"prefiro ter mil clientes a comprar uma caixa de vinho do que um a comprar mil caixas", disse Mário Sérgio Alves Nuno em entrevista ao Portugal Global. E em relação a alguns vinhos, até podia limitar a oferta a uma só garrafa, caso deste Pai Abel 2009, acabadinho de lançar e já esgotado no produtor.
Foram 1380 garrafas dum vinho branco de Bical e Maria Gomes de vinhas com vinte anos estagiado em pipas de carvalho francês (da Borgonha) de 225 litros e feito em homenagem ao pai do Mário, o Sr. Abel Dias. Sente-se o terroir da Fogueira, sentem-se os garrafeiras brancos da casa, sente-se a Bairrada!
João Afonso refere na edição deste mês da RV que se trata de um upgrade ao Garrafeira Branco das Bágeiras. Confesso que não o entendi bem assim, tendo achado que se trata de uma outra abordagem ao Garrafeira. Como referi acima, o vinho respira Bairrada, daquela que dava grandes vinhos e que o Mário Nuno tão bem nos vai mostrando... Há uma finura acrescida no garrafeira normal (que é tudo menos normal, já que é um dos melhores brancos portugueses) que este Pai Abel compensa com uma estrutura de aço à prova de tudo. Curiosamente, embora pareça ter muitos anos de vida pela frente (vamos é a ver se daqui a uns 10 anos alguém ainda tem uma garrafa que seja...), é um vinho que dá uma bela prova neste momento. Opulento, como os melhores garrafeiras da casa, aparece mineral e é um vinho muito sério, como o atestam os 18 valores que a RV lhe atribuiu. E um vinho destes a pouco mais de € 17, é um achado. Embora esgotado no produtor, ainda há na Niepoort Projectos e na Garrafeira Nacional. Imperdível mais imperdível, não conheço :)
E para provar este vinho, escolhi um peixe pobre, mas que se bem trabalhado, dá muito prazer: o chicharro. Um peixe com meio quilo, devidamente limpo e deixado uma meia hora a tomar sal. Enquanto isso, pré-aqueci o forno a 180º C e deitei cebola em rodelas, tomate, mini-pimentos vermelhos, um limão em quartos, dois dentes de alho e batatinhas novas num tabuleiro de barro. Temperei com pimenta, pimentão doce, uma folha de louro, uma haste de hortelã e meia malagueta seca esmagada, bem como o competente borrifo de vinho branco, o fio de bom azeite e umas pedras de sal marinho. Levei o tabuleiro ao forno durante cerca de meia hora e findo esse tempo, virei as batatas. Deixei mais meia hora e juntei o peixe. Passado um quarto de hora, virei o peixe e deixei mais um quarto de hora, antes de servir.
O peixe cumpriu a velha máxima de que está cozido quando deixa de estar crú. Ficou delicioso e suculento e foi excelente companhia para tão distinto vinho.
O chicharro (e o seu primo carapau-manteiga)é um peixe de primeira água, e até já não tão "pobre" quanto isso. Grelhado, cozido ou assim soberbamente assado, faz companhia a qualquer vinho, tanto esse especial (mas de uma constelação acima da minha) como a outro mais modesto.
ResponderEliminarCozido, para mim, não Luís... please!
EliminarEstes chicharros, talicual as cavalas, se salgados e posteriormente demolhados e cozidos com batatas e couves, são uma delícia :)
EliminarTenho de discordar do adjectivo pobre associado ao chicharro... para mim não há peixes pobres, há é maneiras pobres ou infelizes de os tratar... coisa que, por aqui, no Garficopo não se vê...
ResponderEliminarNão tenho o hábito de o assar no forno, quase sempre é grelhado ou frito às postas.
Tenho de dizer ainda que gosto muito de ver peixes por aqui!
Beijinhos.
Amândio
ResponderEliminarSe a escolha só pudesse cair num qual seria a tua opção?
Garrafeira 2009 ou Pai Abel?
Abraço
Não é fácil escolher :)
EliminarDiria que o Garrafeira é mais consensual, mas este é muito boooooooom!