Post abrangente, podia ser dividido, mas vai assim...
Esta semana cumpriu-se a trilogia número 152, a do robalo, a mando da Ana. Com algum atraso apresento um arroz quase replicado de um fantástico arroz de camarão e pescada que fiz há pouco tempo e que a súbita morte da bateria da maquina fotográfica me impediu de registar. Fica este, para memória futura dum almoço de domingo.
Um bom arroz feito com peixe e mariscos não é difícil de fazer, mas é intolerante a distracções, simplificações e demais atabalhoamentos que facilmente o transformam numa coisa sensaborona e desinteressante. Será desnecessário referir que a qualidade dos ingredientes será crucial para obter um prato de excelência. Neste caso, com camarões e robalo de aviário, conseguiu-se apenas que ficasse bastante bom.
Comecei por levar um tacho ao lume com água e (pouco) sal e quando levantou fervura, juntei camarões médios descongelados e deixei uns três minutos. Retirei-os e quando a água voltou a ferver, juntei um robalo e deixei cozer estritamente até conseguir separar a carne da espinha do peixe. Retirei-o do lume, limpei-o de pele e espinhas e deitei-as outra vez para a água da cozedura, juntamente com a cabeça e espinha do robalo e os despojos dos camarões. Reservei os camarões descascados e a carne do robalo partida em pedaços pequenos e deixei o caldo a apurar cerca de quarenta minutos.
Entretanto, piquei uma cebola, dois dentes de alho e uns pés de coentros, reservando as folhas. Cortei um tomate bem maduro (coração de boi, a que retirei a pele) em cubos pequenos e reservei. Deitei um fundo de azeite num tacho, juntei a cebola, o alho e os pés de coentro e deixei em lume médio, mexendo, até a cebola estar translucida. Juntei então um ar de pimenta branca, o tomate e deixei mais uns minutos até o tomate ficar quase em papa. Adicionei uma chávena de bom arroz carolino (gosto do Pato Real, aguenta bem a cozedura), envolvi tudo durante um minuto e juntei o caldo da cozedura do robalo e dos camarões, devidamente coado e no triplo do volume do arroz. Deixei cozer doze minutos, juntei o peixe e o marisco, envolvi, juntei as folhas de coentros picadas grosseiramente, voltei a envolver, deixei um minuto a harmonizar sabores, verifiquei o ponto de sal e servi. Tudo no ponto, tudo a preceito, mas simples e muito bom.
Trilogia cumprida e passamos ao segundo prato, uma feijoada de choco parecida com esta e de que deixo nota apenas para falar dos vinhos bebidos.
O Vinho escolhido para o almoço foi o Vinha Paz branco da colheita de 2012. recentemente notado com 16,5 valores pelo painel da Revista de Vinhos (nº 285, de Agosto deste ano), a mesma nota atribuída a clássicos do Dão, como os Encruzados dos Carvalhais, de Mouraz ou de Santar. Com um PVP de referencia de seis euros é naturalmente de prova obrigatória. Gostei muito do vinho e da forma como acompanhou o arroz, um prato delicado, sem o ofuscar e como se aguentou com a feijoada de chocos, sem se deixar ofuscar. É bem feito, tem elegância e delicadeza, mas também tem garra e uma bela acidez. Belo vinho a que apenas achei que faltou alguma mineralidade para encantar.
A seguir provou-se o Fuga da Passarela tinto 2010. É Um vinho da Casa da Passarela feito para os supermercados Pingo Doce e esteve este fim de semana disponível a metade do preço de referencia que é de quatro euros e meio, logo, saiu a dois euros e vinte e quatro cêntimos. Tem um bom equilíbrio entre a fruta e a madeira (usada, penso) e uma boa aptidão gastronómica. Acompanhou bem a feijoada de chocos e ainda deu luta a um queijito de ovelha de pasta mole da serra da estrela. Simples e bem feito, não cansa como alguns vinhos alentejanos feitos para a mesma cadeia de supermercados. Foi feito para ser simples, barato e agradar a todos. Conseguiu? Acho que sim, há ali Dão :)
Para finalizar o almoço, um bolo de amêndoa e doce de chila, parecido com este e que rematou bem o almoço :)
Uau, tanta delicia.
ResponderEliminarKiss, Susana
Nota: Ver o passatempo a decorrer no meu blog:
http://tertuliadasusy.blogspot.pt/2013/10/dia-um-na-cozinha-e-escolha-do.html