Gitana, que tú serás
Como la falsa monea,
Que de mano en mano va,
Y ninguno se la quea.
Como la falsa monea,
Que de mano en mano va,
Y ninguno se la quea.
Terminados que foram cinco ciclos desta Trilogia com a Ana e o Luís, foi a Ana a propôr o tema de arranque para o 6º ciclo e respectiva 16ª Trilogia deste nosso contentamento. E a Ana sugeriu Batata Doce, assim, sem mais...
A batata doce não é um ingrediente muito comum na nossa cozinha. Tirando a presença em alguns pratos da Madeira, é quase uma ilustre desconhecida das nossas preparações, apesar da batata doce de Alzejur ser muito bem considerada. Claro que há muitas formas de a preparar e nem sempre como mera substituta da batata Inglesa. Acredito que qualquer chef de cozinha se sentiria como um peixe na água a criar receitas com batata doce, mas como não sou chef, acabei por me limitar a usar esta batata num prato banal, mas que a faria brilhar. É uma proposta muito pouco ousada e por isso meti no cimo um extrato dum poema de Ramon Perelló e S. Cantabrana que, musicado por Juan Mostazo, deu uma bela canção da Concha Buika. La falsa moneda parece caír que nem ginjas na (falsa) batata doce. Não é um ingrediente que me tenha dado especial prazer usar na cozinha, não porque não goste, mas porque não há muitas hipóteses de criar uma preparação para a batata brilhar. Foi uma batata quente que a Ana atirou...
Na quase impossibilidade de criar algo de espantoso*, remeti-me à sempre relativa segurança de harmonizar batata doce com um big frango, daqueles de capoeira. Cortei o frango em pedaços e levei-o a alourar em banha de porco. Deixei que a gordura do frango aromatizasse a banha, reservei o frango e retirei os detritos que se formaram na fritura. Piquei uma cebola, deixei-a alourar, juntei alho esmagado e tomate e deixei refogar em lume esperto. Depois, juntei o frango, uma folha de louro, pimenta preta, um pouco de malagueta e vinho branco a cobrir o frango. Deixei em lume muito baixo cerca de uma hora e meia, até o frango estar macio. Juntei cenoura em rodelas, a batata doce devidamente descascada e cortada em pedaços e ervilhas. Mantive o lume em low-profile até os legumes estufarem e ficarem macios. Servi assim, sem mais.
Para acompanhar este estufado/guisado, escolhi um vinho que já andava para provar há algum tempo, o Kopke Reserva 2008. "Cacau, tosta, fruta preta, muita tensão, complexidade. Poderoso na boca, perfil austero e muito sério, conjunto com garra, saboroso, longo". Esta foi a apreciação do painel da RV. Foi notado com 17 pontos e um selo de boa compra. E tem cacau, tem fruta, apesar do estágio de 14 meses em pipas de 525 litros, a madeira não incomoda nada. É sem dúvida, um vinho a provar. Nesta "Feira" de queijos, enchidos e vinhos" do Jumbo, está a € 9,49. É de aproveitar. Belo vinho.
* Citando Woddy Allen, aquele que ama a sabedoria é um virtuoso, mas aquele que tem relações com uma ave é espantoso.
Que melhor maneira se pode arranjar para fazer a batata-doce brilhar, que este acompanhar de um belo frango de campo?
ResponderEliminarBela contribuição para mais uma Trilogia bem conseguida.
Como sempre fizeste os TPC todos e com afinco...
ResponderEliminarAcho que o encanto destas trilogias tanto passa pela integração segura, como pela inovação arrojada.
E os teus frangos do campo são sempre qualquer coisa de muito bom para estares tão modesto...
Beijinhos.