Nesta altura do ano algumas couves começam a "grelar" ou a dar espigos (como se diz aqui no norte) e dão-nos folhas e rebentos macios e plenos de sabor, que cozem muito rapidamente.
Foi com essas partes da couve que recriei uma açorda que provei no passado mês de dezembro, feita pelo João Roseira, prato de Covas do Douro, Gontelho, perto do Pinhão.
Meti uma posta de bacalhau a cozer (agua quase a ferver apenas para poder separar a "carne" da pele e das espinhas) e limpei o bacalhau das peles e espinhas. Deitei as peles e espinhas na agua de cozer o bacalhau e deixei mais uma meia hora a fazer um caldo de bacalhau.
Entretanto, arranjei uma couve, separando as folhas e os espigos e levei-a a cozer em água e sal.
Quando a couve estava quase cozida, tirei-a do lume e reservei-a.
Coei o caldo do bacalhau e embebi pão de trigo macio, mexendo com a colher de pau.
Entretanto, piquei dois dentes de alho e deitei-os num tacho. Reguei com bom azeite, temperei com pimenta de caiena e quando o alho estava a refogar, juntei o pão e o caldo do bacalhau. Fui mexendo, juntei os espigos e o bacalhau e continuei a mexer, agora em lume muito brando. Deixei uns minutos a harmonizar sabores, antes de servir.
Servido no prato, rega-se com muito bom azeite (aqui foi com azeite Romeu).
No copo, um Pequenos Rebentos Alvarinho 2013, feito pelo Márcio Lopes. Muito novo ainda, mas a dar grande prazer na prova e na ligação com o prato. Sério e assertivo, muito bem feito, foge a facilidades no nariz e compensa na boca com uma bela frescura. Um belo vinho que não será fácil de encontrar, dado que a produção anda pelas cinco mil garrafas. Mas vale a pena :)
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