
A posta será idealmente do lombinho da vitela que se assa inteiro, na brasa (depois de se passar por sal) e que se vai salpicando com um molho feito com azeite, vinagre e alho (a que se pode juntar um pouco de louro e malagueta) com a ajuda de um ramo de salsa. Corta-se em fatias, deita-se num tacho, rega-se com azeite e cebola cortada muito fina ou com o molho e serve-se. Para acompanhar, um cabaçote guisado (feito com abóbora e tomate ligeiramente estufadas e ligadas com farinha ) ou batatas assadas com casca, a murro, que se temperam com azeite e alho. Esta é a essência das duas preparações tradicionais de Bragança. Nos restaurantes, quer a forma de preparar a posta quer os acompanhamentos variam muito.
O que referi acima deu o mote para preparar um bife da vazia, não muito alto. Foi selado e grelhado na chapa bem quente, temperado com flor de sal e reservado. Numa frigideira, deitei um dente de alho picado e azeite; deixei alourar o alho e juntei vinagre de vinho tinto. Deixei reduzir o vinagre e desliguei o lume. Entretanto, tinha assado batatas na cloche, retirei-as, dei-lhes um murro, juntei azeite e alho picado e deixei-as a tomar sabor. Deitei o bife no prato, reguei com o molho e servi com as batatas. É um prato desconcertantemente simples, mas delicioso.
Acompanhei com um Sirga 2006, um vinho de Jorge Moreira (Poeira). Muito interessante a forma como a madeira está presente sem marcar em demasia o vinho. A fruta, bem madura, não enjoa. Um vinho com muito boa aptidão gastronómica. PVP: cerca de € 16,00.
Fiquei a pensar no vinagre reduzido no azeite com os alhos, que nunca utilizei mas que, além do preceito, deve ter ido muito bem nessa posta algo escassa de altura mas seguramente bem alta em sabor
ResponderEliminarA preparação foi inspirada numa do Avental e cruzada com os preceitos das preparações de Bragança e citados pela Senhora Dona Maria de Lourdes Modesto, na Cozinha Tradicional Portuguesa. Gostei muito da relação do bife com o seu molho, mas mais ainda da riqueza de sabores que os azeites (em crú na batatas e aquecido, no molho do bife) trouxeram de acréscimo.
ResponderEliminarUm abraço.
Ao contrário do Luís, para mim as palavras «... não muito alto» soam-me a mágicas.
ResponderEliminarO vinagre no molho deixa-me a pensar, com a cabeça às voltas, a tentar imaginar os efeitos...
As batatinhas perfeitas!
Beijinhos.
Ana
ResponderEliminarNem toda a gente gosta sempre de bifes com dois dedos de altura :)
Quanto ao vinagre no molho, arrisca...