Eu, admirador das comidas de tacho, me confesso. E não há muitas coisas melhores do que uma galinha da Índia, ainda por cima longamente miscigenada com as nossas galinhas, tendo atingido o porte de um frango "do campo" e tendo andado a vida toda a picar o chão, a ser estufada. Carne vermelha e um porte garboso tornam esta ave numa coisa muito especial para se levar à mesa.
Cortei-a em pedaços e deixei-a numa caixa a marinar, envolta em alho e nos restos de uma garrafa de Adega de Pegões Touriga Nacional 2009 (um tourigo muito competente...) durante um par de dias e no frigorífico.
Chegada a hora de a preparar, deitei uma mistura de azeite e banha de porco num tacho de fundo grosso e alourei os pedaços da galinha devidamente escorridos do líquido da marinada. Juntei cebola picada, uma folha de louro, um ar de pimenta preta, umas rodelas de chouriço de porco preto e uma malagueta seca devidamente esmagada à mão e deixei mais uns minutos; juntei o alho da marinada, um pouco de sal marinho, polpa de tomate e um pouco de massa de pimentão. Mais uns minutos em lume médio a esperto, juntei o vinho da marinada e cobri com vinho branco e um pouco de whisky novo. Reduzi o lume ao mínimo e deixei estufar até a carne ficar macia (levou quase três horas, que a galinha era rija).
Para acompanhar, um puré de batata! Batatas a cozer e depois de cozidas, foram envolvidas em manteiga e temperadas com um pouco de noz moscada e depois foi só esmagar as batatas e ir juntando leite até o puré ter a consistência desejada.
A carne era uma coisa do outro mundo de sápida e ficou no ponto, macia, sem se desfazer...
Para acompanhar, escolhi um clássico do Alentejo, o Adega de Borba Reserva, aqui na edição de 2008. É um vinho que me tem passado ao lado, mas que vale a pena conhecer. Feito com Aragonez, Trincadeira, Castelão e Alicante Bouschet, é um vinho muito equilibrado. O Castelão (digo eu sem saber) aligeira-lhe a cor e o corpo e o vinho não é madurão nem guloso. Está lá tudo o que se quer de um vinho do Alentejo (alguma opulencia, bom corpo sem ser excessivo) e ao mesmo tempo, não está o que não quero, como a compota ou a baunilha. Como clássico, é caro para os € 8,98 que custa nas Grandes Superfícies, mas a marca paga-se. O vinho é bom, mas não esteve à altura deste estufado, que pedia um vinho mais vinho, mas no dia seguinte, este Borba esteve muito bem a acompanhar uma moelas estufadas. Bom para beber uns anos depois da colheita ou para guardar na garrafeira, já que potencial de guarda não lhe falta :)
Não acho bem pores-te a meter inveja nos terráqueos que nunca apanharam nem apanharão uma galinha dessas na sua cozinha, lol...
ResponderEliminarQue deve ter sido um jantar do «outro mundo» vê-se pelas fotos. é só olhar para a ultima.
Beijinhos.
Não queria meter inveja :)
Eliminaresta foi muito especial...