sábado, 12 de junho de 2010

Pasta de Sapateira e Quinta do Ameal 2009

Esta simples e singela sapateira foi metida na panela (onde estava água a ferver e sal) ainda viva e ficou cerca de 12 minutos a cozer. Abri-a e aproveitei a carne das patas e o interior (exceptuando, naturalmente, os pulmões) que verti  num prato. Juntei uma colher de sopa de maionese, um ar de pimenta branca e umas gotas de aguardente bagaceira velha de Alvarinho, uma Quinta de Soalheiro. Trabalhei tudo com um garfo até obter uma pasta homogénea e levei ao congelador para arrefecer. Servi com pão levemente torrado. 

Claro que fui ver como a sapateira era tratada pela blogo e forosfera. E como seria de esperar, é muito mal tratada. Para além da extensa lista de coisas usadas para a preparação, que inclui ovos cozidos, pão ralado, mostarda, maionese, cebola picada, picles, pimentos, louro, polpa de tomate, salsa, ketchup, molho inglês, cerveja, vinho branco, vinho do porto, whisky e sabe-se lá o que mais ainda havia muitas diferenças na forma e tempos de cozedura. Quanto à forma, foi divertido ver que em geral são mortas com vinagre, metido nas mais variadas quantidades e sítios, com o natural horror que o facto desperta em mentes mais sensíveis (eufemismo para cabeças ocas). Quanto aos tempos, oscila entre os 10 e os 20 minutos (naturalmente depende do tamanho dos bichos). Claro que não vi em lado nenhum a sapateira a ser preparada com todos os ingredientes que referi, mas em alguns casos estavam presentes quase todos. Síndrome do Restaurante Chinês no seu melhor ou, dito de outra forma, leva sapateira, mas sabe a tudo menos a sapateira.
Vi apenas uma proposta séria, no avental do gourmet, mas para santolas. É pena que o blogue tenha acabado, mas ao menos continua disponível. 


Para acompanhar esta sapateira que só sabia a sapateira, escolhi um dos meus vinhos brancos favoritos. O Quinta do Ameal 2009, feito de Loureiro em Refóios do Lima. Notas citrícas e muita frescura. Tem um bom volume na boca e um final muito interessante. Por € 6,00, tem uma relação qualidade/preço muito boa. Nota pessoal: 16. 

4 comentários:

  1. É bem verdade que na simplicidade podemos encontrar o «melhor» que cada coisa nos pode oferecer...
    Quem sabe, assim até vou gostar de sapateira...
    Beijinho de uma das cabeças ocas... (eu mato as minhas, colocando-as no congelador, mas não me orgulho nada disso).

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  2. Ana, sabes perfeitamente que não és cabeça oca... Quando à simplicidade, se eu quero degustar a sapateira, porque é que a hei-de temperar com mil coisas? Também vi a cena de as meter no congelador. No meu caso, foi como a lagosta, directa para a panela :)

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  3. Por acaso tens razão, eu por vezes pico um pouco de pikles pois gosto muito do sabor avinagrado que dá à sapateira,com aguardente nunca experimentei mas nunca é tarde pois até tenho uma mesmo boa caseira e de Viana do Castelo.
    Eu por vezes jà a compro congelada, mas se compro viva ponho a cozer como tu.Quanto aos vinhos ès bastante entendido parabéns

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  4. Quando tenho a sorte de apanhar uma sapateira assim bem cheia e ovada, será, digamos, uma vez em cada três, a pasta singela é a minha eleita. É a grande preparação para sapateiras óptimas!
    Já com as outras duas, coitadas, têm de levar uma ajudita externa para engrossar as aguadilhas internas...
    Ah! as minhas morrem num instante, 3-4 segundos na aguinha fervente, pois claro, quais vinagres, qual congelação (essa da morte lentíssima pelo frio é bem cruel e mórbida, ai isso é... experimentem pôr um dedo um minuto no gelo e depois digam-me como deve ser morrer congelado, lol.

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