terça-feira, 26 de outubro de 2010

Confitado Caseirinho de Bacalhau, Pimento, Batata e Cebola | Morgado de Santa Catherina Reserva 2008

Usei o termo confitado no título do post, apenas porque me apeteceu e não por qualquer pretensão a fazer haute-couture/high dressmaking (sorry, cuisine), com toda a maquinaria e glamour que isso envolve e que não possuo; daí o termo caseirinho... Claro que os pescadores do google vão aumentar o tráfego diário do blogue à pala de palavras como gourmet e quejandos, embora me pareça que se metesse delícias do mar ou panga  ou bimby ou actifry  ou caldos, isto (o blolgue) era capaz de ter maior visibilidade (ainda bem que não tem, mas apenas na exacta medida em que a popularidade se adquire quando se baixa a qualidade do produto oferecido).    

Foi tudo feito no forno, com bacalhau do supermercado, batatas novas que cresceram na terra e pimentos que cresceram um pouco acima (quer os pimentos, quer as batatas, estão muito acima dos produtos de agricultura biológica, que é um termo que abomino... é quase tão palerma como chamar gastronómico a um vinho) e échalotes também do supermercado. O azeite é artesanal e produzido por um amigo (excelente, sem notas de amêndoa nem de maçã e muito menos de ranço) e os alhos, a pimenta e o pimentão doce a virem mais uma vez do supermercado, bem como o sal marinho Marnoto.

Tabuleiro de barro a postos, forno a pré aquecer a 140º C e vá de lavar as batatas novas. Espalham-se pelo tabuleiro, junta-se o lombo do bacalhau prévia e devidamente demolhado (o Cristóvão vinha com outro lombo, mas sempre se disse que lá vem o cristóvão c' o lombo), as cebolas aka échalotes, o pimento em generosas tiras, o alho esmagado, os temperos (e sem caldos, que isso é para outras cozinhas mais enformadas) e no fim, o belo do azeite e vá de harmonizar, mais que confitar, que isso é só para quem confita, embora no confitar é que está o anho. Fui regando tudo com o azeite (que ficou perfumado e colorido qb, a mais não era obrigado).

No final, uma bela preparação de bacalhau, sem pirotecnias, apenas confortante, como se gosta nesta quadra.           


E para produto de meia-estação, um clássico Arinto de Bucelas, o Morgado de Santa Catherina Reserva, cujo estilo se tem mantido pouco alterado ao longo dos anos. As maiores mudanças serão mesmo no formato da garrafa, que foi engordando e no rótulo, que foi afinando o estilo, dando ar de coisa boa e sólida ao vinho. E é.


4 comentários:

  1. Caseirinho ou "caseirão" esse confitado ou-não (agora dei em poeta popular oh!não!), parece ter ficado coisa bem agradável com esse azeite que tem andado aí pelo blog a despertar invejas e que eu não acredito que não tenha aromas; é que isto há quem descubra autênticas "frutarias" e até compotas(?!) nos vinhos , (onde eu não deslindo nada), porque tem o palato treinado, e outros, com mais treino a provar cálices de azeite, descobrem-lhe as frutas que, normalmente, não passam da azeitona e de noz ou amêndoa, sendo os outros delírios, pura fantasia.
    Agora uma nota para a inclusão do Pangasius hypophthalmus junto com as bimbis, caldos, delícias e outras aberrações, que me parece bastante injusta.
    O peixe-gato do Vietnam, a despeito das campanhas maciças de maledicência a que tem sido sujeito na Net e pela vox populi, é um elemento de valor gastronómico não desprezível, muito delicado no prato e no palato e sem os alegados problemas químicos de que é acusado. Veja-se:

    http://www.deco.proteste.pt/seguranca-alimentar/peixe-panga-sem-quimicos-s577061.htm

    ResponderEliminar
  2. Luís, o confitado ou-não foi apenas pq me apeteceu brincar um bocado com alguns termos usados na cozinha, sem nenhum sentido que não tenha sido o de um divertimento puro e simples.
    O azeite, eu tenho que dizer bem, pq é bem feito, embora não seja deslumbrante. É bom, gosto muito, mas não passa disso.
    Já a alusão ao panga, não foi, naturalmente, inocente. Concordo quando referes as campanhas de desinformação, mas custa-me que um dos peixes mais baratos do mercado, saboroso e sem espinhas e tal nos seja imposto, assim, juntamente com as percas do Nilo e toda a brigada do aviário que nos obrigam a comer, já que o bom peixe, pescado no mar é raro, caro e quase não se encontra na maior parte do circuito de distribuição...

    ResponderEliminar
  3. Por aqui, o bacalhau é sempre tratado como rei e não como navegador...
    Quiseste brincar com as palavras e tiveste sucesso, porque conseguiste por-me a pensar, com este texto irónico e divertido: confitaste no forno? a 140ºC? e puseste todos ao mesmo tempo? e as batatas ficaram assadas enquanto o bacalhau se manteve altivo e soberano no seu posto?
    Demasiadas perguntas, não é? lol...
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  4. Ana, o termo confitado, não se pode usar, aqui, duma forma séria. Apesar do meu forno ser fiável em termos de temperatura, os 140º remetem de imediato para um assado. Conseguir algo próximo dum confitado, só recorrendo a banhos de azeite no bacalhau (obrigando a abrir o forno e baixar, naturalmente, a temperatura).

    Efectivamente, mandei tudo ao mesmo tempo para o forno. As batatas ficaram assadas porque eram batatas a sério e com espírito de missão, não das mercenárias do supermercado :)

    Já agora, remato assim: em rigor, confitado, só mesmo o pimento que esteve sempre quase imerso em azeite.

    E não são muitas perguntas nem difícil a resposta.

    beijinhos.

    ResponderEliminar