Quase a comemorar uma década a fazer vinhos de mesa na Quinta do Infantado (embora os fortificados se produzam desde 1816, tendo sido mesmo o primeiro Produtor/Engarrafador de Vinho do Porto, como dei melhor nota aqui) e depois de ter lançado em definitivo o Vinha do Infante como uma das boas escolhas abaixo dos 4 Euros, o Quinta do Infantado Colheita como um dos melhores vinhos abaixo de 10 Euros e o Quinta do Infantado Reserva como um dos vinhos grandes do Douro (e terei que me redimir da apreciação menos positiva e relativa ao preço, que referi aqui ser de € 36,00. A boa notícia é que na Garrafeira Augusto, no Passeio Alegre da Foz do Douro está a € 21,00, o que é uma bela notícia), João Roseira dá o seu nome a um vinho, o Roseira 2008. O conjunto rótulo/garrafa não será entusiasmante (muito menos apelativo que os que ostentam o nome da quinta, mas até se percebe a atitude low-profile, embora low-profile não tenha forçosamente que se confundir com imagem-pouco-apelativa-na-prateleira) mas o que está lá dentro é algo de muito especial.
Situado um pouco acima do Quinta do Infantado Colheita em termos de preço (a rondar os 11 Euros), é um vinho feito com uvas da quinta e que estagiou uns 9 meses em inox antes de descansar um ano em carvalho e ser engarrafado, a 16 de junho de 2010. Encheram-se 4.707 garrafas normais (todas numeradas, a minha era a 2.510) e 181 magnuns.
É um tinto escuro e retinto mas não opaco. Foi refrigerado e decantado e ao fim de cerca de meia hora, servido ainda a uns 14º C denotava aromas de fruta vermelha madura no ponto, a madeira controlada a paquímetro, largo e envolvente na boca, mas a fazer lembrar o colheita 2008 da Quinta do Infantado. Precisou de mais algum tempo para se mostrar em pleno. Começou pela elegância da tosta a demonstrar que o estágio em inox antes da passagem pelas barricas (parcialmente novas?) é uma receita de sucesso, pelo crescer da finura da fruta a que se juntou algum chocolate. Elegante, com um corpo de sonho e algo especiado, ao mesmo tempo que transpira a dureza e alguma rusticidade do Douro de Gontelho, é um vinho fantástico, ao preço.
Mesmo com a temperatura a passar os recomendados 17º C, o vinho não se descompõe, apesar de ter 13,5º de álcool. É um daqueles vinhos que merece decanter e apesar que de ser algo tolerante com a temperatura de serviço, agradece bons copos. O vinho está lá e é um grande vinho que não merece nada que a sua prova seja prejudicada por pormenores como a ausência de decantação, má temperatura de serviço ou maus copos.
Sem comentários:
Enviar um comentário