domingo, 13 de março de 2011

Adega de Vila Real Grande Reserva 2009

Os vinhos que ganham concursos ou prémios conseguem mexer, embora de forma diferente, com as pessoas. Para o Produtor é naturalmente uma honra e em algumas situações, uma bela oportunidade para aumentar os preços (lembro-me do Syrah 2005 da Casa Ermelinda de Freitas, que passou dos oito aos cem Euros mais rapidamente que um McLaren F1 dos 0 aos 100 Km/h). Para a imprensa generalista é um "pratinho" e sabendo-se da falta de rigor da maioria dos jornalistas, o vinho é prontamente apelidado de "O melhor do Mundo". Para o consumidor "normal" é uma bela oportunidade para parecer informado e nada como ir a correr comprar uma caixa para dizer aos amigos que tem o melhor vinho do mundo, embora só beba Esteva e Monte Velho (e umas garrafas de Muralhas no verão). Para a maioria dos enófilos é uma oportunidade para dizer mal dos críticos e já agora, do vinho. Só vantagens, portanto. Depois do Syrah 2005 da Casa Ermelinda de Freitas, foi a vez do Adega de Vila Real Grande Reserva branco 2007. O melhor branco do mundo é Português, dizia-se há dois anos atrás. Não sei se foi por ser um vinho branco, mas na verdade teve direito a tudo o que referi acima, à excepção do aproveitamento do mercado. Na altura lembro-me que não era muito difícil de arranjar e ao preço "normal" que rondaria os oito Euros. Como não embarco nessa onda de querer à força provar os "melhores vinhos do mundo", na altura nem o provei. Provei agora o seu irmão mais novo que estava, alheio a esta história dos concursos, a descansar calmamente na prateleira de um hiper. E a € 6,49. Tudo normal, portanto. Do 2007 ouvi dizer de tudo. Que era uma porcaria, fácil e redondo, feito para vencer concursos e que era uma desilusão à mesa. Também ouvi dizer que era bom, muito bom, melhor até que alguns vinhos de € 25,00 que andam por aí no mercado. Como disse, não provei o 2007, mas este 2009, que é bem capaz de ter o mesmo perfil, agradou e muito. Viosinho, Malvasia Fina e Fernão Pires, estágio (parcial?) em madeira, equilibrio, frescura e elegância. Se continua uma porcaria? Acho que não, pelo menos, este 2009. Se é melhor que alguns que custam € 25,00? Não sei, mas por € 6,49, tem uma RQP invejável.  


Um belo vinho que se portou muito bem à mesa a acompanhar um bacalhau de caldeirada.


3 comentários:

  1. Acho incrível escreveres um big texto sobre um vinho e nem um parágrafo sobre a caldeirada de bacalhau... é um jogo, para adivinharmos a partir da foto? Eu acho que consigo...
    Beijinhos.

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  2. Ana

    Como a receita não é novidade, nem falei, mas está aqui:

    http://garficopo.blogspot.com/2010/09/volta-da-caldeirada-e-do-hobby-branco.html

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  3. Bom, este belo post abriu-me o apetite para provar este Grande reserva 2009.
    Fui dos que comprei duas botelhas do GR 2007 (a preço normal) e não me arrependi nada.
    É um bom vinho com uma excelente RQP.
    Mais uma vez a prova de que as cooperativas também produzem vinhos de qualidade!

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