sexta-feira, 10 de julho de 2015

Quinta das Bágeiras Garrafeira 2009




 
Vinho de vinhas velhas de Baga feito à moda antiga, este é capaz de ser, para mim, o melhor Garrafeira tinto feito pelo Mário Sérgio Alves Nuno. Depois do 2005, impressionante e com Touriga Nacional, nesta edição da colheita de 2009 (tal como nas anteriores, desde 1991) vem puro e duro, sem tempero do tourigo. Elegância e concentração, complexidade, definem um vinho que se começou a fazer há quase seis anos e que está novo e pujante, a denotar que vai viver uns bons anos na cave, mas que já se bebe com muito prazer. É um dos melhores vinhos tintos da Bairrada e pronto.
 
 Esta era a número 6.544 das 8.676 que se engarrafaram.

 
Caiu que nem ginjas a acompanhar um velho galo de capoeira feito como os frangos da púcara da Estremadura, com um puré de batata e uma salada de tomate e pepino a acompanhar. Podia ter acompanhado um cabrito ou um bom naco de vitela no forno, mas preferi o galináceo. Bela maridagem :)
 

domingo, 5 de julho de 2015

Tons de Duorum Branco 2014





No Douro Superior, ali entre Vila Nova de Foz Côa e Almendra, temos Castelo Melhor e o terroir de João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco. Uma parceria que começou oficialmente em 2007 e que tem vindo a dar (ainda) mais visibilidade a esta região. Tintos e Portos de excelência e apenas um branco, este em Tons de Duorum. Nas primeiras colheitas aparecia muito marcado pelo Moscatel, mas desde a colheita de 2013 está mais composto e este 2014 é um vinho que se bebe bem assim, sem mais nada, mas melhor com comidas de verão. Umas das boas escolhas no panorama dos brancos abaixo dos quatro euros. Ficha técnica aqui.
 
 
(vinho oferecido pelo produtor)

Quinta das Bágeiras Tinto Reserva 2011



 
Mário Sérgio Alves Nuno tem um percurso invejável como winemaker ou vigneron. Coleciona prémios pela excelência dos seus vinhos e apesar de os fazer à moda antiga, é um Enfant Terrible na Bairrada e um dos produtores portugueses de topo.
 
Faz vinhos brancos de sonho, espumantes que só devem ser bebidos por quem sabe e gosta de espumantes a sério (Brutos Naturais, sem adição de açúcar) e tintos cheios de personalidade.
 
Em 2011 fez um dos seus melhores reserva tinto, com Baga e Touriga Nacional. Bela ligação das castas que deram um vinho que já se bebe muito bem, embora melhore em cave; carregado na cor sem ser opaco, aparece com notas vegetais e alguma flor da touriga, com taninos domados, muita elegância e alguma secura que pede que se beba mais um copo. Com um PVP a rondar os oito euros, é uma excelente escolha. Aguenta muitos bons pratos, desde uma bacalhauzada no forno a nadar em azeite ou um belo bife de vitela maronesa com que o acolitei.

 
 
 

sábado, 4 de julho de 2015

Duas Quintas Branco 2014 | Massada de Peixes




 
Este Duas Quintas é feito com uvas da Quinta da Ervamoira e da dos Bons Ares, da Ramos Pinto.
 
Confesso que sempre achei muita piada (no bom sentido) aos vinhos feitos na Quinta dos Bons Ares, pelas suas características diferenciadoras: identidade e longevidade e não tenho provado os Duas Quintas.
 
Claro que o Duas Quintas Reserva Tinto é um ícone do Douro e um dos melhores ao preço (cerca de vinte e cinco euros), mas este 2014 branco colheita que em boa hora foi elogiado pelo José Silva no Facebook levou-me a comprar uma garrafa para provar.
Muito jovem, precisa de arejar (no decanter ou no copo) antes de se mostrar. Parte do lote estagiou em madeira, sem comprometer o vinho que aparece complexo no nariz, com um belo bouquet que vai melhorar com o tempo, fresco, mas com estrutura, algo untuoso, pede boa comida no prato, embora possa ser uma boa surpresa a acompanhar queijo da Serra da Estrela ou enchidos de entrada.   

 
Apresentei o vinho a uma massada de peixes vários da nossa costa: Safio, Ruivo, mais um ou dois que não identifiquei, Pata Roxa e Raia.
 
Massada feita a preceito, excelente acompanhamento para este vinho que se bebe com muito prazer, mas que precisa de mais uns anitos para dar o melhor de si (dele). É comprar uma caixita e ir abrindo uma garrafa por ano para ver como ele cresce. Belo vinho, com um PVP recomendado a rondar os dez euros, vale muito a pena.
 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

João Portugal Ramos Loureiro 2014, Açorda de Bacalhau e Legumes e Azeite Oliveira Ramos




 
Este é o segundo Loureiro do Eng. João Portugal Ramos. Este 2014 está muito equilibrado, fiel à casta, fresco, muito fresco, bebe-se muito bem a solo, mas gosta de comidinhas de verão. Muito porreiro para ser servido num almoço ou jantar como welcome drink, acompanha bem entradas variadas ou o prato que fiz para o provar, uma açorda de bacalhau e legumes com que o mariadei. Com um preço recomendado abaixo dos quatro euros, é uma escolha mais que segura.
 
 
 
Couve branca e cenoura a cozer num tacho, uma posta de bacalhau a escalfar noutro.
Quando o bacalhau estava no ponto de separar a carne das peles e espinhas, retirei-o do tacho, reservei a "carne" e deitei as peles e espinhas no tacho onde cozeu e deixei concentrar os sabores da agua da cozedura do bacalhau durante mais cerca de vinte minutos, tempo para os legumes cozerem. Escorri os legumes e reservei.
 
Coei o caldo do bacalhau para uma taça e juntei pão (aqui é a gosto, entre o veludo duma carcaça ou molete, como se diz aqui no Porto ou pão alentejano com um ou dois dias) e fui processando o pão com um garfo até ficar tudo envolvido.
 
Deitei um fundo de bom azeite num tacho de fundo grosso, adicionei um dente de alho bem picado e deixei o alho aromatizar o azeite; juntei então o pão e o caldo onde o deixei, temperei com pimenta preta e deixei levantar branda fervura, mexendo sempre com a colher de pau. Quando a mistura se apresentava homogénea, juntei os legumes, envolvi tudo e juntei o bacalhau.
 
Já no prato, juntei umas azeitonas pretas e um generoso fio (uma corda) do azeite Oliveira Ramos 2014 Premium (sem data de colheita no rótulo, naturalmente). Feito em Estremoz com azeitonas das variedades Cobrançosa e Picual colhidas e processadas segundo os melhores métodos, veio dar uma graça extra ao prato, com as notas vegetais aliadas às de frutos secos e algum picante. Deixo a ficha técnica... Um belo azeite :)
 
 
 (vinho e azeite enviados pelo produtor)