Confesso nunca tinha provado tintureira (uma espécie de tubarão), mas como no outro dia vi à venda (em posta higienizada e ultracongelada - bem, ando mesmo a comer plástico...) resolvi comprar e experimentar. Fiz umas pesquisas e o que vi não me animou por aí além; desde dizer que é bom para juntar à caldeirada, que se pode preparar como o espadarte, mas a carne é menos firme e sei lá que mais... Fez-me lembrar uma coisa que retive há uns meses numa revista que explicava a melhor forma de utilizar os peixes e que dizia que o melhor uso a dar a uma salema é voltar a deitá-la ao mar (por acaso, concordo, não gosto mesmo nada do peixe).
Acabei por fazer assim:
Numa travessa, deitei duas postas ainda congeladas, uma pitada de sal, sumo e um bocado de casca de limão, alho esmagado e vinho branco e deixei a marinar.
num tacho, cortei batatas em cubos e levei a cozer.
Levei a tintureira a grelhar (realmente tem uma carne pouco firme) e reservei.
numa frigideira, deitei um fio de azeite, deixei aquecer e juntei líquido da marinada com os alhos; deixei reduzir, retirei os alhos e fui polvilhando com farinha de trigo até ligar o molho.
Quando as batatas estavam cozidas, escorri a água da cozedura e juntei uma noz de manteiga (das Marinhas, chlép! - fez toda a diferença) e liguei com um garfo.
Servi a tintureira com o molho (que polvilhei com um pouco de oregãos secos) e o creme de batata.
Acompanhou com um Mural Branco 2006 (da Quinta do Portal)
Notas:
A tintureira não desiludiu. A textura da carne assemelha-se à da raia, mas sem as cartilagens, o sabor é agradável e o molho da marinada (com toques de limão e alho) complementou bem a carne; a batata, simplesmente "temperada" com manteiga das Marinhas ficou uma delícia. Por último, o Mural, com os seus 24% de moscatel a dar um toque de "doçura" que ligou muito bem com o prato.
"Uma branca tintureira", porque tudo era branco... ou quase!

