sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Bacalhau à Lagareiro | Julian Reynolds Branco 2007

Na sequência da última trilogia, a do bacalhau, dei por mim a pensar na proposta da Ana. Na verdade, estas trilogias, com a Ana e o Luís constituem, para mim, belos momentos de criatividade e de afirmação do sentido do gosto. Dos nossos gostos e da forma como gostamos de cozinhar, passe o pleonasmo. Como contraponto à minha singela sopa de bacalhau, a Ana resgatou o Bacalhau à Lagareiro, citado na CTP de MLM e o Luís fez o Bacalhau à Conde da Guarda, do Mestre João Ribeiro. Do belo bacalhau com natas aka à Conde da Guarda apenas retive a urgente necessidade de completar a receita e ter a coragem de a ensaiar em breve e do à lagareiro, acabei por o fazer.

Não será uma receita canónica da nossa tradição (digo eu sem saber), já que é pouco vulgar a utilização do pão ralado no nosso receituário tradicional, mas aquela "capa" de ovo e pão ralado sobre o bacalhau demolhado em leite, deixaram o bacalhau com uma textura e sabor únicos. Por mim, fiquei fã...

Começa por se demolhar o bacalhau. Depois, corta-se o lombo em pedaços mais ou menos quadrados e deixa-se a marinar em leite temperado com alho, pimenta e sumo de limão durante umas duas horas. Depois passa-se por ovo batido e por pão ralado. Pré-aquece-se o forno a 200º C e deita-se um fundo de azeite num tabuleiro de barro. Junta-se um pouco do leite onde o bacalhau marinou, o bacalhau e uma noz de manteiga por cima dos pedaços do bacalhau. Leva-se ao forno e vai-se regando com o molho. Quando estiver loiro (ao fim de 15 a 20 minutos) retira-se e serve-se.    




Optei por cometer o sacrilégio de servir o bacalhau com batatas fritas (pré-fritas, de pacote) e nem me arrependi. E como já referi, fiquei fã desta preparação de Entre Douro e Minho e cujo nome a tanta confusão se presta, sendo usualmente chamado de lagareiro o bacalhau grelhado na brasa que depois é lascado, temperado com azeite e alho e acompanhado de batatas a murro.


O vinho escolhido para acompanhar este prato foi o Julian Reynolds branco de 2007. Um branco do Alentejo, feito de Arinto a que o clima confere algum peso, mas nada de preocupante. Boa acidez e alguma frescura, mesmo ao fim do tempo que leva de garrafa, está em boa forma. Gostei do vinho e do sentido gastronómico que mostrou a acompanhar este prato.

5 comentários:

  1. Bom de verdade, não é?
    Também achei...não me restam dúvidas sobre a riqueza de partilha das nossas trilogias das quartas feiras.
    Agradável também ter contribuído 1 mm para te inspirar nesta maravilha da CTP...
    Beijinhos.

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  2. Quero seguir o seu Blog mas não estou achando o link. Como devo proceder? Parabéns pelos posts.

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  3. Da bondade do bacalhau à Lagareiro e da sua primorosa execução, claro que está tudo dito.
    Já em relação as batatitas pálapála e principalmente ao não explicado "não-arrependimento", claro que deixou uma quase perplexidade...

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  4. bem esta excelente e com batatinhas hehe
    dias nao sao dias
    beijinhos

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  5. A expressão lagareiro designa um indivíduo que trabalha num lagar, na produção de azeite. É utilizada neste contexto devido à quantidade abundante de azeite que é usada para regar o prato preparado, o mesmo acontece com o bacalhau à lagareiro. Existem varias versões tanto do polvo como do bacalhau, mas o mais verdadeiro e o de ser grelhado e depois regado com azeite quente e alhos laminados.

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