Mais uma quarta feira e mais uma trilogia, agora a 11ª, com a Ana e o Luís... O tema desta semana, proposto pelo Luís, foram as leguminosas. Havia uma infinidade de possibilidades para este tema e eu resolvi fazer um dos clássicos da "comida de tacho", os Callos con Garbanzos. Este é um prato que requer algum tempo de execução, mas é simples, muito simples de fazer...
Comprei uma mão de vitela, limpa, desossada e devidamente cortada ao meio no sentido longitudinal e tripas (dobrada) também já limpas (pança, folhos e favos) que levei a cozer em água com um pouco de sal. Levou cerca de duas horas a cozer (em panela "normal" já que numa panela de pressão o processo será mais rápido). Reservei o caldo da cozedura e cortei as tripas e a mão da vitela em pedaços.
Num tacho de fundo espesso, piquei cebola, juntei uns dentes de alho esmagados e um generoso fundo de azeite. Levei a lume médio, deixei a cebola alourar, juntei chouriço em rodelas, polpa de tomate, uma folha de louro, um pouco de pimentão doce e um pouco de vinho branco e deixei a estufar em lume muito brando cerca de meia hora. Depois juntei o grão de bico (que deveria ser demolhado e cozido, e foi, mas industrial, do de frasco, mas nestas coisas pode-se sempre aplicar a frase: olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço...), temperei com pimenta preta, dois cravinhos e cominhos moídos e deixei harmonizar sabores. Podia ter servido logo, mas depois de arrefecer guardei no frigorífico e aqueci no dia seguinte. Este é um daqueles pratos que é melhor quando aquecido...
Este prato Andaluz, apesar de ser de simples execução, é um dos melhores exemplos de confort-food que conheço. Mais rico que a mão de vaca com grão e mais pobre que as tripas cá do Burgo, encontrou um equilibrio quase perfeito entre a riqueza do caldo (quase gelatinoso, delicioso) e a simplicidade dos ingredientes. Para acompanhar este prato escolhi um vinho mais que consensual, o Vallado 2009, da Quinta do Vallado, que foi de Dona Antónia Adelaide Ferreira e que permanece na posse da família há seis gerações, com Francisco Ferreira na gestão da quinta e Francisco Olazabal (Quinta do Vale do Meão) na Enologia. Este é um vinho feito com Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e Sousão. Tem uns robustos 14,5º de álcool, concentrado na cor e fácil de beber e gostar. Fosse um pouco mais fresco e menos guloso e era um vinhão... Que dizer? É um dos clássicos do Douro e uma escolha mais que segura, ao preço (cerca de € 7,00).
Ora aqui está uma versão sensatamente simplificada mas essencialmente na linha dos famosos Callos a la Madrilena.
ResponderEliminarPara mim, infelizmente, só sobravam para comer os garbanzos, algum folhinho dos callos e uma rodelita de chorizo...
Mas lá que ficou com um aspeto invejável, isso ficou!
Transborda da tua narrativa o gozo que te deu esta preparação, enquanto que na foto se adivinha o prazer que deu comê-la.
ResponderEliminarAté eu, que não aprecio tripas, fico a olhar para aquele pedaço com ares de favo de mel...
Bonito, também, o molho...
E agora, ala, a caminho da 12ª... antes que se faça tarde!
Beijinhos.
Pronto... mais uma semana em que me rendi à trilogia.
ResponderEliminarComeçando pelo chili da Anna e a sopa espectacular do Luis, este prato de grão, ainda por cima com dobrada, que é coisa que eu só como de anos a anos, deixou-me maravilhada.
Uma vez mais tenho que dar os parabéns à vossa iniciativa e só é pena que eu não esteja perto de vós para provar essas iguarias.
AI........ Aquele molho!!!!
ResponderEliminarDeve ter ficado divinal!!!