quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Quinta das Bágeiras Garrafeira Tinto 2005





Não há regiões assim, não há produtores assim e também não há vinhos assim...

Claro que o que disse acima é um disparate. Na Bairrada há Baga e há muita gente a fazer vinhos de excelência. Brancos e tintos.

O enfant terrible da Bairrada, aka Mário Sérgio Alves Nuno, faz brancos e espumantes de sonho e desde 1991 faz Garrafeira Tinto. Este 2005 em magnum foi dos melhores vinhos que já bebi. A Baga em grande forma, amparada pela Touriga Nacional deram forma e corpo a um vinho extraordinário, daqueles que eu gostava de ter mais. Para partilhar. Não se abre uma garrafa assim à toa; é preciso ter companhia à altura e boa comida na mesa. Denso, tenso e intenso, pede meças a vinhos muito mais caros, venham de onde se quiser. 

Uma pérola da Bairrada, uma homenagem à Baga e à TN e um dos melhores Garrafeira Tinto saído das Bágeiras. 1991 foi mítico, 1994 e 1995 deslumbraram e mostraram que nas Bágeiras não se fazem apenas grandes brancos e espumantes. Deixo aqui um relato dum almoço fantástico e uma prova que não se esquece...

Provas #16





Uma expressão que me irrita solenemente é a seguinte:
É verde ou maduro?

Sobre isso já muito se falou e não, não há vinhos verdes, há apenas belos vinhos feitos na região dos vinhos verdes. O nosso Tugal pode não ter os melhores brancos do mundo, mas tem brancos baratos e muito bons. O Prova Régia (não sei se é o espelho de Bucelas nem me interessa) é sempre fixe. Beba-se em novo ou guarde-se uns anos e não desilude.

De Baião, ali quase no cú do Douro, onde o Avesso é rei, temos a Quinta da Covela e os seus belos vinhos. O Campo Novo de 1998 está numa bela forma (sim, é um verde com 20 anos) e os mais recentes (de 2014 e 2015) ficam muito bem na mesa. É afinfar-lhes com boa comida ou uma boa conversa e eles brilham.

O Dão reserva sempre boas surpresas e um Grão Vasco de 2002 (sim, tem quase 16 anos e era muito barato) dá um grande momento de prova. Simples e directo, bebe-se muito bem.

Continuando, o belo Pequenos Rebentos Alvarinho 2017, um vinho imperdível, de puta madre, ou um tubarão. Há Alvarinhos melhores? Claro, mas este é muito bom. O Márcio Lopes não brinca e este 2017 devia ser presença obrigatória na porta do frigorífico de qualquer enófilo que se preze (é pena ser pouco).

Para acabar, um bolhas rosado do Celso Pereira. Vértice Rosé, bom, bom, bom... 

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

MEC, a Imprensa e o Luís Pontes



No grande universo do disparate temos muita (demasiada) gente a falar de comida, seja em restaurantes, seja em casa, seja em programas de televisão. 

E temos gente a falar de vinhos (cada vez mais).

Entre chefs desconstrutivistas que não sabem cozer uma batata mas que apresentam uma posta mirandesa numa versão light com um peito de perú em cama de quinoa e farpas de mini legumelos em vinagre balasamico do tinente e um ar de qualquer coisa e grandes provadores que andam todos os dias a pedinchar vinho, é todo um mundo.

Isto a propósito da crónica do MEC onde é que elogiou* o blog do Luís Pontes, ou os dois, o Comidas Caseiras e o Outras Comidas que são blogs de referência. Mas apenas para quem gosta de cozinhar e não embarca na parvoeira. O Luís escreve bem e gosta de cozinhar. 

Foi um privilégio ter tido um projeto com ele e com a Ana Gomes a que chamámos Trilogias

Foram semanas e semanas de partilhas, de pratos e de puro gozo. 

Eu fui sempre um wild boy, a Ana sempre certinha e o Luís a deslumbrar com o empenho e tempo que dedicou a esta "brincadeira" que nos deu muito gosto e algum prazer.

Deixo aqui um abraço ao Luís e à Ana por terem tido a disponibilidade para abraçar este projeto e ao MEC um voto de que seja mais contido e informado antes de falar/escrever.

* (expressão do Porto, c*r*lho)