quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quinta da Fata Clássico 2006

Actualmente, falar do Dão é falar duma região pouco valorizada em termos de reconhecimento dos seus vinhos. O Carrocel de Álvaro de Castro ou o Único da Quinta dos Carvalhais não terão a projecção do Barca Velha ou do Pêra Manca, mas são indubitavelmente dos melhores vinhos portugueses. Nas grandes superfícies, imperam os vinhos da Dão Sul e de Carlos Lucas (Quinta de Cabriz, Casa de Santar) e da Sogrape e de Manuel Vieira (Duque de Viseu e Quinta dos Carvalhais) a que se juntam alguns produtores, como Vinha Paz ou Álvaro de Castro. E pouco mais. Para se conhecerem os vinhos do Dão é imperioso ir lá. Quase obrigatória é a passagem por Nelas, na feira que se realiza todos os anos em Agosto e onde se podem provar e comprar os vinhos de Peter Eckert (Quinta das Marias), João Paulo Gouveia (Pedra Cancela), José Perdigão (Quinta do Perdigão) ou Luís Lourenço (Quinta dos Roques e das Maias) e outros que dificilmente se encontram no mercado "normal" e que são, na maioria dos casos, vinhos que expressam o terroir do Dão de uma forma mais pura/tradicional e que resistem aos (ainda) apelos da sobreextracção, dos excessos da madeira, da fruta fácil e das compotas.

É o caso dos vinhos da Quinta da Fata, de Eurico Amaral. O Quinta da Fata clássico 2006 é feito com uvas provenientes de encostas expostas a sul, com predominância de Touriga Nacional e com Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen e Trincadeira a compor o lote. Fermentado em lagar, estagia um ano em barricas de carvalho francês. Foram produzidas 9.000 garrafas numeradas (a minha era a 2.580) que estão disponíveis no Intermarché a € 5,49.    


Vinho de cor ruby não muito carregada. Nota-se o lado floral da touriga amparado por notas de frutos vermelhos. Na boca é puro veludo com taninos finos e macios. A madeira aparece apenas qb, sem se impor. Algo terroso, não é um vinho daqueles que se cheiram, provam e ganham concursos. É um vinho que pede tempo e alguma atenção e sobretudo, comida, a velha e boa comida tradicional da Beira Alta. É elegante e aprumado à mesa e tem boa aptidão gastronómica. Está num excelente ponto de consumo, mas creio que não virará as costas a mais uns anos de guarda. Recomenda-se algum cuidado na decantação, já que o vinho tem (naturalmente) algum depósito. Por este preço temos um Dão Clássico que vale a pena conhecer.  

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