Passou-se um ano de trilogias às quartas e para bem comemorar o aniversário sem velas nem bolo, fazem-se os posts à quinta, neste dez de novembro. Numa semana de especiarias, a mando do Luís, eu e a Ana lá fomos atrás do tempero sem palermices como misturas de especiarias para salada ou qualquer hot-stuff e demais merdas que pululam na blolgosfera e que calma e paulatinamente destroem palatos menos cautelosos porque ignorantes, atrevidos e acríticos. Isto do tempero tem muito que se lhe diga e até a reputada cozinheira (deixemos de parte o ignominioso epíteto de chef) Justa Nobre se estendia ao comprido quando dizia (no masterchef) que a comida estava bem temperada. Bem temperado era o cravo do João Sebastião Bach...
E se de especiarias está o inverno cheio, há uma que sendo mistura cai que nem ginjas no tema da semana: o caril. E especificamente na forma como se liga com a carne branca do frango (ou franfo, em private joke mode on) contribói* para fazer um prato desconcertantemente simples mas sempre de belo efeito. Na verdade, desde que haja frango, há sempre caril, taliqual como quando há um novo ferrari, há sempre um porsche turbo para o reduzir à sua insignificância. Claro que na ligação caril/frango não há insignificâncias, já que os dois ligam muito bem e fazem aquela simbiose em que o todo é superior à soma das partes.
Apenas se precisa de um tacho, azeite, o tal franfo, uma cebola picada, caril em pó e um fogão para começar. Fundo de azeite no tacho, franfo a rebolar até selar, cebola adicionada juntamente com o pó de caril (como muito bem refere Henrique Sá Pessoa, no seu Ingrediente Secreto, as especiarias devem refogar para melhor libertar os seus óleos essênciais) e é deixar uns minutos em lume esperto, mexendo bem. Depois e dependendo da escola, junta-se qualquer coisa líquida (a Ana juntaria leite de côcô - another private joke - e eu juntaria vinho branco) e deixa-se estufar em lume brando até amaciar o franfo. Depois é servir, com o tonto arroz thai jasmin do frigorífico ou com agulha solto ou ainda com umas plenipotenciarias batatas fritas na frigideira. Para complemento, uma salada verde servida antes ou durante, mas não no prato, que isto de ensaladar o prato é só para o Luís mas apenas se for a acompanhar um empadão (e tem naturalmente seal of approval by garficopo).
Nos líquidos, tenho alguma dificuldade em afinfar um tinto neste prato. Um branco jovem e bem feito, mariada muito bem, taliqual este Kopke 2010, uma das melhores coisas que se pode comprar a € 3,99...
* paráfrase tonta a recordar Sérgio Godinho: "faço musica pró povo e tu povo retribóis, que me inspiras sustenidos e bemóis..." na genial canção onde se diz que esteve quase morto no deserto e com o porto ali tão perto e onde reencontrou a etelvina embuçada do conjunto do godinho e seus godões.
Ora aí está o exemplo perfeito da filha-de-putice que um texto assim glorioso pode fazer, sem o declarar, a um prato que devia ter estado tão bom mas que aqui se debate para aparecer, o leitor babado com a potência do texto e logo a esquecer que isto era para falar do frango e do caril e não do resto, mas aí vai, guloso, texto afora!
ResponderEliminarÉ desta fibra que se fazem os grandes blogs, mesmo quando não se atinge a blague da Rita Pereira e do "conde" nojento... !
Estavas em grande... soltaste a veia da escrita criativa!
ResponderEliminarConcordo a 100% com o Luís: o franfo devia estar fantástico com as suas gloriosas batatas fritas a acompanhar, mas o que já me fizeste rir com as private jokes não dá nem para contar...
Fiquei com uma duvida:
o conde é o franfo e a rita uma batatinha frita??? lololololol
Outra coisa: dou-te o leite de côcô, dou...
Beijinhos para ti.
Luís, a brincadeira do título teve apenas a ver com um misto de gozo que dará ver ainda mais gente aparecer aqui desamparada via google e a aparente impossibilidade de termos a rita pereira na cama a acolitar aquela criatura abjecta. Foi só isso e como vês, e blague nem existe...
ResponderEliminarAninhas, tu é que és a menina nas trilogias e percebeste as private jokes, naturalmente. Quanto ao conde ser franfo, não sei, como não sei se a rita pereira é uma batatinha frita. Terás que perguntar ao desaparecido bernardo bairrão :)
E foi com grande prazer que vi o primeiro ano disto... os máiores, nós :)